Os extremos bons e os extremos maus

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José Venade *

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Como se previa a vitória eleitoral da coligação “Irmãos de Itália” liderada por Geórgia Meloni, da extrema-direita, fez soltar a língua dos comentadores afectos à esquerda caviar, passando um atestado de menoridade ao povo italiano e menosprezando a vontade de um povo com uma forte tradição democrática.

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1- Como vem sendo hábito quando a direita ou a extrema-direita vencem, logo se apressam, os comentadores avençados, a dizer que, a democracia está em perigo, ou que, a continuidade do apoio do governo italiano no conflito Rússia/Ucrânia, ou as relações com a EU, estaria comprometida. O mesmo não se verifica quando a extrema-esquerda vence. Há outra “sensibilidade”, mesmo que, nos programas eleitorais desses partidos, sejam muitas vezes piores que os de direita. Têm boa imprensa.

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A Itália que é a terceira potência da União Europeia, tem-nos habituado a uma fragilidade política/governamental. Desde 1974 até à presente data já teve 25 primeiros- ministros, sem contar com a senhora Meloni.

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2- Por sua vez, Portugal, em 2015, a coligação, “Portugal á Frente”, (PàF), liderada por Passos Coelho, que era o actual primeiro-ministro, desde 2011, se recandidatou e venceu com maioria simples as eleições legislativas, o seu governo foi derrubado na Assembleia da República. De nada valeu o voto legitimado pela vontade dos portugueses.

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E o impensável aconteceu. Nasce, então, aquela que foi apelidada de “geringonça”, que foi a salvação política de António Costa e o desastre para Portugal. Não fosse a “geringonça” e o futuro político de António Costa, terminaria no dia das eleições. Lá se ía o “poucochinho”.

Por essa altura, (e já lá vão três), Portugal já se tinha visto livre da troika, a mesma que foi requerida pelo partido socialista com a governação desastrosa de Sócrates, que levou o país à beira da bancarrota.

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 Em 2015, Portugal estava em franca recuperação económica.

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A “geringonça” dividiu, e ainda divide, opiniões e até constitucionalistas, mas foi um facto e obteve jurisprudência. Doravante existirão muitas mais “geringonças”, pouco importando que essa seja, ou não, a vontade do povo.

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O curioso da “geringonça” é não se aplicar ao poder autárquico. Porquê?

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Para a constituição da mesma, o Partido socialista (PS) coligou-se com o partido comunista, (PC) e com o Bloco de Esquerda, (BE). Ou seja: com a extrema-esquerda. A mesma que quer Portugal fora da União Europeia, (UE) da Organização do Tratado do Atlântico Norte, (NATO) ou que apoia a Rússia na invasão à Ucrânia, ou que afirmava que a nossa dívida não é para pagar.

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A ganância pelo poder e a sobrevivência política de António Costa, fi-lo “comer sapos” e fazer cedências absurdas, à extrema-esquerda. Conseguiu aguentar-se no poder, é certo, mas com custos elevados para a nação.

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Não aproveitou o crescimento da economia portuguesa e a nível mundial, para relançar Portugal e dinamizá-lo, com reformas estruturais. Remeteu-se para uma governação feita de cativações e adiamentos onde o Estado investiu menos que durante o tempo da troika (2011/2014).

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A partir desse momento a extrema-esquerda passou a governar e a sustentar uma maioria parlamentar.

As eleições são (eram) o momento mais puro e supremo, a festa da democracia, aonde o povo se pronuncia e escolhe livremente, quem o quer governar. É o povo a falar com, e para, a classe politica.

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3- Pouco antes, em Janeiro de 2015, na Grécia, o partido de Alex Tsipras, o Syriza, da extrema- esquerda radical, venceu as eleições por maioria simples. Aliou-se com os” Gregos Independentes” para obter a maioria absoluta.

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Enquanto foi oposição, fomentou e incitou o descontentamento dos gregos, que semearam a violência e o caos pelas ruas, que, pré- falidos, bem antes de nós, estavam a ser administrados pela troika, com severas medidas de austeridade. Não as aceitavam, mas não tinham, como não tiveram, outra alternativa.

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Crentes que estavam nas promessas utópicas e irrealistas de Alex Tsipras, depressa constataram outra realidade pura e dura.

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Há uma pequena e grande diferença entre estes dois países. Passos Coelho, disse aos portugueses o que era necessário fazer e enfrentar a crise e sairmos – o mais depressa possível – da situação de pré-falência e do jugo dos nossos credores. Os portugueses colaboraram e os resultados surgiram.

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Com Alex Tsipras no poder, o mesmo que tudo tinha prometido, fracassou de seguida. Encetou negociações com os credores, sem êxito. Não desistiu do seu intento, e, nesse sentido, realizou um referendo que venceu com 62.5% dos gregos a votarem não, à austeridade. Foi ganhando tempo.

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É evidente que, tudo isso, foi uma manobra eleitoral para se manter no poder, contrariando tudo o que anteriormente fez e disse que fazia, enquanto partido de oposição feroz à troika. Para os seus crentes, ele fiz tudo o que podia.(?) Mas, Tsipras, sabia que era impossível. Sem dinheiro, não há milagres económicos. Mas foi com essa propaganda que alcançou o poder.

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Dias depois, estava sentado à mesa das negociações, com a troika, para pedir mais dinheiro fresco.

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Tudo como antes.

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* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.

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