Património religioso

Desde que me conheço que me habituei a ver – desde menino- e a apreciar o silêncio das pequenas capelas, igrejas ou das grandes catedrais. Independentemente da fé de cada um, ou de nenhuma, são espaços que convidam à meditação, à reflexão, e à introspecção, em que nos conseguimos abstrair de tudo (?) para nos concentrarmos em nós, relavando-nos por dentro, expurgando ideias, ideais e sentimentos.

Tantas vezes, decisões importantes são, ali, sopesadas, antes de tomarmos uma decisão final.

Há, estou certo, quem há quem o faça num lugar recôndito, algures, numa montanha, ou junto a um lago perdido entre a vegetação, ou, ainda, nas margens de um rio ouvindo o marulhar das águas. Seja onde for, de certeza que sairemos bem diferentes do que quando ali chegamos.

Voltando ao Património Religioso. Com o andar dos anos e, talvez, fruto da minha profissão e interesse pessoal e profissional, aprendi a gostar e a apreciar, de o ler e acompanhar, e tentar imaginar a sua construção e a consolidar conhecimentos nos meandros das diversas Artes intervenientes.

As construções religiosas, e o seu rico e vasto espólio, foram sendo construídas e mantidas, desde os primórdios da religião Católica Apostólica Romana, unicamente com o dinheiro do povo, que, imbuídos pela fé – que tudo move – e não, por um único cêntimo proveniente dos bolsos de algum padre, ou dos cofres da Igreja ,ou do Vaticano. Mas este é outro assunto que hoje não abordarei.

O lema usado pelo padre que, em dado momento, superintende os destinos da igreja, é sempre este, desde que me conheço como gente e tenho um pensamento próprio, para discernir.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Sempre que a mesma precise de qualquer obra ou bem a substituir:

“A igreja é vossa, diz!

É curioso que, a maioria dos paroquianos, não tem esse entendimento, mas adiante.

Esta, é uma expressão aglutinadora, mas também motivadora, e que lhes confere posse/pertença, aos paroquianos. E é nesta ambiguidade que juntamente com a fé- A Igreja é vossa – os espicaça a trabalhar e a dar o seu contributo, em prole da sua igreja, capela ou qualquer outro pertence que a igreja necessite.

Sabemos que, depois das obras, a igreja, deixa de ser deles (?).

A minha terra, Candemil, sempre teve alguma vaidade, contida, é certo, na sua igreja e sempre se esmerou para que ela estivesse adequadamente cuidada e fosse alvo, sem luxos ou ostentações descabidas – que não cabem no seio daquilo que a religião apregoa, mas ao rés do seu povo – de manutenções periódicas, no seu exterior e interior, até porque, para além de tudo (?) é a maior sala de visitas que a freguesia possui.

E, quer queiramos quer não, uma igreja minimamente cuidada é algo que, para além de constituir uma obrigação moral, dos Candemilenses, permite aferir o interesse, ou não, de uma comunidade na manutenção do seu património, e, principalmente o interesse, ou desinteresse, de quem a comanda.

Eu nunca via o edifício da igreja de Candemil, tão decadente, para não utilizar outra expressão.

Os Candemilenses, estou certo, não se furtarão a dar o seu contributo, caso seja necessário, no sentido de ver a sua igreja de cara lavada e não na decadência em que se encontra.

É que, neste momento, é a única igreja em decadência em todo o concelho de Vila Nova de Cerveira, o que não deixa de ser estranho.

O que vemos, actualmente, é um edifício sujo, com péssimo aspecto, a degradar-se, com fragmentos da pintura a esboroarem-se, sem que o responsável principal haja em conformidade.

Ora, cabe ao seu responsável máximo, por esta igreja, tomar a iniciativa, e tudo fazer, para reverter a situação, sendo certo que, quanto mais tarde for feito, mais caro ficará. É que, agora, já é tardíssimo.

Isto para não falar do lamentável e degradante estado do Salão Paroquial de S. José.

Os padres vêm, os padres vão, mas a igreja fica.

 

(José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor).

 

 

 

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