Mais uns momentos precisos de mexer com os nossos sentimentos.
Poema
“O Sentimento dum Ocidental”
Autor: Cesário Verde
Primeira quadra:
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Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
Glosa da primeira quadra
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Nas nossas ruas ao entardecer
C’ o sol a esconder-se entre as colinas
Todos procuram seguir suas rotinas
Mas o cansaço já não os faz correr.
Já não há gás, mas mesmo à luz maior
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que a gente se entristece e angustia
E até as verdes áleas perdem o verdor.
Mas na cidade baixa ainda há movimento
– Embora sem pregões como antes os havia –
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Sempre induzem no povo algum perdido alento.
Passando ao Carmo, miram-se essas ruínas
Que assistiram aos ecos d’uma revolução
Mas só resta uma imagem dessa recordação;
As varandas ornadas de boninas!