OLHARES: Nuno Quadros lançou livro de crónicas e Comunidade moçambicana em Lisboa marcou presença

Num ambiente bonito e descontraído no Jardim da Embaixada no Príncipe Real em Lisboa, tendo a “Cabana” como ponto de encontro, Nuno Quadros, apresentou no passado dia 18 de maio, ao final da tarde, o seu livro de crónicas “Antes que a gente morra”.

Trata-se de uma compilação de vinte e oito “histórias e memórias de Moçambique e arredores”, numa bela edição da Dinalivro, com capa de Margarida Amial e desenho e paginação de Inês Ramos.

Nascido na Zambézia em 1955, filho mais novo de uma família de dez irmãos, viveu e cresceu em Moçambique até finais de 1974.

O autor Nuno Quadros, aos 18 anos, já em plena guerra do ultramar, sujeitou-se a uma inspeção militar que o declarou apto para todo o serviço e juntou-se a um grupo de amigos fugitivos das recrutas de Boane que se aventurou pelas Américas do Sul, como se pode ler no breve apontamento biográfico que abre o seu livro.

Trabalhou em Portugal e no Brasil antes de regressar a Maputo em 1995, onde esteve até 2022 e vive agora em Vila Praia de Âncora.

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Foram muitos os amigos e conterrâneos que se associaram a este momento cultural, todos com um traço de vivências de Moçambique, especialmente das cidades de Quelimane – a cidade do “rio dos bons sinais” nome dado por Vasco da Gama, que aí aportou em Janeiro de 1948, aquando da sua primeira viagem de descoberta do caminho marítimo para a índia – e da então Lourenço Marques, hoje Maputo, terras do clã Quadros (Afonso e Maria já falecidos), com uma família numerosa de dez filhos, sete raparigas (Leonor, Helena, Ana Maria, Fernanda (já falecida), Maria João, Isabel e Graça) e três rapazes (Rui e Jorge, já falecidos e o Nuno Quadros).

Em todos era bem evidente nesta iniciativa literária, o prazer do reencontro e o sentimento de saudade desses tempos em terras do Índico, nos gestos e nas conversas, proporcionados pelo passa-palavra tão típico desta comunidade moçambicana, que uma vez mais se mostrou muito unida.

Entre os presentes, além dos familiares, destacamos as presenças do Dr. Joaquim Bule, Embaixador de Moçambique em Portugal; Dra. Graça Gonçalves Pereira, ex-Cônsul-Geral Portuguesa em Maputo; António-Pedro Vasconcelos, cineasta; Teresa Schmidt, ligada que foi às Produções Fictícias; Pedro Paixão, escritor romancista; Chico Cunha, pintor; José Teixeira, blogger; Patrícia Vasconcelos, diretora de casting; Abel Dias, foto-jornalista; Ivone Raia, ilustradora de obras infantis e colaboradora do jornal Público; e Paula Amaro, da Editora Dinalivro.

No bar, o vinho, o queijo e as chamuças foram ingredientes gastronómicos que se ajustaram ao convívio e à clientela e, já a tarde ia alta, quando a sessão terminou com a promessa de uma próxima apresentação do livro no norte do país.

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Paola Rolletta, jornalista italiana que durante anos foi correspondente do da RTP em Roma, define este livro escrevendo na sua contracapa são histórias verdadeiras, ou, pelo menos, com um fundo de verdade, sem pretensão de mudar o curso da História ou o destino dos homens. É a narração divertida – rigorosamente na primeira pessoa – de uma vida repleta de personagens, míticos caçadores de caça grossa e refinados músicos, presidentes de Estado e guarda-costas de boîte, de praias e savanas. Esta epopeia personalíssima, abraçando mais de 40 anos do século passado, atravessa dois oceanos, três continentes e um mosaico de países e cidades que até mudaram de nome.

Também José Pinto de Sá natural da Beira, Moçambique, nascido em 1948, tendo frequentado a Escola Superior de Belas Artes do Porto, refugiado político, jornalista, encenador, dramaturgo e co-fundador do grupo de teatro Tchova Xita Duma, escreveu: A escrita é muito viva e recria situações como se as estivéssemos a ver. As histórias às vezes são muito divertidas, outras vezes são quase tristes., porque realmente a vida é feita de tudo isso.

O autor Nuno Quadros dedicou o livro aos filhos Carlos, João e Afonso e registou agradecimentos a Ana Amial, Paola Rolletta, Isabel Neto, Conceição Siopa, António-Pedro Vasconcelos, Rui Tainha, Marta Lança, Zé Teixeira, Zé Pinto Sá e a todos os “Amigos em parte incerta”.

Também agradeceu à arquiteta Margarida Amial a bonita capa do livro.

                         

Gostei muito de ter estado presente, não só pelos laços familiares que me unem ao autor, mas também porque cumpri em Moçambique uma comissão de serviço militar obrigatório, na então Guerra do Ultramar, de 1970-1972, em Nangade (ali junto ao Rovuma) no Cabo Delgado, tendo participado na tomada da Base de Omar e conhecido as cidades de Maputo, Beira, Nacala, Nampula, Ilha de Moçambique, Porto Amélia e as vilas de Montepuez, Mueda, Palma e Mocímboa da Praia e os aldeamentos de Pundanhar e Negomano.

Aos 65 anos, Nuno Quadros revelou-se um cronista assumido, esperando-se novas produções num futuro breve.

Já no próximo dia 3 de junho (sábado) estará na Feira do Livro de Lisboa, entre as 15 e as 15H45 para a apresentação do seu livro “Antes que a gente morra”.

Um livro a não perder e que se lê num ápice! Por isso, aproveite as próximas apresentações aqui no norte, a anunciar em breve, onde certamente não faltarão o copo de vinho, a chamuça, a tequila e uma conversa para matar saudades daquelas Terras do Índico.

Porque Amizades de África, são para Sempre!

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