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Orfeão de Vila Praia de Âncora respira cultura, longa e enriquecedora tradição

Sede do Orfeão

Apesar dos 58 anos de existência nada faz o Orfeão de Vila Praia de Âncora sair do caminho do qual foi criado.

A ociosidade ou o conseguir outra forma de a preencher levou alguns homens a juntar e criar esta instituição. Mas, o tempo não faz mossa e o canto e dança e teatro fazem com que a cultura e tradição se mantenha e melhore.

O Orfeão de Vila Praia de Âncora é instituição de utilidade pública desde 1980, mas nasceu muito antes, daí justificar-se esta entrevista.

O Minho Digital falou com Francisco Presa, actual presidente da Direcção, onde são lembradas histórias que, provavelmente, talvez já estivessem no baú das recordações.

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Minho Digital (MD) – Quando surge o Orfeão de Vila Praia de Âncora?

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Francisco Presa – O Orfeão de Vila Praia de Âncora surgiu em 17 de Março de 1958, pela iniciativa de um grupo de homens de Vila Praia de Âncora que, cansados de umas noites de ociosidade, pensaram criar um grupo coral.

MD – Quem foi o seu fundador?

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Foi seu fundador o pároco da freguesia, Pe. José Pereira Lima, sacerdote muito dedicado à música e que, já em 1947, tentou fundar um Coral no âmbito de um movimento religioso – a Ação Católica. No entanto, este Coral, que se chegou a apresentar, teve uma vida muito curta.

MDE é então que mais tarde surge o Orfeão … Com que objectivo?

Como disse, alguns homens de Vila Praia de Âncora que se reuniam às noites para jogar cartas ou ping-pong nas instalações de uma associação, a Sociedade de Instrução e Desporto Ancorense (SIDA), situada junto à Praça da República, ou então reuniam-se no Café Central em animadas tertúlias, começaram a sentir a necessidade de encontrar outras formas de passar as noites. Temos de lembrar aqui que, naquela época, Vila Praia de Âncora tinha uma vida noturna muito intensa que se desenvolvia no centro da vila, mais concretamente na Praça da República, pois aí estavam o Café Central e a SIDA. Por outro lado, sempre houve grande tradição musical em Vila Praia de Âncora: no princípio do sec. XX houve duas Bandas de Música e o ensino da música era prática corrente em muitas famílias.

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Mas a associação Orfeão de Vila Praia de Âncora não é formada somente por um Grupo Coral. Tem também um Grupo de Danças e Cantares Regionais, criado em 1971, e um Grupo de Teatro, de momento em reestruturação, mas que acompanhou a vida do Orfeão desde a sua fundação. Também aqui temos de referir que o teatro era uma tradição em Vila Praia de Âncora.

Ao longo dos seus 58 anos de existência, o Orfeão de Vila Praia de Âncora sempre esteve atento às necessidades da freguesia e do concelho. Por isso criou outras secções, umas ainda existentes, outras não. São exemplo a criação de um Jardim Infantil, aulas para educação de adultos, escola de música (a certa altura da sua existência entendemos, juntamente com o Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora, fundar a Academia de Música Fernandes Fão, em 1988, ainda existente e com grande atividade). Também por cedência da Fundação Calouste Gulbenkian, gerimos, durante muitos anos, a Biblioteca Fixa nº. 35, integrada no programa de dinamização de hábitos de leitura criado por aquela Fundação.

Só mais tarde e sendo reconhecido o valor de todas as suas actividades, o Orfeão de Vila Praia de Âncora viria a ser declarado Instituição de Utilidade pública em 1980.

 

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MDQuantos elementos compõem o orfeão?

O Orfeão, no momento, é composto por cerca de 85 elementos: 50 no Grupo Coral e 35 no Grupo de Danças e Cantares Regionais.

MD – Entre que idades?

As idades variam: no Grupo Coral entre os 30 e os 81 anos, com uma média etária de cerca de 45 anos e no Grupo de Danças e Cantares Regionais entre os 5 e os 65 anos.

MDComo decorre a vida do Orfeão, financeiramente e em termos de actuação?

O Orfeão actua gratuitamente, pedindo, em alguns casos, que lhe facultem o transporte dos orfeonistas quando se trata de actuações em localidades afastadas de Vila Praia de Âncora; quando são próximas, muitas vezes juntámo-nos nos nossos carros, naquele espírito de voluntariado que caracteriza as actividades do Orfeão.

MD – Qual a forma de subsistência do Orfeão?

O Orfeão subsiste através da quotização dos sócios, de apoios recebidos de entidades oficiais e de donativos de alguns amigos.

MD – Como podem os interessados entrar no Orfeão?

O Orfeão está aberto a todas as pessoas que gostem de cantar ou dançar e que se comprometam a comparecer aos ensaios. A assiduidade é fundamental para o bom desempenho das secções do Orfeão. Felizmente isso existe e regista-se com agrado que, a maior parte dos orfeonistas, só em casos extremos de impossibilidade total é que não comparecem aos ensaios. Posso dizer que temos uma afluência que ronda os 90 %.

MDSendo o concelho de Caminha rico em associações, tem algum protocolo com alguma delas?

O Orfeão de Vila Praia de Âncora estabeleceu, em 2004, com a Câmara Municipal de Caminha e a Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora, um protocolo de cedência, por 30 anos renováveis, das instalações da antiga escola do Viso, desactivada, comprometendo-se a colectividade a colaborar, anualmente, em alguns espectáculos organizados por aquelas entidades.

MD – Quais são as dificuldades, se existem, do Orfeão de Vila Praia de Âncora?

Não se pode dizer que, de momento, o Orfeão de Vila Praia de Âncora tenha grandes dificuldades. No entanto, há sempre a necessidade de melhorar o desempenho, quer através dos recursos humanos mais qualificados ou através da colaboração de um preparador vocal.

MD – Consideram que existem diferenças no tempo que nasceram e o actual?

Apesar de os objectivos perseguidos continuarem a ser os mesmos, existem algumas diferenças, quer a nível de repertório, quer a nível de vozes, quer ainda a nível de conhecimentos musicais (apesar disso, só cerca de 15% dos orfeonistas tem conhecimentos musicais, e alguns muito rudimentares).

MD – Quais são os projectos futuros do Orfeão de Vila Praia de Âncora?

O Orfeão tem-se caracterizado por muitas iniciativas ao longo da sua existência: os Encontros de Coros do Norte de Portugal, os quais terminaram ao fim de cerca de 30 anos, dando lugar a outros de âmbito mais regional, jogos florais, concursos de traje regional, de pintura, etc.  Neste momento, estamos a pensar criar, juntamente com a Agrupacion Coral Polifónica de A Guarda (Pontevedra) e o apoio da Câmara Municipal de Caminha e o Ayuntamiento de A Guarda (Pontevedra), um Festival, anual, de canções ligadas ao mar e ao Rio Minho e que se pretende que ajude a impulsionar o projecto “Estuário do Minho a Paisagem Cultural da Unesco”. O Orfeão de Vila Praia de Âncora não pára e, por isso, outras iniciativas estão em estudo, e delas  daremos conhecimento numa fase mais próxima de concretização das mesmas.

MD – A música que tocam é específica ou o leque é alargado?

O Grupo Coral tem no seu repertório música variada, desde a música popular até aos grandes clássicos, passando por música internacional. Pretendemos cantar música de qualidade, criada ou harmonizada por grandes nomes da música. Assim, cantamos Lopes Graça e outros compositores portugueses (já fizemos um concerto com música exclusivamente daquele compositor, no 15º aniversário da sua morte), música espanhola (habaneras e outras de cariz popular e estivemos presentes em vários certames exclusivamente de habaneras, juntamente com corais de todo o mundo), música clássica (temos colaborado regularmente com a Orquestra do Norte, tendo já cantado os Carmina Burana de Carl Orff, o Stabat Mater de Rossini, o Requiem de Mozart, Coros de Óperas de Verdi – vamos apresentar esses coros no próximo dia 9 de Julho, em Vila Praia de Âncora- e outras de menor envergadura. Também, todos os anos, pelo Natal, fazemos vários concertos com música exclusivamente alusiva à época. Procuramos diversificar o repertório, apresentando um programa adequado a cada auditório.

 

 

 

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