Mais um ano em que, depois de a Protecção Civil emitir o alerta para o alto risco de incêndios, como que espoletou um gatilho que desencadearam os gravíssimos incêndios que todos nós assistimos.
Dá a sensação que estes avisos parecem ser uma senha para os incendiários?
Somos conscientes de que, acabar literalmente com os incêndios, é uma tarefa utópica, mas devem proceder a alterações nos montes, de forma a que não se voltem a repetir incêndios com esta gravidade.
Depois dos mortíferos incêndios de Junho e Outubro de 2017, em que mais de cem pessoas perderam a vida, esperava-se que algo de significativo, nestes anos, tivesse mudado, no que à prevenção dos violentos incêndios diz respeito. Mas nada mudou.
António Costa era, à época, o primeiro-ministro desde 2015 e como ele era o homem da “palavra dada palavra honrada” e perante a horrenda mortandade e destruição verificada, reuniu todas as condições para ter um amplo consenso político em torno da resolução do mesmo. E de uma vez por todas, começar a proceder a uma reforma global e honesta da floresta.
A este propósito ele disse o seguinte:” este é o momento de fazermos a reforma há muito adiada da floresta.”
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Nesta, como em inúmeras ocasiões, o chavão da: “palavra dada palavra honrada”, caiu na memória e no esquecimento, em cima de muitas mais, e nada foi feito. Pedrogão Grande está na memória das pessoas pelos piores motivos, como os desvios de verbas, de peculato e outras cenas que, esperamos, agora, não ver repetidas.
Despachado, ou auto-despachado, António Costa, para um lugar, por si, muito ansiado, tranquilo e bem remunerado, de Presidente do Conselho Europeu, cabe a palavra ao actual primeiro- ministro, Luís Montenegro, no cargo há apenas cinco meses.
É imperdoável que ele não o comece a fazer, estabilizado que está no poder.
Ao que parece, em termos legislativos, estará tudo feito, falta agora pôr em prática os meios e os métodos. As promessas da Centrais de biomassa prometidas por António Costa, ficaram no papel, assim como tudo o resto. E cumprir.
A vigilância, a gestão e o planeamento, e a fiscalização são determinantes. A colocação de mais câmaras de vídeo-vigilância, e até o condicionamento, ou a proibição da circulação nos estradões florestais, sempre que se justifique, ou a limpeza anual dos montes periféricos com as aldeias, com mais aceiros de 100 metros de largura, e comprovadamente limpos, etc.
No que respeita à gestão, não se entende como é que enormes manchas florestais, no seu auge, não são cortadas para dar lugar a outras. É preciso saber rentabilizar a floresta.
Parece que estão à espera que a “ enxada vermelha” as leve?
A gestão dos montes deve ser feita pelos donos dos mesmos: as Juntas de Freguesia, porque são eles quem melhor o sabem fazer, que conhecem a sua terra como ninguém. Basta de ter tanta gente a mandar quando nem a terra conhecem!
Então porque não delegam?
PUBSe o fizessem, seria um sinal de descentralização e de proximidade mas também de co-responsabilização, destes, para com os seus montes. Seria, também, um incentivo ao combate contra a desertificação do interior, local onde se concentram as maiores manchas de floresta, na medida em que criariam postos de trabalho permanentes. É preciso deslocar meios e técnicos para o terreno, em permanência, pô-los ao serviço das Juntas, porque a floresta é auto-suficiente.
E que todas as verbas ficassem nas freguesias e não uma pequena percentagem, como acontece.
Quarenta e oito anos depois das primeiras eleições autárquicas em liberdade e em democracia, é triste verificar como o poder central continua a olhar para os Presidentes das Juntas como figuras menores. E eu fui autarca desde 1977/1983 e vejo que nada de relevante evoluiu. Ora isto é algo que só cabe em mentes pequeninas.
As Juntas de Freguesia são o primeiro e verdadeiro elo democrático, de ligação com o povo, e com a floresta em que sempre viveram. São eles que a conhecem e amam a sua terra.
Deem-lhes competências e verbas que eles assumirão a responsabilidade.
Em Pedrogão Grande, a única obra visível foi o Memorial às vítimas, uma obra megalómana de 1,8 milhões de euros, como se a megalomania paga-se e apaga-se, ou devolvesse as pessoas, os bens e as paisagens.
Quanto ao resto, à prevenção, está tudo como dantes.
(José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor).
4 comentários
Os incêndios são uma calamidade para Portugal que se repetem numa cadência previsível.
Portugal nunca mais voltará a ter uma vida rural como a que vivemos até há poucas décadas atrás.
Sinto muito pelas famílias que ficaram sem nada perante esta calamidade dos incêndios.Os políticos só fazem promessas ,seja o partido que for,”para a próxima será diferente” será sempre igual ou talvez pior.
Sinto muito pelos bombeiros e populares que perderam a vida nestes incêndios,um bem haja a estes soldados.
Até ver tem sido assim.
Cabe ao actual governo e a todos os partidos da oposição, fazerem um pacto de regime, para vinte anos, porque reverter a actual situação, demorará esse tempo.
E delegar competências, e verbas e técnicos, para as Juntas de Freguesia.
Muito obrigado amiga Susana Faria, por me ler e dar o seu excelente contributo,
Os incêndios!
Recomendo à senhora ministra de administração interna, que tenha “Uma conversa” com o anterior e presente “Comandante geral dos bombeiros” E se possível que “fale ” com o Comandante, dos “Bombeiros Espanhóis” que chegaram e em algumas horas o fogo acabou!
E nem a TV tive tempo para mostrar como foi!
Glórias da Proteção Civil não faltam! Obras nem com “um binóculo”!
Caro amigo
José Cachadinha
Nesta cadeia criou-se um ciclo de inteligentes, bem remunerados, e que nada percebem das terras alvo de incêndios. A começar pela Protecção Civil.
É preciso delegar.
Desde logo, por parte do governo para as autarquias e, por sua vez, nos chefes da Proteção Civil para os bombeiros que estão no terreno.
A inação destes nunca é mencionada porque não é politicamente correcto fazê-lo.
Abraço.