Editorial

O HARA-KIRI DO MINISTRO DO AMBIENTE SOBRE A VIANAPOLIS
Manso Preto

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Director / Editor

 

«Aquilo que nós sentimos é que, desde outubro de 2016 até agora, a empresa não faz sentido de existir». 

A frase, surpreendente quanto auto-acusatória, é de Matos Fernandes, Ministro do Ambiente, numa visita a Gondomar onde não deixou de comentar a actual situação do Prédio Coutinho. Logo, tudo o que foi feito desde essa data, para ele «não faz sentido».

O mínimo que poderia ter consequências, seria a demissão, por sua iniciativa ou pelo Primeiro-Ministro! E, eventualmente, implicar uma apreciação judicial com todas as consequências daí inerentes…

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Na semana passada, ao ser questionado pelos deputados na Comissão Parlamentar do Ambiente, sobre isso nada disse. Insistiu na questão estética e escondeu de todos que, no Parque da Cidade, em Viana do Castelo, em terrenos problemáticos da Vianapolis, esta entidade pública autorizou, junto ao leito do Rio Lima, um hotel com… 8 pisos! Isso mesmo: 8 pisos!!! Mas também algum deputado lembrou ou desconhecia esse ‘atentado ambiental’ (terminologia usada para classificar a construção do prédio que querem demolir)…

Falou o governante que a demolição há anos tinha sido aprovada em Assembleia Municipal, mas não esclareceu que os deputados municipais tinham sido informados pelo então presidente da Câmara Municipal, Defensor Moura, que, para isso, «estava garantido financiamento de fundos comunitários». E foi com essa mentira, reiterada compulsiva e previamente em declarações à Comunicação Social, levou eventualmente a que os deputados da Assembleia Municipal votassem favoravelmente.

A ministeriável figura insiste num mercado a ser erguido a partir dos escombros do prédio, passados mais de 40 anos, mantendo-se ainda hoje o melhor alguma vez construído no concelho. Matos Fernandes sabe isso mas a cada instante o semblante desta gente muda, o sorriso é diferente, o modo fingido, as palavras ditas com um significado e intenção que os da mesma tribo esperam.

Vivemos numa triste fantasia que atormenta o bom senso e os mais elementares Direitos Humanos e Direitos à Propriedade Privada.

Imitando a solidariedade, o carinho, o humanismo. Ouvimos desfiar o que queremos esquecer.

Movemo-nos num teatro de sombras, em palco de aparências, tão habituados à representação que ainda há quem a leve a sério e nela se sinta bem.

Isto deixou de ser um País, mais se assemelhando a um pardieiro mal frequentado e fétido…

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