Paulo Morais com ‘casa cheia’ na apresentação da candidatura à Câmara Municipal de Viana do Castelo

No passado fim-de-semana a sala do Hotel Flor do Sal foi pequena para o lançamento público da candidatura de Paulo Morais. Foram mais de quatro centenas de apoiantes que, num ambiente já a ‘cheirar’ a campanha eleitoral, se envolveram num apoio ao candidato da AD.

Com 61 anos, é professor na Universidade Portucalense e foi vice-presidente da Câmara do Porto quando esta era presidida por Rui Rio. Ganhou maior visibilidade por tomadas de posições públicas de luta contra a corrupção e é fundador da Associação Cívica Transparência e Integridade.

Paulo Morais, logo no início da sua intervenção declarou que “Hoje é, para mim e espero que para todos nós – um dia histórico. Arranca, hoje e aqui, a candidatura que vai disputar e irá ganhar a Presidência da Câmara Municipal de Viana do Castelo”.

“Poder servir a minha cidade, a minha alma mater – adiantou por entre aplausos entusiásticos da assistência. “Neste primeiro acto, na apresentação, impõe-se que clarifique perante os vianenses, mas também perante todos quantos seguem o meu percurso público, quais as razões que me levam a candidatar. A primeira razão tem a ver com o estímulo, o apelo, que senti de parte de muitos vianenses nos últimos tempos, vianenses decepcionados com o rumo que Viana leva, vianenses desejosos de ver uma mudança de rumo no concelho. Há vários meses que tenho recebido apelos nesse sentido”.

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O candidato agradeceu o convite do Partido Social Democrata, partido em que milita há muitos anos e cuja militância iniciou em Viana. “Fui, pois, desafiado pelos órgãos concelhio, distrital e nacional do PSD a candidatar-me à Câmara da minha terra. Quem me convidou manifestou, relativamente à minha pessoa, o seu reconhecimento ético e cívico que é – como sabem – a razão primeira da minha participação na vida pública”.

“Senti-me convocado”, explicou, alegando que “acresce que as autarquias locais e as estruturas locais (de partidos e forças políticas) constituem a essência da democracia. Devido à sua proximidade com os eleitores, os autarcas, com ou sem filiação partidária, constituem os políticos mais escrutinados. Os eleitores sabem como os seus autarcas gerem, ou não gerem, os recursos disponíveis. Como diria Tocqueville, no que o acompanho, ‘O poder local é a escola primária da democracia’ “.

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“Estou grato, ainda, ao PSD Distrital e ao seu Presidente, Olegário Gonçalves. E reconhecido estou pelo convite que recebi também da parte do Presidente do Partido Social Democrata e do seu Secretário-Geral, respectivamente Luís Montenegro e Hugo Soares, que desde o primeiro momento me pediram para colocar nesta candidatura a minha intervenção cívica e ética ao serviço de Viana do Castelo e dos vianenses”.

E justificou: “Fique claro que nada me pediram em troca, muito menos eu lhes pedi nada. Ficou claro que esta nossa associação visa mudar o rumo de Viana, trazer mais desenvolvimento para Viana, mais qualidade de vida para os vianenses”.

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Viana do Castelo “definha”

Paulo Morais, sem citar nomes, deixou algumas farpas na sua intervenção: “Mas talvez a principal motivação da minha candidatura resulte da minha tristeza, da angústia, porque vejo a minha terra, a minha cidade, o meu concelho, a definhar, enquanto outros concelhos ao redor se desenvolvem muito mais. Viana concilia os principais factores de desenvolvimento em Portugal. Está no Litoral, está perto da fronteira. Só em Viana e no Algarve se dispõe destas duas características em simultâneo, estar no Litoral e perto da Fronteira. E, no entanto, o desenvolvimento não chega, Viana é dos concelhos com menor PIB per capita do país, a qualidade de vida no concelho, os serviços de que dispõem os cidadãos estão longe de ser aqueles que os vianenses merecem e que tanto desejam”.

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Sente que “de há anos a esta parte – este é um problema crónico – que Viana é uma terra de oportunidades perdidas. Deixo apenas alguns exemplos”.

Viana, no seu entender, dispõe de um centro histórico único “mas o Centro está quase sempre deserto, porque os obstáculos ao seu acesso são inúmeros. Não há uma rede de transportes digna desse nome que sirva a cidade, as pessoas não têm acesso ao centro em transporte público”.

As freguesias não urbanas, assegurou, “não dispõem de um sistema de mobilidade que as traga ao centro da sua cidade. Os parques de estacionamento, que deveriam servir para levar pessoas ao centro, são caríssimos, inacessíveis. Em vez de atrair pessoas, afastam-nas”.

Por outro lado, reforça, Viana “tem uma beleza natural inigualável – com o seu mar, montanha, praia, rio, campos – mas não a potencia em termos de turismo, porque, mais uma vez, o acesso para quem vem de Norte, de Vigo ou Santiago por comboio é praticamente inexistente, o mesmo acontecendo para quem quer visitar-nos a partir de Braga ou Porto. O automóvel é o único meio de acesso. Da ligação ao aeroporto, é melhor nem falar. Viana do Castelo dispõe, na cidade, de um acesso á Montanha, mas o nosso monte de Santa Luzia é sempre abandonado pelos poderes públicos. Um diamante em bruto por lapidar”.

Gestão municipal “tem falhado”

Viana, acusa, “não tem tirado proveito de toda a matéria-prima de que dispõe. E quando, numa organização, a matéria-prima é valiosa, mas o resultado é fraco, a responsabilidade não é da matéria-prima nem dos trabalhadores. É do modelo de gestão. E, na coisa e causa pública, gestão chama-se política. O que tem falhado em Viana é a Política autárquica que desperdiça todo este potencial único. Com novas políticas, teremos melhor Viana, iremos aproveitar todo este potencial em termos sociais e económicos”.

“É certo que há exemplos de excepção, excelentes empresas em Viana, a dar cartas no país e até a nível internacional. Mas são escassos, são excepções. Falta massa crítica, falta a criação de muitas mais oportunidades de criação de carreiras de sucesso para os nossos filhos e netos. Impõe-se a aposta no desenvolvimento do tecido produtivo e empresarial, a emergência duma diplomacia económica que fixe investimento e recursos humanos de qualificados. Uma diplomacia económica impõe-se para que mais empresas se instalem em Viana. Complementarmente, uma política de estímulo à fixação de jovens é igualmente necessária. Para que os jovens quadros tenham emprego, para que as novas empresas tenham quadros. E para que os jovens vianenses não tenham de emigrar para Braga, Porto, Lisboa, ou mesmo para o estrangeiro”.

Realçou que no actual modelo de gestão municipal “é também chocante a falta de preocupação com as condições de qualidade de vida quotidiana dos munícipes, dos vianenses. Os serviços urbanos falham, não por falta de empenho dos funcionários, mas por falta de organização e planeamento. As ruas e estradas estão maltratadas, há lixo e buracos, porque não há um sistema geral de manutenção e conservação da via pública, porque a limpeza e a recolha de resíduos é deficiente. O quotidiano de cada família não está devidamente acautelado pela autarquia. Farão talvez o melhor que sabem e podem; mas é muito pouco, não chega para o que os vianenses merecem”.

“Não há uma política de habitação”

Viana do Castelo “sofre ainda com a absoluta falta de políticas públicas de habitação. Não há fixação de pessoas sem uma política integrada de habitação. E em Viana, não há qualquer política de habitação no município, a Câmara de Viana abandonou este sector há mais de 20 anos. Enquanto em Lisboa, no Porto e outros concelhos, uma parte significativa da população tem acesso a habitação pública ou social (das autarquias ou do Estado central) em Viana só cerca de um por cento (repito, apenas um por cento) tem acesso a habitação pública, um número ridículo”, pelo que “Nunca entendi esta despreocupação da autarquia com as condições de falta de habitação dos vianenses. É claro que a falta de possibilidade de obter casa no concelho, faz também fugir os recursos humanos para outras paragens”.

Situações de degradação e abandono de prédios têm de ser combatidas, independentemente de quem sejam os proprietários. A garantia de segurança e salubridade das edificações é uma função que a Câmara de Viana deixou de exercer capazmente, por falta de coragem de incomodar ou pequenos interesses paroquiais ou até maiores interesses imobiliários”.

Afirma-se ser candidato a Presidente da Câmara de Viana do Castelo porque entende que a Política se tem degradado nos últimos anos em Portugal e porque acha que pode dar um contributo para combater essa degradação. “Tenho-me preocupado com o mau uso de recursos públicos, com um tráfico de influências generalizado, com fenómenos corruptivos que contaminam a vida Política. A minha presença na Política activa, a partir de hoje e a partir desta candidatura, representa muito esse combate. Desiludam-se todos aqueles que gostariam que o meu regresso a uma vida política mais activa represente alguma tolerância com fenómenos corruptivos e conexos. Pelo contrário, fui convidado, para este desafio, também para reforçar esse meu combate. Esta é a altura em que o combate pela boa gestão de recursos públicos, a luta genuína contra a corrupção mais precisa de soldados”.

“Trago para esta campanha eleitoral, trarei para a Câmara de Viana, este meu combate de sempre” – enfatizou.

“Se, como espero, for eleito Presidente da Câmara de Viana, a nossa terra será um exemplo nacional em termos de Políticas de Transparência, de combate ao clientelismo, de boa utilização de recursos públicos, de exercício da Política em proveito do Povo que nos elege”.

Paulo Morais pediu aos vianenses “apoio na campanha e na obtenção de uma vitória na eleição. Mas sobretudo, quando eleito, pedirei empenho num trabalho colectivo para que, em Viana do Castelo, a partir da nossa vitória, todos trabalhemos arduamente, afincadamente, sem descanso se necessário, ao serviço do desenvolvimento de Viana, ao serviço da qualidade de vida dos vianenses”.

E concluiu a sua intervenção, espaçadamente muito aplaudida: “Estou, a partir de hoje, aqui de corpo e alma, ao serviço dos meus concidadãos, ao serviço de Viana e dos vianenses”.

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1 comentário

  1. Totalmente de acordo! dr. Paulo Moais,” bater palmas” é bonito, mas à sempre “um mas”!
    Falou em corrupção, e fez muito bem é aí que está a mola geral e que faz “Girar” esta pequenina Cidade.
    Fique bem ciente, eu , estou do Seu lado e por isso sou ignorado por todos! E em muitos casos para não dizer todos do cima a baixo! Mas virá “a campanha eleitoral” e eu direi ao povo de Viana do Castelo, “onde” e quem são os maiorais da corrupção cá do sítio!
    Não compro nem vendo!

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