O Bicentenário da Independência do Brasil

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José Venade

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Pelo que li na imprensa nacional, brasileira, ou nas tvs, sobre as celebrações dos 200 anos de independência do Brasil, não tiveram especial relevo ou entusiasmo por parte de Bolsonaro que, sempre, as desvalorizou.

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1 – Esse tema foi mais caro, digamos, para o Presidente Marcelo, que caiu como um inexperiente nas manigâncias de um demente. Mas sobre isso já lá vou.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

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Os nossos irmãos brasileiros estão descrentes no presente e sem esperança no futuro. Pudera. Tem fortes razões para isso. Uma parte significativa do país, vai sobrevivendo miseravelmente sem que se perspective no horizonte um projecto estrutural, ou um líder mobilizador, coerente, credível e ajuizado, que seja aglutinador e dê ânimo e esperança ao povo, para um futuro melhor, e, não estar à mercê de um lunático com todos os tiques de ditador, envolvido em casos de corrupção, vai dando avisos do que ameaça fazer no futuro.

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2 – Este país quase continental, é o quinto maior do mundo, com 8.500 milhões de K2 e 216 milhões de habitantes, a que corresponde 156 milhões de eleitores. Dotado de um clima de eleição, um solo generoso e de riquezas minerais incalculáveis no seu subsolo, acrescido com muitas mais riquezas e com culturas introduzidas por Portugal enquanto país colonizador: casos como o da cana – do- açúcar, o café, a árvore-da-borracha, coqueiros, ou madeira, etc..

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Tinha e tem reunidas muitas condições para ter um presente muito melhor e um futuro grandioso, mais justo e equilibrado e ser um líder mundial. Não tinha, nem tem necessidade de desbastar a floresta Amazónica, pulmão do mundo, para contentar chineses, russos e grandes latifundiários.

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Apesar de ter isso tudo, um quarto da população vive em, situação de pobreza, ou de pobreza extrema. Que país tão desigual.

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Custa verificar – já bem entrados no século XXI – como um país que tinha tudo para dar certo, sem ter tido problemas internos ou de vizinhança, de maior, que tem tido gerações de pessoas notáveis, de renome mundial, desde escritores, arquitectos, músicos, cientistas, desportistas, indústria, etc. não ocupe um lugar cimeiro entre os países mais desenvolvidos e poderosos do mundo.

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Falta ao Brasil uma classe média forte e decisiva no plano eleitoral e económico. Porque é a classe-média que faz girar a sociedade. Que a impulsiona e lhe dá riqueza distributiva e homogénea.

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Porque os ricos votam de acordo com os seus interesses, os pobres votam em quem lhes mandarem votar. Falta a tal classe média forte e decisiva. E isso o Brasil não tem. Inadmissível são: os índices de insegurança, criminalidade e crime organizado, e corrupção endémica.

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A falta de infra-estruturas ao nível deste século como: uma rede de comboios de alta velocidade, com cobertura nacional, voos aéreos internos baratos, low Cost, habitação digna, e estradas e auto-estradas a sério, porque é “terceiro-mundista” percorrer centenas de quilómetros em cima de terra vermelha a que chamam de estrada. Isso desequilibra e desertifica este país.

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Onde é que o Brasil e os brasileiros falharam para que não consiguirem dar o salto económico e libertador justo e necessário? O que é que levou os brasileiros a eleger Bolsonaro? Porque é que, o Brasil não deu certo?

Talvez a maldição do fado português?

O Brasil é um país independente de Portugal desde 7 de Setembro de 1820.

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3 – Por sua vez, a América é o quarto maior país do mundo, com uma área de 9.800 milhões de K2 e tem uma população de 336 milhões de habitantes, e obteve a sua independência a 4 de Julho de 1776. Ou seja: o Brasil teve a sua independência, apenas, 44 anos depois.

Não quero nem vou estabelecer comparações, entre estes dois grandes países, para lá das que são tão evidentes e saltam à vista. Cada leitor faça a sua extrapolação.

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4 – A solicitação feita a Portugal – pelo governo de Bolsonaro- para o empréstimo do coração do Imperador D. Pedro I, primeiro Imperador do Brasil a quem conferiu, por sua vez, a independência, para estar presente nas solenes comemorações do bicentenário da independência, teria sido acolhida com normalidade, não estivesse o Brasil emerso em plena e decisiva campanha eleitoral e tivesse como presidente alguém que o dignifique e eleve o cargo e a celebração, que Bolsonaro não é de certeza. Este, nunca foi um entusiasta das comemorações, apenas lhe deu imenso jeito como à posteriori se viu. Aproveitou a boleia.

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E, como se constatou, para o Presidente da República portuguesa, foi um momento solene, de celebração. Para o tosco do Bolsonaro, foi apenas e só, um momento de pura e horrorosa campanha eleitoral, feita de forma descarada e com insidiosos insultos quer ao presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, (ausente) a quem chamou de “vagabundo”. Assim, o Presidente Marcelo que acreditou num milagre (?) o que viu foi um desbragado Bolsonaro usar mais expressões grosseiras como “ imbrochável” evidenciando a sua índole e a sua arrogante prepotência e falta de sentido de Estado, mesmo perante convidados estrangeiros. Marcelo, viu-se entalado, na tribuna de honra, em Brasília, por um grupo de empresários, ao estilo dos Irmãos Dalton qual deles com o melhor currículo, (?) que, coniventes com Bolsonaro, apelaram a um golpe de Estado em caso de derrota eleitoral, previsível no dia 2 de Outubro.

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Marcelo, um homem de inteligência superior, com forte sentido de Estado, mas com um enorme coração e, por isso, alguma dose de ingenuidade, colocou fé e postura de Estado, acreditou – o que é correcto da sua parte. Mas, a seu lado, estava Bolsonaro que desconhece o que isso é, e não dá mais do aquilo que aparenta, ou seja: zero. Marcelo, viu-se envolvido num cenário, vergonhoso e para muitos previsível.

E aquilo que podia e devia ser um momento solene entre dois países irmãos e os seus respectivos presidentes, foi um retrato do que é, na actualidade, a grande nação brasileira.

  • O actual acordo ortográfico em vigor.
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