No nosso país existe uma espécie de vício, o do incumprimento.
Se estamos perto de uma passadeira, mesmo que seja a dois ou três metros, atravessa-se a rua fora do local adequado.
Numa porta está escrito que não se pode entrar, alguém vai tentar ”distraidamente”, passar por aí.
Está a cair o sinal luminoso encarnado, sabemos que vamos transgredir, mas aproveita-se aquele milésimo de segundo para passar mesmo sujeitando-nos ao perigo de acidente.
Já vimos um carro estacionado num parque, até com poucas vagas, a ocupar quatro lugares. Conseguiu aparcar no cruzamento dos quatro rectângulos, como se tratava de uma viatura razoavelmente larga, apenas deixou espaço para motas ou bicicletas.
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Mas é vulgar encontrarmos nas nossas ruas ou estradas, automóveis estacionados a par de outras viaturas, mesmo interrompendo o trânsito.
Buzinar em qualquer lugar, com ou sem razão, é outro facto da nossa vivência diária.
Em suma, existe uma espécie de adrenalina que empurra o teimoso Ser Humano para a transgressão, deve sentir-se mais importante, mais livre.
Todas estas situações são passíveis de coima ou repreensão, mas bastava um pouco de civismo e nem seria necessário qualquer castigo.
Por exemplo, relativamente ás passadeiras, existe a Lei 265A?2001 de 28 de Setembro, que regula o trânsito de peões. Este Decreto/Lei prevê situações como:
– Atravessar a rua fora das passadeiras, a menos de 50 metros;
– Nos sinais luminosos, não cumprir o verde, como devem saber é a cor que autoriza a travessia da via pública com segurança;
– Quando o peão coloca em perigo a boa condução de um veículo;
– E muito mais que não mencionamos para não tornar o texto fastidioso, até porque qualquer cidadão, caso pretenda, pode consultar esta lei no Diário da República.
Então porque estamos a recordar o tal vício do incumprimento?
É uma mania que não existe apenas em Portugal, pode acontecer em qualquer parte do Mundo. Foi por isso que aqueles doze meninos e o seu treinador ficaram presos mais de duas semanas na gruta Tham Luan situada na fronteira entre Mianmar e o Laos, na província Chiang Rai, no norte da Tailândia.
Uma situação de perigo para as suas vidas que obrigou a movimentar centenas de pessoas e de materiais apropriados para os salvar, simplesmente porque o responsável pelo grupo não cumpriu o aviso escrito na gruta informando que não era permitida a entrada na época das monções devido ao perigo eminente de inundação provocada pelas chuvas.
Vejam como o ingénuo incumprimento provoca a morte de um ex-mergulhador da Marinha tailandesa que prestava ajuda voluntária na travessia de abastecimento.
Cumprir as regras, não será mais cívico, prático, correto e seguro?
Ou é um problema relacionado com a educação?