O Ter, o Ser e o Parecer

Na sociedade actual, prevalecem desejos cada vez mais associados ao ‘ter’, como a  crescente ambição de posse de bens materiais, de par com o consumismo e a sede de poder, em detrimento dos maiores valores reais da vida, o que coloca a humanidade no abismático caminho da destruição social, psicológica e ambiental.

Ah, mundo, para onde vais,

se a minha visão distante

se perde na cinza das brumas

de um horizonte inconsequente,

e triste.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 

Vejamos o que nos diz o filósofo e sociólogo Erich Fromm

 “A relação das pessoas com a Natureza tornou-se profundamente hostil. Sendo, como somos, «fenómenos da Natureza», existindo dentro dela pelas próprias condições do nosso ser e transcendendo-a pela dádiva da razão, tentamos resolver o problema existencial desistindo da visão messiânica da harmonia entre a Natureza e a Humanidade, optando por conquistá-la, transformá-la, de acordo com os nossos interesses, até que essa conquista se tornou cada vez mais semelhante à destruição. O nosso espírito de conquista e a nossa hostilidade cegaram-nos para os fatos de que as fontes naturais têm os seus limites e podem eventualmente esgotar-se, e de que a Natureza pode voltar-se contra a violação humana.   Somos uma sociedade de gente visivelmente infeliz: sós, ansiosos, deprimidos, destrutivos, dependentes – gente que se alegra quando matou o tempo que tão desesperadamente tentamos poupar.”

 

O “TER”, o “SER” e o “PARECER”

Para muitos, possuir bens materiais parece ser hoje o único meio de valorização pessoal. Este conceito encontra nos seus defensores a justificação de que para se ser reconhecido e ganhar notoriedade é necessário “Ter. Para esses, a procura da felicidade parece passar exclusivamente pelo Ter e/ou por aparentar “Ter”

(o querer “Parecer).

 

Uma manifestação do “Ter” é o da apropriação. E o detentor do bem obtido quer ser reconhecido com vencedor. Porque nenhum desses indivíduos quer sequer aceitar que pode vir a perder aquilo que conquistou. Se me alargasse um pouco mais, iria indubitavelmente cair numa caracterização próxima do neo-liberalismo mais ou menos selvagem – com o seu cortejo de práticas condenáveis – onde o meu contumaz espirito analítico e, eventualmente, censório. me levaria. Mas, decidida-mente, não foi isso que hoje aqui me trouxe.

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No fundo, a grande diferença entre o “Ter” e o “Ser” equivale à diferença entre uma sociedade centrada nos bens materiais, nas coisas, e outra que se foca nas pessoas, porque deve ser para isso que nos organizamos enquanto sociedade dita civilizada.

O “Ser” é o assumir a consciência da realidade, do que se é, e de que existem os outros num mundo que a todos abriga, e, como tal, que deve se respeitado.

Ao “Ser” estão subjacentes os conceitos da independência e da liberdade, a nossa e da pátria que nos reconhece como seus filhos. Negar-lhe esse mór direito seria traí–la e,consequente, trai-nos a nós próprios.

Para mim, sermos felizes é sentirmo-nos em paz, e isso implica estarmos de consciência tranquila, de bem connosco próprios e com os demais, porque, na justa medida das nossas possibilidades, contribuímos para o bem colectivo.

 

PORQUE SERMOS SÓ O QUE TEMOS, É POUCO, É MUITO POUCO!

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