Editorial

O que não é medido, não é gerido
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Ricardo Rodrigues Gomes

Ricardo Rodrigues Gomes *

Gestor

 

A nova arquitetura financeira mundial que deverá visar a necessária transição para uma economia justa exige um esforço a todos níveis, nomeadamente, na forma como poderá ser alcançada a desejável reconciliação entre o capitalismo e a felicidade. “Afinal de contas, a economia não é sobre a riqueza, é sobre a procura da felicidade”, citando o Nobel da Economia Paul Krugman.

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Nos dias que correm o bem-estar e a felicidade têm vindo a afirmar-se como um objetivo primordial na vida das pessoas e das organizações. Aliás, não terá sido obra do acaso que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou em junho de 2012 a resolução que declara que “a busca de felicidade é um objetivo fundamental do ser humano”, tendo também criado o “Dia Internacional da Felicidade” que é comemorado, todos os anos, a 20 de março. Efetivamente, existe um movimento crescente entre os líderes mundiais que encara a felicidade como uma das suas principais prioridades, em bom rigor, com diversos estados soberanos a começaram a tomar medidas para determinar objetivamente os níveis de felicidade dos seus cidadãos.

 

Quando transportamos este conceito à realidade das organizações observamos que, de alguma forma, esse método de gestão já faz parte do universo dos profissionais e negócios bem-sucedidos. Curiosamente, sabe quem trabalha, ou já trabalhou, diretamente comigo, que mensalmente realizo um conjunto de reuniões individuais, onde invariavelmente a questão da felicidade é colocada em cima da mesa discussão. Por uma simples razão. Uma organização é constituída essencialmente por pessoas, pelo que se as pessoas forem felizes, a organização também o será, estando largamente provado que organizações felizes são mais produtivas e eficazes, logo mais rentáveis. Efetivamente, a construção da ”felicidade organizacional” é um processo, normalmente de longo prazo, que gera vantagens competitivas ao nível da produtividade e motivação, da criatividade, da inovação, da satisfação, da flexibilidade, do absentismo, da rotatividade dos recursos humanos, da fixação de valores, da crescente notoriedade e confiança na marca, do sentido de pertença e do compromisso com a empresa.

 

Na verdade, a consciência de que o conhecimento, o talento e as competências são ativos críticos de elevada importância estratégica no contexto organizacional, tem levado a que, de uma forma continuada e sistemática, se debatam e se procurem identificar as melhores práticas nesta área. A eficiência e eficácia dos processos de recrutamento e seleção, dos programas de coaching para quadros de elevado potencial, dos sistemas de avaliação de desempenho, dos programas de gestão de felicidade, dos planos de formação, dos planos de carreira, dos modelos de gestão de ideias inovadoras, dos modelos de gestão de talento, entre outros, são temas bem atuais, que têm merecido uma particular atenção, por parte de inúmeros líderes. Agora, claro está que, o que não é medido, não é gerido. Um erro comum em tantas organizações. Como tal, antes de mais, devem ser identificadas métricas que permitam a correta monitorização deste importante ecossistema. Evidentemente, os gestores que não optarem por este caminho, mais tarde ou mais cedo, condenarão as suas organizações a um futuro inexoravelmente sombrio. 

 

A tendência global passará de uma forma inevitável por unir trabalho e satisfação, estando mais que comprovado que a produtividade aumenta em proporção direta à satisfação das pessoas envolvidas, diga-se, uma condição que está associada a uma pessoa feliz e só traz benefícios: lucro, reconhecimento, realização, tranquilidade, alegria e bem-estar. A nova arquitetura financeira mundial que deverá visar a necessária transição para uma economia justa exige um esforço a todos níveis, nomeadamente, na forma como poderá ser alcançada a desejável reconciliação entre o capitalismo e a felicidade. “Afinal de contas, a economia não é sobre a riqueza, é sobre a procura da felicidade”, citando o Nobel da Economia Paul Krugman.

 

* Colunista convidado

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