Monção: «Não faz parte do pensamento político do PSD ganhar a Câmara Municipal»

 

 

Nada parco em revelações, numa entrevista exclusiva que concedeu ao Minho Digital, José Carlos Eça, um autarca histórico e referência em Monção, começou por nos falar na obra feita pela União de Freguesias a que preside, abordou a recandidatura do socialista Augusto Domingues e acabou com uma declaração demolidora e contundente, a criticar as opções e estratégia do PSD.   

 

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Minho Digital (MD) – Já está ultrapassado o ‘trauma’ das uniões de freguesias, nomeadamente no caso da autarquia a que preside?

José Carlos Eça (JCE) – Na União de Freguesias de Messegães, Valadares e Sá não houve qualquer trauma resultante da unificação. Desde sempre estas freguesias partilharam o mesmo pároco e a mesma escola primária. Estão territorialmente tão próximas que a criação da união apenas formalizou o que efectivamente existia no terreno. Já eram uma comunidade anteriormente. Não houve qualquer problema.

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MD – Quais foram as obras mais emblemáticas nestes anos em que presidiu à União de freguesias de Messegães, Valadares e Sá?

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JCE – Da Junta é efectivamente falar de obras, e algumas vezes nem sempre são visíveis. Começo por lembrar o primeiro problema com que fomos confrontados: a passagem de uma linha de muito alta tensão no nosso território. Tudo tinha sido “cozinhado” no segredo dos gabinetes, a REN já dispunha de todos os pareceres e licenciamento, foi uma luta imensa e intensa, que felizmente acabou com a retirada do projecto por parte do promotor. Sabemos que vão tentar novamente passar a linha, mas esperamos que agora o façam dialogando e escolhendo um percurso que não prejudique as pessoas. Foi uma luta, mas foi também uma obra. No Rio Minho esteve prevista a construção de uma barragem, “Barragem de Sela”, que nunca viu a luz do dia. Erros de concepção, bem como elevadíssimos custos ambientais levaram a que os promotores abandonassem o projecto. É necessário fazer reverter a titularidade dos terrenos então expropriados para os ex-proprietários. Fazer a EDP sentar-se à mesa, só por si é já uma vitória. Uma luta a concluir. A estação arqueológica da Pedreira em Valadares, uma parceria com as Universidades de Lisboa, Porto, Minho, Burgos, Vigo e Santiago. Actividades culturais que promovam o conhecimento e a cultura, sempre com prestigiadas personagens. As pesqueiras do Rio Minho, um património que está a degradar-se, com anos a lutar pela sua conservação e reabilitação que dá agora os seus frutos.

Acessibilidades, caminhos, cemitérios de Valadares e de Messegães, logradouros públicos, são outras obras que foram por nós implementadas. Enterramento das linhas eléctricas no largo de S. Miguel, Água de Messegães, um contrato de difícil negociação em que a freguesia saiu muito beneficiada. O apoio às colectividades que no meu mandato receberam apoios que jamais tiveram, o Saneamento com empreitada já aprovada e entregue.

Como pode verificar um Presidente de Junta é muito mais do que aparenta!

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MD – Sabemos que se vai recandidatar como independente. Caso seja reeleito, o que projecta fazer de mais relevante?

JCE – A segunda fase da nossa missão é muito mais complicada e exigente, desde logo é necessário iniciar imediatamente a candidatura à segunda fase do saneamento, Zonas altas de Sá e Valadares, reposição total de pavimentos em todas ruas intervencionadas, um parque ribeirinho junto ao Minho com a infraestrutura adequada, a declaração da Zona histórica de Valadares como ARU para que possa usufruir dos apoios comunitários, o enterramento da electricidade na Zona histórica. Valadares comemorou 700 anos de Foral no início deste mês, temos muito a divulgar e preservar. Em viação rural e acessos a residências, esperamos concluir no presente mandato toda a estrutura, com excepção de três acessos, dois em Messegães e um em Valadares. Criar condições para a fixação de jovens. Apoiar as colectividades da União e promover a cultura. Há tanto a fazer que é difícil em poucas linhas descrever tudo.

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MD – Demorou algum tempo a anunciar a sua recandidatura. Estava hesitante?

JCE – Por natureza não sou hesitante, sou sempre positivo e confiante. Seis meses é tempo bastante e suficiente para uma candidatura.

 

MD – Sabemos que vai ter uma concorrente… Quer comentar?

JCE – É bom que haja oportunidade de escolha. 

MD – Sendo independente, num concelho liderado por uma Câmara Municipal do PS, como foi a relação ao longo destes anos? Alguma vez sentiu-se menosprezado politicamente em comparação com outras freguesias?

JCE – Nunca me senti menosprezado, e se em algum momento entendi que a minha terra não estava a ter a atenção que entendo ser devida, as actas da Assembleia Municipal são o meu melhor testemunho.

 

«Embora independente, não tenho dúvidas em apoiar e votar em Augusto Domingues»

MD – Em termos gerais, como avalia a prestação a prestação da Câmara Municipal (CM)?

JCE – Boa. Tendo em consideração os objectivos propostos, é manifestamente boa. Baixou-se a dívida para criar um “plafond” financeiro para o 2020… que apenas agora começa a ver a luz do dia.

Relativamente às transferências de capital para as freguesias, lamento que não tenha havido entendimento pelos partidos representados na Câmara para que se mantivessem os critérios anteriores. Um exemplo: a União de freguesias recebe actualmente da Câmara pouco mais de metade do que receberia se se mantivessem separadas. Já nas transferências do Orçamento Geral do Estado, houve respeito pelo anterior método de distribuição.

 

MD – Quais foram os pontos mais fortes e mais fracos da CM?

JCE – O Engº Augusto Domingues mostrou capacidade de negociação e equilíbrio. Sem dúvida os seus pontos fortes.

 

MD – Sei que esteve no jantar de apoio à recandidatura de Augusto Domingues. Foi por sua iniciativa ou cedeu a algum convite?

JCE – Fui convidado, e senti-me bem recebido.

 

MD – Presumo, por isso, que está de ‘alma e coração’ com essa candidatura. Quer comentar?

JCE – Estou de “alma e coração” com a minha freguesia, onde concorro numa lista de cidadãos independentes. Para a Câmara sou como qualquer outro cidadão. Faço escolhas, e neste caso não tenho dúvidas em votar na candidatura protagonizada pelo Engº Augusto Domingues, acompanhado pela Drª Conceição Soares, o Drº Paulo Esteves e pelo Drº Manuel José.

 

MD – Nunca ponderou apoiar a candidatura do PSD ou do CDS? Porquê?

JCE – O PSD é um grande partido nacional, com uma história que dignifica quem serviu o país e as comunidades através dele. Penso que não faz parte do pensamento político do PSD, nesta altura, ganhar a Câmara, pois se o pretendesse fazer todos sabemos que o candidato melhor colocado, respeitado e com obra feita em Monção seria o candidato à Assembleia Municipal. Fui convidado e naturalmente recusei. A minha terra estará sempre em primeiro lugar.

Espero que o CDS tenha uma boa votação.

 

 

 

 

 

 

 

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