Numa era tão digital e virada para todos os gadgets, onde fica o bom velho folhear de um livro?

Sou uma ávida leitora. É verdade que o tempo que tenho disponível não permite que consiga dedicar-me à leitura tanto tempo quanto gostaria – sendo que, este “gostaria”, (talvez) seja mais longo do que o comummente aceitável. Mas, voltando à premissa com que abri este artigo: sou uma ávida leitora e ler é uma das coisas que mais prazer me dá.

Contudo, nos últimos tempos, por várias razões, tenho estado a converter-me aos avanços tecnológicos que, não sendo assim tão recentes, estão cada vez mais na moda – os e-readers. Estes pequenos e carismáticos objetos nada mais são do que “livrarias”/”bibliotecas” com “livros digitais” – de uma forma muito resumida e redutora. Eu, que não sou nada de seguir tendências, tenho olhado para os “livros digitais”, essencialmente, como uma solução interessante a vários níveis, incluindo ao nível do orçamento familiar.

Por razões de espaço e de agenda, vou abster-me de esmiuçar os prós e os contras destes práticos objetos – vou, apenas, focar-me no ponto responsável pelo tema de hoje: folhear livros.

Não sei quanto a quem me lê, mas eu gosto particularmente de sentir o cheiro a papel e o toque das folhas de um livro – parece “piegas”, como dizia um ex-governante português, mas acredito que a experiência da leitura viva, também, nestes detalhes. Como disse antes, tenho tentado converter-me aos inevitáveis avanços, mas sem grande sucesso – a minha migração para os “livros digitais” ainda não se deu a 100% e estou certa de que não serei bem-sucedida nesta viagem.

Quem me acompanha noutras andanças – pessoal e profissionalmente falando – conhece o meu hábito (e vício) de ler dois livros em simultâneo. Neste campo (como em tudo), tento ser o mais democrática e justa possível e, por isso, um livro é em papel, físico e, o outro, no tal formato digital, num dispositivo sem vida nem cor, tal como um gelado de baunilha.

A bem da verdade, eu não quero ser bem-sucedida nesta “conversão”. Quero continuar a ter livros físicos, a sentir-lhes a sua companhia. Bem sei que não é o comportamento mais económico, ecológico e ergonómico de sempre, mas cá continuarei a andar com um “calhamaço” na mão – em detrimento de um gadget muito prático que, não tendo abolido da minha rotina, não ganhou o meu coração. Longa vida aos livros e aos leitores.

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2 comentários

  1. Efectivamente, um livro, amiga Gisela, é muito mais que folhas escritas.
    É o apreciar a capa e contra – capa, a sinopse da obra,o autor da capa, o número de edição,a gráfica, a editora,ou o tradutor.
    E, obviamente, o cheiro que só um livro novo tem.

  2. Assassinei, dois livros, um de autor, antigo, português e outro de Balzac.
    Usei remendos, com papel, e fita cola.
    Um alfarrabista, quando lhe disse, o que fiz, disse-me que assassinei os dois livros.
    E agora, estão na estante, intocáveis.

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