Editorial

Novamente a desgovernar para ganhar eleições
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

É fatídico, quando se aproximam eleições começam os disparates governamentais e os despesismos. Nesse campo, a produção é fértil e a imaginação também.

Se essas capacidades dos nossos Governantes fossem utilizadas para o bem de todos, estaríamos acima do nível económico dos restantes europeus.

Mas como apenas verificamos táticas da destruição e não de construção, mais uma vez há que destruir mais ainda, a saúde e a educação.

A saúde:

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

– Talvez seja, porque quanto pior for a saúde, menos reformados sobrevivem;

– Logo, sobra mais dinheiro para desgovernar.

A educação:

– Porque quanto mais ignorante for a população, mais fácil é convence-los de boatos e inverdades para justificação das asneiras que vão fazendo;

– Logo, os votantes passam facilmente a acreditar que a culpa dos insucessos governamentais não é deles mas sim do ensino que não prepara bem a população para que o país progrida.

Primeiro fizeram crer que os profissionais da saúde eram todos uns malandros, aproveitavam-se da situação para exigir condições, carreiras e ordenados muito acima das capacidades do país. Mas os políticos, não!

Depois congelaram-lhes as carreiras com a promessa de apenas por uns tempos para ajudar a recuperar a economia. Não trataram da manutenção dos hospitais alegando que não havia dinheiro e agora recusam-se a recolocar tudo no seu devido lugar inventando desculpas e criando boatos que queimam o bom nome de quem nos trata verdadeiramente da saúde.

Estão mais uma vez a esquecer-se que não faltam empregos fora do país e que os nossos profissionais até são muito bem vistos internacionalmente. Quando a saúde estiver mesmo destruída, um dia vão acordar, se algum eles ou seu familiar for também vítima do que vem acontecendo.

Mas com o ensino verificamos algo parecido, embora os disparates e as mentiras sejam ainda mais graves e com piores consequências para o país. É que a própria saúde, os gestores, todos os profissionais e os governantes do futuro só podem ter sucesso com um ensino de sucesso.

Não pensem que algum dia vão equilibrar o país com boatos, inverdades e desprezo pelos profissionais. Já estão a ficar saturados de vos aturar e vão-se governando fora do país quando todos sabemos que nos fazem aqui muita falta.

Voltando às inverdades inventadas para destruir o bom nome da profissão docente, já agora vamos apenas lembrar algumas regras que lhes são exigidas:

Sabiam que:

– Durante muitos anos os professores recebiam menos que qualquer licenciado da função pública, só em 1986 é que a situação foi alterada. Mas os políticos, nunca passaram por essa situação na democracia;

– A carreira docente tem presentemente dez escalões cujos vencimentos vão desde cerca de 1000 euros até 1990 líquidos no último escalão. Mas os políticos têm uma carreira sem escalões nem especializações;

– Os professores progridem de 4 em 4 anos exceto no 5º escalão que necessita de apenas 2 anos;

– Para que tal aconteça deve existir uma avaliação de Bom no desempenho da profissão e formação contínua certificada com a quantidade de créditos obrigatórios. Os políticos não têm créditos mas têm os partidos para os escolher;

– Na passagem do segundo para o terceiro e do quarto para o quinto escalões, a avaliação é externa através de aulas assistidas e a respetiva avaliação positiva. Os políticos também têm a avaliação dos votos, mas como as pessoas já não acreditam neles, existe uma tremenda abstenção o que lhe retira toda a veracidade democrática;

– No acesso ao 5º e ao sétimo escalões o número de vagas é limitado pelo Governo. Nos Governos é ao contrário, o número de componentes é cada vez maior, quase ilimitado;

– Se a progressão fosse automática, como fazem crer, o professor demoraria 34 anos a chegar ao topo da carreira, mas com as perdas de tempo de serviço, ele pode demorar até 48 anos a atingir o topo. Com os político, o topo da carreira já tem acontecido até sem habilitações;

– Mas com o congelamento “provisório” da carreira, eles esperaram 9 anos 4meses e dois dias para que essa ajuda à economia tivesse um fim. E o sacrifício dos políticos? Não temos conhecimento;

– Há assim professores com 20 anos de serviço que recebem 1300 euros, quase o mesmo que um iniciado. Qual é o político que em funções recebe isso? Não temos conhecimento;

– Desta forma, os nossos profissionais do ensino apenas vão conseguir chegar até metade da carreira;

– Os professores não pedem os retroativos a que tinham direito, apenas o que lhes confere o tempo efetivo de serviço. Não é favor nenhum, trata-se de cumprir honestamente aquilo que lhes foi desviado;

– Em 2017 o Governo comprometeu-se, em acordo assinado, a combinar o acerto da situação, mas mais uma vez os nossos políticos demonstraram a leviana falta de palavra.

https://www.jn.pt/nacional/interior/governo-diz-que-compromisso-com-professores-e-financeiramente-sustentavel-8926660.html

Não podemos esquecer que estes profissionais, depois de dezasseis ou mais anos a estudar, passam em muitos casos, dezenas de anos a viver fora da família ou a viajar dezenas ou centenas de quilómetros diariamente durante o tempo letivo, para poderem trabalhar na escola onde foram colocados naquele ano.

Chamam a isto privilégio?

Aproveitem a ocasião para limpar um pouco a vossa imagem pública.

E se os senhores políticos abdicassem de algumas mordomias?

Já que estamos em período eleitoral evitem mais abstenção!…

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