Editorial

NESTE FINAL DE ANO NÃO VOU CHORAR
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Zita Leal

Eis uma estória real que suscitará dúvidas ao leitor, mais especificamente quanto à sanidade mental de quem a conta… Mas é mesmo verdadeira.

Miúda rebelde mas confiante, acreditei anos a fio no Pai Natal, na fada dos dentes que nunca me deixou nenhuma moedinha debaixo da almofada mas como as outras meninas se gabavam de receber, nunca gostei da dita fada. Acreditei na velha da unha, nos sete anõezinhos amigos que só ajudavam a Branca de Neve a limpar a casa e a mim não, sem eu perceber porquê, enfim… acreditava em tudo.

Na véspera de ano novo chorava que me matava só porque me contaram que o coitadinho do velhinho tinha que morrer nessa noite para o menino nascer. A raiva que eu tinha a esse ano novo! E sempre chorei na meia noite de 31. Muito pior do que o choro foi a sensação de injustiça perante a necessidade de matar o velho para que o novo nascesse.

Passaram os anos e as lágrimas desistiram de me visitar nessa noite mas uns laivos de tristeza sem explicação misturavam-se com as bolhas do espumante, arrefecendo-me a alegria dos votos felizes. Na hora dos Vivas e das palmas eu ficava cinzenta, meia murcha sem razão aparente. Sempre disse que não gostava dessa noite de festa. “ Zitices…” arremedava a família.

Festa, festa vai ser este ano. Vai morrer 2020!!! Velho maquiavélico, tirano, destruidor de abraços e sorrisos. Xô-Xô, t’arrenego desgraçado! Vai p’ró inferno do mar coalhado, p’rás asas negras do Belzebu!

Viva 2021, o menino ano novo que nos fará esquecer o velhote ano velho: Voltem os beijos, os abraços, a alegria do convívio!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Ano Bom para todos!

Esta noite não vou chorar!

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