O político 

Era um grande dia.

Um grande dia para um discurso sem paralelo no mundo. De acordo com os comentadores que se vê na televisão, seria o melhor e mais profundo discurso que aquele político faria nos seus longos anos de serviço ao bem-estar do país.

Milhares de pessoas interessadas em políticas, outras só a ver por pura curiosidade, encontravam-se a com os ouvidos colocados na televisão para assistirem ao acontecimento histórico no parlamento.

– Cidadãos, o país está num caminho decadente… – dizia ele enquanto olhava para o papel debaixo do microfone – e o caminho certo não é o esquerdo, nem o da frente, mas sim o da direita. Temos de virar este automóvel que transporta a nossa sociedade para o percurso da direita. E só com este percurso, que tem mais energia e nos deixa ver melhor as coisas, vamos poder progredir como nação.

Os aplausos foram como que um rugido da vontade da nação que se via representada por aquele homem tão enfático e útil.

Porém, no dia seguinte, noutro discurso, ele disse algo contrário.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

– E é por isso mesmo que o país precisa de ir pelo caminho da frente, por onde pode ir de forma mais confiante e rápida, evidenciando eficiência e dedicação por parte de todos.

Esta era a resposta dele a um deputado que defendia o caminho da frente. E isto gerou confusão. Afinal, ele tinha defendido com tal garra e força de vontade o caminho da direita! O que poderia tê-lo feito mudar assim de caminho tão repentinamente?

A população defensora do caminho da direita pretendia respostas e o político deu-as uma semana depois.

– Sempre afirmei e sempre defendi o caminho da frente como solução para o país. Não me lembro de ter sequer mencionado o caminho da direita como opção.

Bem, era de esperar que os defensores do caminho da frente se regozijassem com esta mudança do pensador político. Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, ficaram indignados por um acérrimo defensor do caminho da direita se tornar subitamente apoiante do da frente. Não tinha qualquer lógica.

Meses depois, quando o caso do político já tinha sido posto de parte pela maioria, ele voltou a discursar.

– O caminho da esquerda será sempre, meus caros, sempre o melhor. Não duvidem de mim, pois é o caminho em que a lua está mais exposta durante a noite, e isso proporciona segurança e uma menor taxa de criminalidade em todo o país.

Mais uma vez, o político causou discórdia, ódio e indignação. Porém, mesmo que ele trocasse de ideias sem mais nem menos, continuava com o papel de representar quem o apoiava e o país. Continuava com o cargo no governo, sendo apoiado por outros deputados e nunca desrespeitado.

Na minha opinião, o país deveria ir pelo caminho de cima. Tem uma melhor vista para o pôr do sol e é mais livre e aberto. Este caminho tem a verdade, por isso ninguém o segue. Mas isto é a minha humilde opinião…

PUB

 

  Partilhar este artigo

1 comentário

  1. Pudesse o branco do papel gerar esse torpor e virar dinâmica e teríamos o mundo às mil maravilhas… Fosse o branco do papel a varinha mágica com esse condão e adeus terror, terrorismo, temores e tumultos e, finalmente, a tranqulidade entre nações.
    Tenha esse papel pelo mundo fora o branco do
    papel dos governantes tomadores de decisões fulcrais… Seja. Venha a Paz.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *