Editorial

Ó tempo volta para trás…
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Zita Leal

Após Abril, juntar a voz à de António Mourão e cantar esse estribilho era um tanto inconveniente e quase de mau presságio.

Nos dias de hoje, precisamos de inventar forças e sorrisos para cantar as Janeiras, os louvores ao Menino, a Senhora a lavar os cueirinhos no rio; as mesas de consoada reduzem-se a cinco ou seis lugares por junto, as missas de galo não esperam pela meia noite, o Pai Natal e as renas vêem-se em palpos de aranha para distribuir os presentes antes do recolher obrigatório qual Cinderela antes da meia noite. Enfim, uma série de circunstâncias que quase nos levam a juntar outra vez a voz a António Mourão… e eu pergunto: “com que voz?”

A minha sumiu-se na falta dos abraços, das correrias da criançada na busca do sapatinho, dos cuidados dos meus filhos à conta da diabetes, do coração cansado de tanto se dar. Até a estrela prateada no cimo do pinheiro não parece atinar com o equilíbrio do ano passado e oscila para a esquerda e para a direita sem direcção definida. Com que voz desejarei Boas Festas aos vizinhos, aos amigos, se a alegria se esfuma a cada dia que passa?

Resta-nos olhar o céu e seguir em frente até porque a estrela de Belém vai estar aí de novo a iluminar este ano de trevas. Há dois mil anos atrás os Reis Magos orientaram-se por ela e encontraram o Caminho.

Não somos reizinhos de coisa nenhuma mas temos em nós a força que nos vai trazer de novo a VIDA. Sem medos VIVAMOS!

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