Editorial

OS NOVOS GLADIADORES
Picture of Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

Partilhar

Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

Quem serão os novos gladiadores portugueses?

Claro que são os nossos heróis da Seleção Nacional de Futebol.

Lamentavelmente o grande sucesso da nossa exibição no Campeonato do Mundo de Futebol terminou prematuramente, não por incompetência dos representantes mas sim pela interferência, por vezes pouco clara, dos juízes das contendas. Isto pensamos nós que até nem somos muito entendidos no assunto.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Mas em primeiro lugar vamos ver porque razão os apelidamos de gladiadores.

O gladiador era um lutador equipado com espada e outros adereços de guerra. Participava em combates com outros lutadores ou com animais vulgarmente ferozes e de grande porte.

A palavra deriva do latim gladi?tor que por sua vez tem origem em gladius, (espada romana). Os primeiros relatos que se conhecem datam de 264 a.C. em lutas públicas para homenagear membros da elite romana nos seus atos fúnebres. Acontece que os espetáculos rapidamente se espalharam para o grande público em anfiteatros que conseguiam reunir cinquenta a oitenta mil espectadores. A sua função também mudou pois o gladiador passou a representar o poder: de algum grande senhor, de uma instituição, de uma nação ou até a postura de uma religião.

No fundo era uma demonstração atlética acompanhada de grande valentia e coragem, mas quem o praticava eram os pobres ou os escravos. A sua divulgação popular deveu-se à excitação, à adrenalina provocadas pelas lutas e sobretudo às apostas que surgiam em cada combate.

Esta demonstração de força e de valentia de um senhor importante ou até de um povo era representada por esse herói, “o gladiador” ou por vários heróis, um grupo de gladiadores que eram comprados ou vendidos por valores relacionados com a sua capacidade atlética e as vitórias adquiridas.

Esta situação foi transportada, de forma mais ou menos clara, para os nossos dias com os valorosos jogadores de futebol.

Senão reparem:

– Eles são comprados ou vendidos conforme o seu valor atlético e as vitórias adquiridas;

– São utilizados como representantes de alguém com muita capacidade económica;

– Ou de um clube que pertence a algum grupo de gente com imenso dinheiro ou crédito disponíveis;

– São o elemento-chave das apostas desportivas;

– E nos Mundiais ou nos Europeus são os heróis da nação, representantes do orgulho de um povo.

Hoje, é uma profissão com poucos anos de exercício e por isso muito bem paga.

Agora vejamos, temos um povo excecional, ofereceram-lhes uma linda receção como agradecimento pelo seu empenho. Mereceram bem essa manifestação de carinho popular, até porque deram sempre espetáculos dignos dos campeões que são.

Lamentamos apenas que não esqueçam por momentos a febre do futebol e não prestem o mesmo reconhecimento a atletas como os que nos representaram nos Jogos do Mediterrâneo onde já conquistaram três medalhas de ouro, três de prata e seis de bronze.

Talvez por culpa da comunicação social, esquecemos com facilidade que temos muito mais gente que nos orgulha, são eles: cientistas, músicos, atletas de múltiplos desportos e até políticos que se salientam em posições-chave a nível global.

Pensamos que esta capacidade de união e dinâmica no acompanhamento da nossa Seleção, deve ser utilizada em proveito dos assuntos mais importantes que nos preocupam, tais como:

– A defesa e o bem-estar da família;

– Valorização das questões relacionadas com a saúde;

– Na importância da educação;

– Atualização profissional;

– Carreira profissional;

– Nas manifestações culturais;

– Direitos sociais;

– Na vigilância do comportamento dos políticos;

– E sobretudo estar informado da atividade política, principalmente nos assuntos que podem prejudicar a vida futura do cidadão.

Será que nos falta alguma capacidade de ponderação na valorização da importância dos acontecimentos e da informação?

 

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas