O governo de Costa “emprenhou” pelos ouvidos com os “recados” de Marcelo

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Carlos Magalhães

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As recentes medidas da tutela governativa (Costa, Medina, Godinho), o “dar o dito pelo não dito” a que já nos habituou, em relação ao aumento das pensões em 4% a partir de outubro, depois dos prometidos 8% para 2023, parecem resultam dos avisos de Marcelo, ele próprio contraditório nesta matéria, como aliás é seu timbre. “Uma no cravo outra na ferradura”.

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Mas a isto os partidos da oposição, sobretudo o PSD, nada aludem, porque beliscaria o deus com pés de barro em que ainda, ingenuamente, acreditam.

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Para os pensionistas portugueses, os mais pobres da Europa, as contas são fáceis de fazer. O governo dá, em números redondos, 4% em 15 meses (de outubro de 2022 a dezembro de 2023), em vez dos propalados 8% em 12 meses (ano de 2023). Calculadora na mão, para quem precisa, para uma pensão mensal bruta de 1000€, o pensionista receberá, até ao fim de 2023, incluídos os subsídios de férias e Natal, um aumento de 720€ (40×18) em vez de 1120€ (80×14), ou seja, menos 400 €.

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Boa jogada, sem dúvida, em nome da sustentabilidade da segurança social que, segundo um recentíssimo e conveniente relatório encomendado, recuaria 5 anos. As contas de merceeiro, sem desprimor para esta profissão nobre, do mau aluno de economia Medina, o mesmo que afirmou que “a economia portuguesa está a crescer acima de cada um dos países da União Europeia”, outra falsidade.

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Em relação à “cambalhota” do governo nada nos espanta. Ainda estamos recordados na inflexão dos parlamentares socialistas a propósito do vil ataque aos independentes perpetrado em agosto de 2022, com o respaldo das férias de verão e o beneplácito do mais alto magistrado da Nação, isto é, de uma medida anticonstitucional que MRS (constitucionalista?) se aprontou a ratificar.

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Desta feita, com disfarce à mistura, é o próprio Marcelo que se antecipa e avisa o governo que aumentos dos pensionistas de acordo com a inflação devem prever a possibilidade da retração inflacionista nos próximos anos.

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O Presidente “de todos os portugueses” tinha dito antes do período de férias que o aumento “histórico” preconizado pelo governo de António Costa para o próximo ano advinha de um mecanismo que está previsto na lei e que o Governo não poderia contornar, não se mostrando preocupado com os efeitos desse aumento na estabilidade das contas públicas, até porque “não vai ficar para sempre”, prevendo que a inflação e o crescimento sejam menores em 2023, mitigando por essa via os aumentos nos anos seguintes. Mas antes destas declarações já tinha avisado a tutela que era preciso ter cuidado com aumentos de acordo com uma taxa de inflação muito alta que é fruto da conjuntura económica, um recado dissimulado que, ao que parece, o governo ecoou nas medidas agora adotadas. A política do faz de conta no seu mais elevado expoente. Como rato amestrado o governo cedeu, “emprenhou pelos ouvidos” em linguagem prosaica.

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Tal como Erasmo de Roterdão, no dealbar do século XVI, fazem hoje, a “corte” política e o seu séquito de comentadores, a arte da adoxografia (o elogio imerecido de pessoas ou coisas sem valor). Mas neste artigo não se denunciam os excessos do catolicismo romano, mas da cabulice provinciana de uma equipa ministerial de pouca excelência e de um cortejo de deputados escolhidos pelas quotas partidárias e não pelo mérito, salvo honrosas exceções, quais “calistos” que caem e quedam nos palácios e palacetes de Lisboa, que de “anjos” têm muito pouco, parafraseando Camilo.

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