António Luís Fernandes
Onde o Menino Volta a Nascer…
“Que a principal estrela de Natal, Jesus Cristo, seja uma luz, sempre a brilhar, na vida daqueles que o buscam”
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Estamos em plena época natalícia. Os múltiplos sinais e adornos exteriores indicam que aconteceu algo de extraordinário! Na vida e na história da gente e que por isso continuamos a celebrar… Tudo é pensado com precisão, numa agitação fora do comum; nas ruas e praças, nas habitações, nos lugares de comércio… E no meio deste alvoroço e apressada movimentação, tantas vezes, mera ilusão, somos arrastados pela influência da moda e do dispêndio, no mesmo instante que soam gritantes apelos solidários, as notícias de carência alimentar para milhões de seres como nós, de revoltantes disparidades sociais!
Em resposta pululam as frases feitas, as opiniões que divergem, os votos que também são desejos. Inventam-se pretextos, armam-se formas de escapar ao essencial da festa. Porque de facto, o anúncio do nascimento de Jesus Cristo, pobre e humilde, indefeso e frágil, incomoda, interpela e lança-nos sérios desafios, para os quais nem sempre andamos e/ou estamos preparados! Daí, esse notório alheamento e a falta de reconhecimento, na vez das luzes que ofuscam, das atracções que baralham e do exacerbado materialismo que escraviza; vive-se em função do ter, em detrimento do ser!
Ao real acontecimento que celebra o nascimento de Jesus Cristo, porque é disso que se trata, juntam-se outros “natais”, de oportunismos sociais e políticos. Com características e aproveitamento próprio, desvirtuando, sem escrúpulo nem pudor, o âmago da natalidade!
Aproveita-se a ocasião para promover o que mais convém; a época tem mesmo de servir para sustentar os intentos e os instintos! No horizonte algumas perspectivas de sucesso, interesses imediatos, ambição desmesurada, estratagemas e outras fintas, que não abonam quem as produz. Por esta altura, mais que o atendimento a uma nobre causa, atulhamos a mente e a própria vida de coisas, que não satisfazem a sede humana de infinito.
Mas tudo pode mudar quando nos predispusermos a exercitar a vontade e a capacidade do discernimento e da contemplação; quando fizermos aprofundada pausa e reflexão; quando optamos pelo diálogo e atenção permanente, sobre as diferenças e as desavenças; quando reconheço que não foi justo ou que errei; quando tenho a capacidade de inverter tendências e/ou decisões que penalizam o próximo; quando assimilar e reconhecer o extraordinário dom que recebemos em cada Natal.
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Então sim, brotará aquela contagiante alegria que só Deus pode dar! Numa particular sensação que invade o coração e transforma a própria vida. Natal é isso mesmo: deixar-se invadir pelo mistério, numa dinâmica profética e de confiança; tudo o resto são luzes, que se apagam, fugacidade, ilusão!
O Natal que marca encontro com cada um de nós exige a inversão das nefastas tendências, indicando um novo e adequado despertar para a mudança. Há que arrepiar algum caminho, no desenfreado ímpeto da hodierna sociedade em que vivemos. Nas situações de proximidade, paroquianas e sociais. A oportunidade é para todos: somos livres de aderir ou não à lição libertadora do presépio.
Vivamos com intensidade a festa da Natividade, de Deus feito Homem. Façamos a viagem até Belém e contemplemos o rosto humilde do Menino, despojado e simples. Procuremos assimilar o mistério da pobreza e da humildade, expressa na grande lição do presépio; aprendamos a ser e a viver em família, onde reine o amor, a tolerância, o respeito, o perdão. Na alegria autêntica, na comunhão amiga e fraterna… Que todo esse calor humano e familiar nos proporcione um Feliz Natal, rico dos bens que só o Emmanuel pode dar.
E que 2020 seja um ano bom; de tolerância, de prosperidade, de paz e saúde.
