Momentos de Poesia – 1

“ O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem carácter, dos sem ética…

O que me preocupa é o silêncio dos bons ! “

(Dr. Martin Luther King)

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E eu lembro que é mister dos poetas dar voz aos que não a têm. Que não nos caiba jamais essa omissão. E que a mão não nos vacile, ao cerrarmos o punho justiceiro em torno da pena,  pela justa e tanta indignação que nos assola o espírito.

Estes de que hoje vos venho falar são só alguns desses tantos injustiçados pela sociedade.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 

O FRAGOR DOS “SEUS” SILÊNCIOS

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Aqueles a quem a morte mais reclama

Porque muitos invernos já viveram,

Os que da vida a chama já perderam

E têm por incertos pão e cama;

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Essas árvores que os ventos não vergaram

Pra confortar a prole da sua rama,

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Que hoje – ao abrigo – lhes ignora o drama

E que despreza o bem que eles fizeram;

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São os credores maiores da sociedade

Desta que os omite e os maltrata

Votando-os à aviltante indignidade.

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E enquanto a miséria os desbarata

E os esmaga com tanta iniquidade

O abandono plos seus é que mais mata!

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Sou um povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme.

D’ El-rei D. João Segundo !» 

 

( in: “O Mostrengo”, poema de de Fernando Pessoa )

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O CAPITÃO-GEHERAL

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Nesta tormenta vos peço: Mar, tomai dos ares

Forças antigas dos mártires, dos heróis…

As que dão voz aos credos milenares

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Que tinto é o céu da força que destrói

Que bravo e fero o vento ruge sibilante

Entanto a morte espreita, e em si remói

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Cavam-se as fundas ondas cada instante

Que ora aos abismos, ora aos céus eleva,

Ante o sopro do demo, a proa errante

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Perante o real pavor, o coração releva

Que a fé que nele habita é firme e forte

Quanto a visão que tem pra lá da treva

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E enquanto a Deus entrego a minha sorte

Passam por mim memórias derradeiras

As que (pias) precedem o bafo da morte

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Mas, por prodígio, tornam-se ordeiras

As fundas ondas e os ventos sublevados

Sacras se fazem as preces milagreiras!

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