Esta semana celebrou-se o Dia Internacional do Síndrome de Down e de imediato ocorreu-me escrever sobre o Artur.
O Artur tem 58 anos, tem Trissomia 21 e nasceu numa época em que não havia um ensino adaptado para quem nascia com esta síndrome.
No entanto, o Artur é um caso de estudo porque não tendo tido um acompanhamento específico está e sempre esteve completamente adaptado à vida como se fosse igual a todos os outros.
O Artur aprendeu a nadar, vai ao rio Lima e à piscina sozinho, convive, participa em jogos, foi à escola com todas as gerações por vontade própria, senta-se à mesa no café com todos como se fosse um deles, um de nós.
E a verdade é que o é.
É simples escrever sobre o Artur, tão simples como este texto em que a palavra mais repetida é “todos” porque o Artur nunca foi um à parte, sempre fez parte de tudo, de todos.
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Só que o Artur é assim graças ao seu pai.
Um pai que sempre fez questão de mostrar o filho, de o amar publicamente e de fazer com que o Artur convivesse com todos, com os “normais”. Não o escondeu nem nunca se envergonhou de ter um filho com Síndrome de Down.
“Afinal, o Artur só tem um cromossoma a mais” deve ter pensado o pai, que já não está entre nós.
E esta socialização do Artur com todos, de todas as idades, de todas as cores, de todas as proveniências, defeitos, virtudes e feitios, fez do Artur um cidadão igual aos demais.
O amor sem preconceitos de um pai por um filho que nasceu diferente fez a diferença e fez um ser humano amado, com personalidade, com um brilho que todos reconhecem e apreciam.
É por isso que o Artur agora, por muito que se esforce ou por muito que a sociedade o empurre para a normalidade, já não consegue ser apenas mais um normal para os barquenses, porque o Artur já não é normal.
É especial!
12 comentários
Permita-me dizer-lhe que todas as pessoas com esta condição, nasceram já elas, especiais, pela sua pureza, e coração onde só um sentimento prevalece o Amor
Pena que alguns pais daquela geração não tenham pensado assim.
Felizmente o pai do Artur pensou e foi um pai orgulhoso que eu conheci e teve os frutos disso.
Há dias repudiei, como jornaleiro desportivo (fui professor), o desporto para menos normais. Basta, de rótulos.
Obrigado a dizer obrigado a quem nasceu normal para reconhecer que todos estamos no mesmo barco.
O Arturinho , não especial. É especialissimo. Grata por este texto tão bonito e tão humano. Parabéns, amigo Damião Cunha Velho!
Parabéns pelo artigo! Só quem conhece o Artur pode perceber a magnitude do seu texto, Parabéns!
Obrigado pais, diferentes de mim, que assim são.
Não sou o pai que queria ser.
Custa-me, qualquer, sofrimento, de cada uma das duas filhas.
O futuro, nem penso, preparo-o.
Obrigado Damião, amigo.
Escreve e leio.
O Artur faz-nos sempre sorrir, mesmo sem querer. É aquela pessoa da Barca que toda a gente conhece e de quem toda a gente partilha um carinho. Quem não se lembra de estar em aulas e o Artur abrir a porta só para cumprimentar o ‘pessoal’?.. ? Grande Artur.
Parabéns pela homenagem prestada ao nosso querido Artur. O Artur é um exemplo, para todos nós.
Excelente texto , o Artur é tudo isso e como o próprio texto diz porque teve um pai ( uma família ) que o amou incondicionalmente . Assim como toda a Barca , o Artur é amor .
Quem não se lembra do Artur! Entrava porta a dentro de uma qualquer sala de aula, puxava de uma cadeira e sentava-se. Na minha altura de secundário tinha o hábito de andar com um “cano” ou “rolo” de papel que abanava alegremente. Fico feliz por saber que ainda percorre as ruas da Vila, e que é feliz, sim, porque sempre o achei feliz!
Parabéns pelo belo texto. Conheço o Artur desde sempre e subscrevo tudo que o Damião escreveu. O Artur sempre foi e será, sempre, um de nós!
Parabéns pelo texto. Na Barca, todos conhecem o Artur. Há 14-15 anos, o Artur abria a porta da sala só para cumprimentar o pessoal. E o ano passado a minha filha com 12 anos contou me que um menino vinha a sala só para dizer “olá”. E ela acho piada quando eu lhe disse,” o menino chama se Artur” E contei lhe que também nos acontecia. Espero ter oportunidade de poder contar a mesma história aos mais novos com 10 e 4 anos. Obrigada Artur ?