Editorial

O Rei Putin vai nu – É preciso não esquecer a Ucrânia
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Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

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Esta guerra está a revelar muitas fraquezas da Rússia, incompatíveis com a grande potência que a Rússia diz ser ou nos fez acreditar que era.

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Aconteceu o mesmo quando Gorbatchov, em 1986 com a Perestroika e a Glasnost, mostrou ao mundo a miséria que era a vida dos russos.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

O mundo viu afinal que a então URSS era um país pouco desenvolvido e com uma pobreza comovente.

Muitos russos, apesar de tudo, não gostaram, porque se sentiram feridos no seu orgulho.

 

Agora, estamos a ver que o exército russo até é “rudimentar” e a forma como os acontecimentos são dados a conhecer ao mundo, por Putin, faz parecer que a Rússia parou na Segunda Guerra Mundial. Refiro-me, por exemplo, ao tipo de comunicação usada por Putin, em estilo e meios, completamente anacrónica comparada com a do adversário Zelensky.

É quase como comparar uma televisão a preto e branco com uma Smart TV a cores.

 

No primeiro mês de guerra, a Rússia perdeu mais material bélico, principalmente aviões, do que durante as guerras em que se envolveu desde 1945.

Putin pensou que tomava Kiev em três dias, mas os soldados russos encontraram o calvário. Chegaram a agonizar com a falta de alimentos e combustíveis.

A estratégia, o planeamento, o “sofisticado” armamento têm-se revelado uma anedótica fantasia.

 

Já passaram quase sete meses de guerra, de uma guerra que se adivinha longa, mas tudo parece estar a falhar ao ditador russo.

No entanto, Putin tem tentado parecer um não derrotado, quer salvar a face e procura remédio noutros potenciais aliados que têm recursos e que não se pronunciaram com clareza sobre a invasão à Ucrânia. Não disseram “sim” nem “não”, ficaram-se pelo “nim” no discurso, já na ação política parecem estar a colaborar com Putin, como é o caso da China.

Putin já negociou com a China a venda de gás, que a Europa quer progressivamente deixar de consumir à Rússia, com as construção de um gasoduto que ligará a Sibéria a Xangai.

Um problema, aliás um grande problema, para a Europa, os EUA e mesmo para o mundo, porque a China tem a ambição de ser a maior potência mundial e na sombra pode vir a consegui-lo muito rapidamente. O perigo reside exatamente no facto de a China ser uma ditadura, onde não há liberdade, não se respeitam os direitos fundamentais das pessoas nem as regras de proteção do ambiente. Portanto, se a China vier a ser a grande potência teremos um mundo menos livre, repressivo e poluído.

 

Importa, por isso, não esquecer a Ucrânia e fazer cair Putin, uma missão que não se adivinha fácil, e a esperança pode estar nos próprios cidadãos russos que já não aguentam mais. Uma queda do sistema vinda de dentro não feriria o tal orgulho russo de que falei. Seriam eles próprios a renegar o seu líder.

Devemos dar todo o apoio aos corajosos cidadãos russos que tomem essa iniciativa, porque além de salvarem o seu país, podem estar a salvar o mundo.

 

Enquanto isso, a guerra continua com milhares de mortes e refugiados. E, ninguém esperava uma resistência como a que está a acontecer na Ucrânia.

Talvez se explique pela sua história de humilhação e barbárie que vem desde o Holodomor até à anexação da Crimeia.

O “gene” da resiliência adormecido acordou, e depois de muitas mortes e sacrifícios, nós europeus já estamos em dívida para com os ucranianos, porque se a tomada de Kiev fosse fácil, como Putin julgou que seria, agora teríamos a Rússia a tentar invadir outros países europeus, seus vizinhos. Quem sabe já não teria chegado a Lisboa?!

O sonho imperialista de Putin está a ser travado.

Os heróis ucranianos estão a tentar salvar o seu país e com isso estão a salvar os nossos estilos de vida, os nossos valores – a democracia.

Têm sido o nosso escudo e temos que pensar que, depois deles, nós seremos o próximo alvo de Putin. Esta é uma dívida que temos já com o povo ucraniano.

 

A guerra na Ucrânia está a deixar de ser notícia, ou pelo menos uma notícia, que nos choque como quando começou.

Não podemos adormecer sobre a barbárie, por nós, pelos ucranianos e por um mundo civilizado, até porque a grande potência afinal não é assim tão grande e o rei Putin vai nu!

 

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