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As novas estratégias para o pronto-a-vestir ou como combater as ruas “desertas”

Sofia a vestir um manequim
Sofia Araújo, mais nova que a loja que praticamente representa, é um dos exemplos da regeneração que o comércio local precisa para atravessar o tempo e as tendências. A antiga Casa Ezequiel, na Rua Nova de Melo (ou rua da Calçada) foi mudando de conceito ao longo dos anos, e já passaram quatro décadas desde que o avô de Sofia, que tinha sido empregado da loja antes de assumir o passe, deu seguimento ao negócio do pronto-a-vestir que a caracterizava a casa.
Hoje, a loja Herdeiros já não é o pronto-a-vestir de outrora, com a valência de loja de atoalhados que a avó assumia em parte do estabelecimento. A moda feminina assume agora mais protagonismo, especialmente dirigida às mulheres jovens e mais adultas, acima dos trinta.
O contexto e volume de negócios que o avô tinha, fica nos livros dourados da história do têxtil. Agora, as pretensões têm de ser mais modestas. “Não podemos dizer que vendemos em comparação com o volume de vendas do meu avô, vamos aguentando”, assume Sofia. “Não está fácil, porque aqui em Melgaço ainda falta algo que atraia a gente a ficar cá. Precisávamos de algo que chamasse gente às ruas. Ao fim-de-semana, as ruas estão desertas”.
No horizonte, mais nuvem cinzenta: “Cada vez mais temos uma população mais envelhecida, os jovens saem daqui, compram fora daqui”, observa, e nem o natural aumento de população emigrante no concelho traduz maior volume de vendas. “[Os clientes] com quem trabalho são de todo o ano. O que vem é por acréscimo, mas agora os emigrantes olham mais ao preço e se for preciso perguntam se há saldos”.
A estratégia de Sofia é outra. Não raras vezes, os desfiles de moda que se vão organizando entre comerciantes da praça melgacense, assim como algumas sessões fotográficas que partilha nas redes sociais, traduzem-se em maior procura. “Noto que nos dias a seguir ao desfiles ou à publicação das fotos, há mais gente a perguntar e a procurar as peças” assegura.
Testemunhos e estratégias de quem assume não querer emigrar e subsiste na praça comercial de um interior que se esvazia, porque a maioria não pensa assim.

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