No passado dia 10 de Dezembro o Prémio Nobel da Paz 2024 foi dado a uma organização japonesa que vem lutando para consciencializar o mundo para o problema das armas nucleares.
A magnitude dos horrores resultados das duas bombas atómicas americanas lançadas no Japão no fim da WWII devia ter servido como aviso e vacina para a humanidade. Mas não foi isso que aconteceu. Sucedeu precisamente o contrário e desde então tem sido uma corrida louca,– parece que todos querem a “proteção” de armas atómicas!— na ilusão de que a posse de armas nucleares traz segurança aos que as possuem.
São já quase uma dezena os países fabricantes e possuidores de armas nucleares. E enquanto existirem armas nucleares há a tentação de as usar, como agora nos lembram frequentemente as ameaças proferidas em ocasiões de crises . Vivemos numa permanente ameaça de que um lunático, seja ele político, militar ou mesmo religioso com acesso ao botão vermelho, resolva pressioná-lo.
E isto, apesar dos avisos de muitas pessoas responsáveis, desde o Secretário Geral das Nações Unidas ao Papa Francisco e da existência de muitas organizações que tentam consciencializar a humanidade e lutam pela eliminação destas armas nucleares. Os resultados são muito poucos. É difícil compreender a indiferença e apatia quase geral mundo fora.
O uso de armas nucleares em 1945 racionalizado e aceite então porque traria —e trouxe– um fim rápido a um conflito que a continuar teria como resultado que as centenas de milhares de vidas japonesas então perdidas fossem igualadas em número por vidas americanas.
Mas se os horrores sofridos pelos japoneses podem servir como comparação, imaginemos agora uma situação subitamente fora de controle em qualquer parte do mundo em que armas nucleares fossem usadas. Muito provavelmente o mundo inteiro no espaço de algumas horas seria transformado numa Hiroshima, a nível global. Todos sabemos que não há nada mais horrível do que o desespero de uma morte pelo fogo. Mas se nada se fizer para que isso nunca suceda é muito provável que mais cedo ou mais tarde seja mesmo esse o destino de todos nós, o trágico destino de toda a humanidade.
GOSTA DESTE CONTEÚDO?
- Não se esqueça de subscrever a nossa newsletter!

É a imaginação deste possível cenário e a absoluta necessidade de que ele nunca aconteça, que me leva a juntar a minha voz em defesa da nossa sobrevivência, da defesa da humanidade e do nosso planeta. Não porque eu pense ou tenha a idiota presunção que a minha voz por si mesma tenha qualquer valor; mas apenas na esperança de que outras vozes se levantem.
João Crisóstomo, Nova Iorque
Dear Mr. João,
It was with great pleasure that I received your e-mail dated 1st January 2024 and the enclosed letter addressed to the Holy Father Francis regarding the nuclear weapons. Enclosed, you will find a more formal reply I am sending you on behalf of the Pope.
(…) I always remember you with fondness and accompany you with my prayers.
In the hope that we can meet again in person, I reciprocate my best wishes for a Happy New Year, rich in graces and the Lord’s blessing, and I extend cordial greetings to you.
Pietro Parolin
NOTA DA REDAÇÃO
Carta do assessor do Papa Francisco:
No. 617/24/RS
From the Vatican, 5th February 2024
Dear Mr Crisóstomo,
His Holiness Pope Francis has received your letter of 1 st January last, and he has asked me to thank you for sharing your concern about issues vital to the survival of humanity, such as climate change and nuclear weapons.
The Holy See is strongly committed to urging the international community to address both issues responsibly and effectively. Pope Francis is convinced «that we are one single human family. There are no frontiers or barriers, political or social, behind which we can hide, still less is there room for the globalization of indifference» (Laudato si’, n. 52).
On climate change, a clear consensus emerged from COP28 on the transition towards a “net-zero” energy system by 2050; less clear is the speed of this transition, which, as Laudate Deum calls for, needs to be greatly accelerated. We are in the “critical decade”: without a change in consumption and production models, as well as in lifestyles, this transition will be very slow. In this perspective, we must commit ourselves to promoting education for integral ecolow, and the involvement of young people is essential.
With regard to nuclear weapons, I can assure you that the Holy Father spares no effort to promote a world free of nuclear weapons. We are convinced of the inadequacy and inappropriateness of defence systems based on nuclear weapons to respond to the national and international security threats of the 21 st century. We are concerned about the catastrophic humanitarian and environmental consequences that could result from any kind of use of nuclear weapons. We are troubled by the dissipation and misallocation of human and economic resources for their modernization, resources diverted from the complex achievement of objectives such as peace, integral human development and integral security. We are also concerned about the negative consequences that come from a persistent climate of fear, mistrust and resistance generated by their mere possession. The involvement of young people is also important in the process of nuclear disarmament and nonproliferation.
The fate of humanity and that of our planet are in our hands and in those of the new generations, who will pass the baton to future generations. It is our responsibility, as mandated by God, to ensure a future worth living. To achieve this, we must dare to change course and avoid robbing future generations of hope.
With best wishes for the new year,
I am sincerely yours,
Pietro Parolin