Mais momentos de poesia.
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À CRIANÇA QUE FUI
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Pela inocĂŞncia perdida e insuprĂvel,
Pela espontaneidade irreprimĂvel,
Pelo encanto da sĂşbita expressĂŁo,
Pelo gesto solidário inesperado,
Hoje choro esse eu, desfeiteado
 Pelo perturbado dom do coração!
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À criança que fui peço perdão
por tudo o que depois se passou.
Eugénio de Sá
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Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida
Ă© quando os homens tĂŞm medo da luz.
(PlatĂŁo)
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A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ver quem sou. Mas hoje, vendo que o
que sou Ă© nada, quero ir buscar quem fui onde ficou.
(Fernando Pessoa)
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Tentei nĂŁo fazer nada na vida
Que envergonhasse a criança que fui.
(José Saramago)
NESTE RUIR DE VIDA O HOMEM CHORA
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Neste ruir de vida o homem chora
Meio perplexo, crendo estar sonhando
Vendo cada castelo desmoronando
Construções que não contam mais agora.
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Cada conflito cresce, inexorável
Por todas as partidas deste mundo
E o sofrimento impera mais profundo
Cada dia mais triste e deplorável.
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E os que a pátria querem defender
Combatem bravamente sem temer
Negando ao invasor a opressĂŁo.
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Enquanto os povos tremem d’aflição
Ao ver cair cada ser, cada irmĂŁo
Sem atinar sequer c’o que fazer.
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PENSAMENTO
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Eu bem queria ser bonança
nas palavras maduras que vos trago,
e afecto à s vossas almas
que faço por tocar c’a minha essência.
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A ARTE DE VIVER
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Das mais ideias que Ă palavra afloram
Quando se quer da vida fazer arte
Há uma, em si mesma um baluarte
Que tira humanidade aos que a ignoram.
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Sabe o autor desta inspiração
Que a vida duas vezes nĂŁo se vive
E que tenhamos conta que esta lide
Há que enfrentá-la com são coração.
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Fraternidade Ă© pois a mĂłr palavra
Que tudo vale e tudo significa
Pra quem do amor assume a sua lavra,
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E da Arte de Viver faz cousa rica
Ao ver em cada porta que se abra
Mais um irmĂŁo que entra e que fica
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DOLOROSA INTIMIDADE
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Quem nĂŁo se tenta perante o magnetismo
De um encontro com a sua solidĂŁo?
Quem pode resistir à tentação
De desvendar o seu próprio hermetismo?
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Passamos toda a vida a distrair-nos
Tudo Ă© pretexto p’ra nĂŁo estarmos sĂłs
Porque há receios , há pavores em nós
Do que possamos ser se o descobrirmos.
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Mas um dia quebramos os tabus ;
Seja o que Deus quiser ! – e decidimos
Despir as proteções e ficar nus.
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E aberto o nosso cerne entĂŁo surgimos
Perante todas as dores da nossa cruz ;
As que, mesmo escondidas, mais sentimos !