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Nova escola de bombeiros e cadetes para manter vivo o voluntariado nos Arcos

O alerta do Governo não soa a novidade. As zonas mais fustigadas por incêndios, justamente as de maior densidade florestal, estão confrontadas com problemas de voluntariado nas corporações. Mas a história de luta contra as chamas, o despovoamento e a emigração é um pouco diferente na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez (AHBVAV).

Os problemas resultantes da desertificação e dos fracos incentivos são reconhecidos por Germano Amorim e Gil Heleno Carvalheiro, presidente e vice-presidente da AHBVAV, respetivamente, mas o trabalho do comandante, Filipe Guimarães, tem travado a perda de braços para o combate. Segundo a página oficial da AHBVAV, o corpo ativo de bombeiros é, atualmente, de 52 elementos, embora o número de efetivos que acorre pelo seu próprio pé ao toque da sirene seja inferior.

“O comandante tem sido incansável e, por ação dele, já foram formadas duas escolas de bombeiros – graças a estes ex-formandos é que temos conseguido estabilizar o número de efetivos, evitando-se males maiores”, diz Gil Heleno. “O esforço de Filipe Guimarães para “aliciar” gente tem sido tão grande que a corporação arcuense está a criar uma nova escola de formação”, contando, já, com 17 inscrições. “Deverá arrancar no ano em curso”, aponta o vice-presidente.

Para salvaguardar a ameaça que paira, cada vez mais, sobre a floresta do Alto Minho – devido à severidade dos incêndios, ao abandono progressivo da atividade agrícola e à quase ausência de rebanhos para limpar mato –, o comando da AHBVAV pretende formar uma escola de cadetes (meninos a partir de 10 anos) para estimular neles o fascínio de ser bombeiro e, com isso, responder aos desafios da Proteção Civil e às especificidades do território.

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O concelho é grande – “temos de acudir a uma área de 450 km2”, costuma dizer Germano Amorim – e tem um número descomunal de ocorrências. Se deflagrar um incêndio de grandes proporções (ou se existirem vários focos ao mesmo tempo), como tem acontecido regularmente, quem é que acode? É aqui que reside o grande problema. “Não temos, de facto, o número ideal de bombeiros, precisávamos de mais 10-15 operacionais para fazermos uma cobertura mais adequada do espaço”, porque, em situações como as descritas anteriormente, “é muito complicado fazer a gestão”.

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Nos casos de especial gravidade, a gestão das operações faz-se deslocando carros e homens de outras regiões para suprir falhas e, dentro do possível, impedir que a floresta arda sem controlo. O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses reconhece este tipo de problemas estruturais, mas aponta soluções e responsabilidades ao poder político, o qual deve “investir nos bombeiros”.

“Caso não haja voluntários em número suficiente, é necessário pagar a equipas profissionais para salvaguardar as manchas florestais”, defende Jaime Marta Soares. Neste concelho, a criação de uma Equipa de Intervenção Permanente (EIP), brigada de cinco elementos, há cerca de dois anos, respondeu a uma necessidade detetada no território e “concretizou um anseio dos bombeiros de Arcos de Valdevez”, frisou Germano Amorim, na altura da constituição da EIP.

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Mas este investimento não veio colmatar as carências do concelho nesta área e o Governo Central, excluindo a isenção do pagamento das taxas moderadoras, ao abrigo do Serviço Nacional de Saúde, também não tem introduzido estímulos ao voluntariado. “É um excelente negócio para o Estado garantir, através do voluntariado, a prossecução da Proteção Civil em troca de quase nada”, critica Germano Amorim.

Ou seja, os incentivos para se ser voluntário são escassos, mas as reivindicações, essas, são antigas e teimam em não ser satisfeitas. Ontem como hoje, o programa de estímulos, para dar vida à nobre causa de ser bombeiro, “tem de passar, sobretudo, por incentivos fiscais (redução ou supressão do IMI e das taxas de licenciamento) e pela utilização de serviços sociais”, lembra o presidente da AHBVAV, que espera ver as medidas anunciadas pelo Governo implementadas na legislatura que corre até 2019.

Certo é que os voluntários não andam atrás de gratificações materiais, apenas lutam pelo mínimo da dignidade humana para que o combate a incêndios não esteja condenado por falta de braços…

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