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Pedro Meira (CDS): «José Maria Costa tem matriz Democrata-Cristã»

É um facto indesmentível a desmotivação do eleitorado perante a política. O crescente aumento do abstencionismo prova isso mesmo. Por outro lado, o que leva ao surgimento de novas pessoas a abraçar projectos políticos? O que os move? Como pensam marcar a diferença para combater a indiferença de quem vota?

É isso que o MINHO DIGITAL se propõe saber nos próximos tempos em entrevistas com as ‘caras novas’ da política no distrito e que, pela primeira vez, vão expor-se ao sufrágio do povo.

Fomos ouvir o advogado Pedro Meira recentemente eleito Vice-Presidente da Concelhia do CDS em Viana do Castelo. A maior certeza é o seu apego a Viana do Castelo, o entusiasmo com que fala da sua terra patente na firmeza das suas palavras. E sorri com entusiasmo. A única coisa que o põe sério são as oportunidades que acredita terem sido desperdiçadas, a incapacidade e falta de ambição que, no seu entender, têm afastado a sua terra,  as suas gentes e o turismo face ao que tem sido a gestão socialista na Câmara Municipal.

 

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Minho Digital (MD) – Sendo já conhecidos os candidatos por diversos Partidos no distrito, a verdade é que em Viana do Castelo o silêncio é quase total, com excepção do PS. Quer comentar?

Pedro Meira (PM) – Parece-me uma situação perfeitamente normal.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 Os partidos são organizações que têm os seus «timings» internos, as suas dinâmicas e procedimentos que devem e têm que ser respeitados. Por isso, devemos aguardar serenamente pelas candidaturas que se vão perfilar.

O facto de o sr. Eng. José Maria Costa ser o candidato do PS é algo natural. Surpreendente seria se o não fosse. Não seria agora, nestas Autárquicas, onde ele se candidatará ao seu terceiro e último mandato que ele abdicaria dessa candidatura, naturalmente.

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MD – Que avaliação faz das prestações do presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa, bem como dos vereadores da oposição?

PM – O Eng. José Maria Costa, apesar de se tratar de um adversário político, é uma pessoa pela qual tenho respeito e consideração. Foi um democrata-cristão na juventude, chegou a ser militante da JC (Juventude Centrista) e a dada altura da sua vida tornou-se socialista… mas pelo que dele conheço a matriz democrata cristã ainda lá está.

No que refere à sua prestação, importa referir que o Eng. José Maria já está na Câmara Municipal há 22 anos, foi adjunto do Presidente da Câmara entre 1994 e 1997 e Vereador entre 1998 e 2009 com os Pelouros do Ambiente, Desenvolvimento das Freguesias, Área Social e Desenvolvimento Económico.

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A meu ver é tempo mais do que suficiente para lhe assacar alguma responsabilidade relativamente ao estado letárgico, apático e adormecido que a cidade de Viana vive, apesar de ele nos querer demonstrar o contrário. Mas, infelizmente, é um estado que está à vista de todos.

Como Presidente avalio o seu desempenho em duas fases, dois momentos: a primeira diz respeito ao seu primeiro mandato, onde considero que ele passou por um processo complicado de corte do cordão umbilical relativamente aos muitos anos de ligação ao Dr. Defensor Moura. Foi um processo complexo, de libertação, de emancipação, a dada altura fiquei inclusivamente com a ideia que o criador (Defensor Moura) não gostou da emancipação da criatura (José Maria Costa) e acabou por lhe complicar um pouco a tarefa.  Sejamos honestos na leitura dos factos.

Confesso também que a sua postura mais cordata, mais sensata e equilibrada, no fundo uma postura mais consensual, me agradou no início do seu desempenho como presidente e até prometia bastante.

Eu, na altura, fui um grande defensor da criação das CIM`s (Comunidade Intermunicipais), onde ele e Defensor Moura estiveram do outro lado da barricada e  gostei da sensatez do Eng. José Maria ao aceitar a derrota e a inevitabilidade da CIM como um meio instrumental para uma maior descentralização do país e uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento do Alto-Minho. E ele, hoje, já é um grande defensor das CIM´s.

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No entanto, o seu segundo mandato desiludiu-me por completo e não vai deixar saudades.

Chamar-lhe-ia um mandato amorfo, sem sal, envolvido em polémicas desnecessárias… no fundo um mandato que espelha o estado em que hoje se encontra o concelho.

O Eng. José Maria não conseguiu afirmar Viana no mapa, não lhe dando vida, mundo e a dinâmica que todos reclamam, necessitam e ainda sonham.

«Louvo o trabalho de Eduardo Teixeira mas não me revejo algumas vezes na sua forma de fazer oposição»

MD – Em que se fundamenta para fazer essa apreciação?

PM – Eu divido a minha actividade profissional entre Viana, Ponte de Lima e o Porto e é absolutamente incrível como constantemente sou abordado por pessoas que não são de Viana no sentido de me transmitirem um chavão relativamente ao qual tenho  sempre alguma dificuldade em contrapor… ”Ponte de Lima tem uma dinâmica e uma actividade económico-empresarial, muito maior do que Viana, tens mais vida que Viana, como é possível?!”… ao que geralmente (risos) respondo: é natural que sim… é a gestão autárquica à CDS, gestão com visão, com rigor (sobretudo ao nível financeiro).

No que refere aos vereadores da oposição, tenho que louvar o trabalho do Dr. Eduardo Teixeira, apesar de eu, pessoalmente, não me rever algumas vezes na sua forma de fazer oposição, demonstrando um conhecimento exaustivo dos «dossiers» e um espírito combativo assinalável. Poderei ter algumas divergências quanto ao seu estilo de realizar oposição, mas cada um de nós tem sua forma de intervir e de estar.

Quanto à Dra. Ilda Figueiredo – e com todo o respeito democrático que tenho pela senhora -, confesso que achei o trabalho da mesma absolutamente medíocre. A Dra. Ilda Figueiredo teria sido uma boa candidata à CM de Oliveira de Azeméis, uma vez que é natural de Troviscal, ou de Chaves ou V. N.de Gaia onde residiu e leccionou tantos anos. Não acrescentou nada a Viana…

Como sabe, politicamente estou no sentido diametralmente oposto ao PCP, mas curiosamente é um Partido onde tenho bons amigos e pessoas que considero. Mas sejamos claros: o PCP local tem personalidades que têm muito mais preparação, capacidade e conhecimento do concelho que lhes permitiria representar de outra forma os interesses dos cidadãos vianenses. Refiro-me por ex. ao Dr. Alberto Midões, ao Rui Viana, ao Amadeu Bizarro.

Em geral acho que a oposição na Câmara Municipal tem, em termos gerais, deixado algo a desejar… com todo o respeito pessoal pelas pessoas que a compõe.

O trabalho de vereador(a) na oposição é um trabalho crucial, não pode passar só pela oposição, pelo contra, pela destruição, é também preciso ter a humildade de saber apontar o que está bem feito e especialmente ter uma tónica e uma dinâmica forte na vertente de oposição construtiva.

Uma oposição responsável deve ter a sua acção política assente em 2 premissas, em duas dimensões e perspectivas: a propositiva, ou seja, apresentação de propostas alternativas ou complementares às políticas públicas desenvolvidas pelo município, e a dimensão fiscalizadora onde deverá assumir uma postura pró-activa na fiscalização da acção da actual maioria.

A meu ver a oposição actual só explora e trabalha a vertente da fiscalização, o que para mim não basta e é manifestamente curto e indesejável.

É essencial que haja uma oposição credível, séria e consistente.

 

«Viana não tira proveito dos voos low cost que chegam ao Porto»

MD – Alguns sectores da sociedade vianense, criticam a autarquia de estar a apostar mais na propaganda, em festas e concertos, que propriamente investir no concelho, dinamizar a economia local e defender os pequenos e médios comerciantes, apontando como principal motivo a questão dos parques de estacionamento que afastam as pessoas. Concorda?

PM – Está a falar de Viana cidade, do centro. Acontece que Viana não é só a cidade e o centro histórico, as freguesias têm um papel fundamental na dinâmica do concelho.

Relativamente a Viana/cidade note que cresci e vivi no Centro de Viana, a minha infância foi passada naquelas ruas recheadas e pejadas de pessoas… Tenho saudades desses tempos… Hoje em dia, o abandono do centro histórico entristece-me, é absolutamente deprimente passear por Viana ao fim do dia/noite… um deserto… Apesar do sr. Presidente falar muito na reabilitação urbana, penso que se esqueceu da regeneração urbana. A reabilitação não passa só pela reabilitação dos edifícios…Há um claro abandono do centro histórico.

Apesar dos recentes lançamentos de novos equipamentos industriais nos polos industriais do concelho, investimentos e captação de investimento – que são de louvar, note-se -, não chega, não basta! Eles não vão bastar para dar vida a Viana.

Há uma necessidade premente de dinamizar um gabinete de apoio às micro, pequenas e médias empresas com trabalho mais visível, porque são também essas empresas que irão dar vida a Viana.

Os contratos dos parques de estacionamento podiam e deviam ser revistos, há a necessidade de uma maior descriminação positiva para quem mora e trabalha no centro histórico da cidade.

Em termos de Turismo, por exemplo, e apesar da sede do Turismo do Porto e Norte (TPNP) ser em Viana, facto que muitos Vianenses desconhecem, o Turismo tem que ser mais potenciado, melhor trabalhado, tem que haver uma aposta clara nesse sentido e aproveitar até o facto de termos a sede da TPNP em Viana.

Não concebo que Guimarães, Braga, aproveitem os turistas que aterram no Porto através das companhias de aviação «low cost» e que deram uma nova vida ao Porto, e Viana não aproveite esses turistas… É um perfeito desperdício.

Olhe uma pequena ideia, que pode soar ridícula: porque não criar em Viana um parque de autocaravanas, veja-se o retorno que o parque de autocaravanas criado em Ponte de Lima trouxe à vila e a Braga. Em Braga é brutal o acréscimo do número deste tipo de turistas…e veja a quantidade de autocaravanas que passam por Viana e o número de turistas que isso podia traduzir…

Parecem pequenos pormenores, mas são pormenores que fazem tanta diferença…Temos muitas ideias para propor e dar a conhecer aos Vianenses nesta matéria.

Basta olhar para o lado, a 30 km, Ponte de Lima, a roda, parte dela já está criada e inventada. Copiar o que é bem feito não é crime; crime é não fazer, não criar, não inovar, não apostar.

Não concebo que o Presidente da Câmara diga que se vai impor ao Governo Central  e que junto da gerigonça vai lutar pela retirada do Pórtico da A28, atire uns foguetes que se vai impor ao Governo Central e passado 15 dias esteja amenamente a jantar com o António Costa e passear com ele em Viana nas festas da Agonia… e quatro meses depois se faça uma apresentação com pompa e circunstância da futura intervenção no porto de mar e das novas acessibilidades que contou inclusivamente com a presença da sra. Ministra do Mar. Enquanto o Pórtico é pura e simplesmente esquecido.

Haja algum decoro!

Não concebo, por exemplo, que Viana ainda não tenha uma loja do cidadão e tenha os serviços todos dispersos em vários edifícios na cidade.

A nível do desporto, apesar de eu achar que até é uma área bem trabalhada, há tantas coisas que se podem fazer… Olhe, construir um simples Skatepark e um Bikepark. Veja-se que a Câmara deixou fugir para Ponte de Lima um Bikepark que hoje traz atletas de todo o mundo e tem um visibilidade tremenda a nível mundial e com impacto directo na economia e no turismo de Ponte de Lima, sendo que estes pormenores denotam, com todo o respeito, alguma falta de visão e rasgo do nosso Presidente.

Há muitas e variadas formas de atrair o investimento privado e em tantas áreas…

Temos muitas ideias para implementar, propor, mas não as vamos avançar de momento – como é natural – ,nem estar a expô-las nesta fase. Tudo a seu tempo.

Mas é importante trazer ideias novas, arriscar, inovar.

 

«Demolição do Prédio Coutinho é escandalosa do ponto de vista da gestão dos dinheiros públicos»

MD – E um Parque da Cidade que implicou um avultado investimento de dinheiros públicos que continua desaproveitado, abandonado mesmo…

PM – O Parque da Cidade é para mim a maior vergonha dos dois mandatos do Eng. José Maria, há uma responsabilidade directa dele nesta matéria.

Porque é que ainda não abriu? O senhor sabe? Ninguém sabe… e mais vergonhoso ainda é a falta de cultura e espírito democrático demonstrado pelo sr. Presidente ao não dar uma explicação cabal aos cidadãos vianenses do que se passa com o Parque da Cidade e o porquê de o mesmo continuar encerrado.

MD – Acha que se justifica insistir na demolição do Prédio Coutinho com uma guerra nos Tribunais que parece nunca mais ter fim dados os diversos patamares de recurso judicial que têm protelado o desejo das autarquias socialistas, com todas as consequências daí inerentes em termos de custos que são outro sorvedouro de dinheiros públicos que seriam melhor aplicados noutros investimentos de que o concelho carece?

PM – A demolição do Prédio do Coutinho é, a meu ver, algo absolutamente ridículo e absolutamente escandaloso sobre o ponto de vista da gestão dos dinheiros públicos.

O interesse público na sua demolição, não era o interesse da comunidade nem da população local. Sejamos frontais: tratou-se de uma ideia e de um projecto absolutamente megalómano e despropositado do anterior Presidente da Câmara.

Imagine que ao longo do país todos os autarcas começassem a tentar demolir todos os abortos urbanísticos realizados antes dos seus mandatos. O que isto iria custar aos cofres do Estado…

Na gestão dos dinheiros públicos foram pensamentos com este tipo de pressupostos  de que a torneira dos dinheiros públicos é inesgotável, de que a água jorra sempre, que levaram o país ao estado calamitoso a que chegou e que obrigou milhares de pessoas a abandonar o país e a emigrar.

Como soe o povo dizer “o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Presentemente penso que ainda existem processos judiciais a correr os seus termos e deveremos deixar a Justiça funcionar e os processos correrem os seus trâmites normais.

A pergunta que eu coloco é já relativa ao «day after», se faz sentido ou não será até contraditório e incoerente construir um novo mercado municipal onde actualmente se situa o Prédio quando sabemos que vêm aí mais três novas grandes superfícies comerciais no concelho.

 

«Coligação com o PSD tem que ser bem maturada»

MD – Voltando às eleições autárquicas… Sabemos que houve uma reunião entre dirigentes concelhios do CDS e do PSD com vista a uma eventual coligação em Viana e que Eduardo Teixeira apresentou um documento nesse sentido que, no entanto, o seu Partido se recusou subscrever. Pode dizer-nos o que se passou?

PM – Quanto às autárquicas o que lhe posso de momento avançar é que o CDS irá fazer uma aposta forte neste processo eleitoral e mais do que os nomes dos candidatos ou se vamos avançar em coligação com o PSD, o importante é saber o que pensam e o que sentem os vianenses.

Por isso, nesta primeira fase é fundamental auscultar os cidadãos vianenses, saber quais são as suas principiais preocupações e anseios para de seguida estruturamos uma equipa com gente séria, credível, competente, com provas dadas nas suas actividades profissionais, que possam assumir os destinos da autarquia e dar um novo rumo a Viana.

Queremos um partido mais próximo dos vianenses, um partido com uma maior implantação autárquica nas freguesias do concelho.

Disse um dia Adelino Amaro da Costa que “as autarquias estão para o CDS, assim como os sindicatos estão para o PCP”, ou seja, este acto eleitoral que se avizinha é de uma importância fundamental para o ressurgimento em força do partido a nível local e é nisso que estamos focados.

MD – Mas vão coligados ou não? Quais são as condições que o CDS exige ao PSD?

PM – A coligação com o PSD naturalmente que não está fora de hipótese, é algo que tem que ser bem maturado, reflectido nos órgãos do partido pelos militantes e na devida altura saberemos dar o passo que nos parecer mais correcto para o partido e para Viana.

MD – Certamente que já há nomes, de ambas as partes… Podem conhecer-se?

PM – Como lhe digo, mais importante que os nomes é a organização, a estrutura forte, determinada, dinâmica e competente. Nomes, graças a Deus, neste momento não faltam…

 

«Não comento guerras internas nem me intrometo em seara alheia»

MD – Em termos eleitorais, o CDS tem vindo a definhar ao longo das últimas duas décadas. Nas últimas eleições, até perdeu o vereador que conseguiu ao ir coligado com o PSD. Não acha que essa fragilidade os coloca numa posição prisioneira dos interesses políticos de um PSD dividido?

PM – Não concordo com essa sua leitura. O CDS não tem vindo a definhar eleitoralmente, pelo contrário.

O CDS é um partido que passou no passado por um processo de profunda transformação e atravessa presentemente uma dinâmica de crescimento notável, quer a nível nacional, quer a nível local.

Passamos a contar com duas novas líderes, uma a nível nacional, Assunção Cristas  e outra a nível local, Ilda Araujo Novo que actualmente é também deputada na Assembleia da República. Note-se que a cidade de Viana já há muito que não contava com nenhuma deputada natural e residente na cidade, o que é um dado muito positivo para a representatividade de Viana e o trabalho da Dra. Ilda Araújo Novo tem sido absolutamente notável.

A nova Concelhia do CDS Viana – da qual tenho o gosto de fazer parte – é constituída por um grupo muito homogéneo na sua actuação e heterógeno nas faixas etárias, congregando várias gerações. Criou-se um grupo de trabalho fantástico com pessoas de diversas formações e qualificações e com diferentes mundividências. Pessoalmente tem sido uma agradável surpresa participar neste projecto.

Respondendo directamente à sua questão no que toca às guerras internas e na casa dos outros… não tenho por hábito intrometer-me em seara alheia.

Entendo que presentemente o PSD ou qualquer outro partido, modéstia à parte, só ganhará com a presença do actual CDS.

 

«É preciso inverter a estagnação económica do concelho»

MD – Eduardo Teixeira seria o melhor candidato a encabeçar uma coligação ou entende que é uma hipótese esgotada?

PM – O Eduardo Teixeira penso que nunca terá encabeçado nenhuma coligação, pelo que nessa perspectiva não poderá ser considerado uma hipótese esgotada.

MD – Quem será o cabeça de lista do CDS?

PM – Na devida altura o partido será suficientemente responsável para o assumir e tornar público.

MD – Em caso de coligação, que lugares são exigidos pelo CDS?

PM – Em caso de coligação saberemos defender os interesses do partido que estão sempre acima dos interesses ou sensibilidades pessoais.

MD – Confiante, portanto…

PM – A vida ensinou-me, como um dia disse Flaubert, que “O sucesso é uma consequência, não é um objectivo”. Consequência de muita disciplina, de muito trabalho e de profunda organização.

Nos projectos onde participo essas três premissas têm que existir pelo que estou confiante que no final do ano o CDS contará com um excelente resultado, quer avance sozinho ou em coligação.

MD — Não o preocupa, por outro lado, que as divisões internas no PSD levem a um alheamento do eleitorado? O que vai fazer o CDS, caso vá coligado, para tentar inverter essa situação?

PM – O CDS tem que se focar nele próprio, na valorização da sua marca, da sua organização, apostar num trabalho mais próximo junto do eleitorado, na sua implantação. O CDS tem que ser o porta-voz dos anseios e dos problemas de todos os Vianenses.

A situação que se tem que inverter é a da estagnação económica do concelho, o combate à inversão da pirâmide demográfica e à partida de jovens quadros desta cidade para Ponte de Lima – imagine-se! Para Braga, para o Porto, para Lisboa, para o Mundo, essa tendência é que tem que se inverter.

Viana não pode continuar a ter vida só durante 2 meses por ano quando os emigrantes regressam a casa, tem que se criar condições atractivas para os jovens se fixarem no concelho e, nessa matéria, o Município tem uma palavra decisiva que a meu ver tem sido muito titubeante e fraca nos últimos 20 anos. Os dados e os factos falam por si… O que mudou em 20 anos nesse campo?!!!

«Com medo da própria sombra houve quem se afastasse do CDS»

MD – Porém, é pública a pouca ou quase inexistente implantação do CDS no concelho. Deve lembrar-se que o Partido já teve 2 vereadores na Câmara Municipal? No seu entender, a que se deveu essa decadência?

PM – A democracia em Portugal só agora atinge a fase da maturidade, tem apenas 42 anos.

Os partidos são elementos essenciais na construção da democracia e a verdade é que como organizações os partidos passam por diversas fases de transformação que vão desde o definhamento ao crescimento, da evolução à contracção passando por períodos de expansão. É a base da teoria geral das organizações e o CDS não é uma organização diferente das outras.

O partido não pode viver só centrado numa pessoa, um partido que quer crescer, implantar-se, credibilizar-se, tem que mostrar trabalho de equipa, no terreno, nas freguesias, na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal e, na verdade, nos últimos anos o partido viveu demasiados períodos conturbados fruto de divergências pessoais entre pessoas que já abandonaram o partido e outras que naturalmente se souberam afastar e que tinham medo da própria sombra pelo que viviam voltados para o seu umbigo desconhecendo o que é trabalhar em equipa ou numa organização.

Os tempos são outros, contamos na nossa equipa com um grupo de pessoas que está na política numa missão de serviço, pessoas que têm a sua carreira profissional, não vivem da e para política e a meu ver esse é e será no futuro um factor diferenciador do CDS relativamente aos demais.

Agora o caminho faz-se caminhando e “ Roma e Pavia não se construíram num dia”…

MD – O Pedro Meira é advogado, presidente da Associação dos Jovens Advogados no Norte, e aparece agora na cena política. Alguma razão ou motivo em especial?

PM – A política está-me no sangue… Desde miúdo que tive muito contacto com a política, quer através do meu falecido Pai que teve ligações ao jornalismo, facto que me permitiu acompanhar durante muitos anos directamente a cena política local e, sobretudo, do meu Pai herdo um amor incondicional a Viana que ele nos soube legar a mim e aos meus dois irmãos.

 Os meu avós, um mais à direita do que outro (duas pessoas que me deixam muita saudade). Um deles foi deputado durante muitos anos e como tive o privilégio de com ele viver 14 anos, absorvi diariamente história viva de Portugal e o ‘bichinho’ da política foi ganhando dimensão.

Apareço somente agora na política porque sempre defendi que só iria ter uma participação activa na política depois de ter a minha carreira profissional consolidada, estabilizada. Tive o privilégio de viver e trabalhar em várias cidades do país e de ter vivido no exterior onde estive emigrado 4 anos, no Brasil concretamente, ou seja profissionalmente cumpri as minhas metas antes dos 40 anos, o que me alegra apesar de me ter saído do corpo , como se costuma dizer…

Durante esse percurso profissional tive o prazer de ser convidado para participar activamente em termos partidários no Porto e em Lisboa, mas sempre recusei, porque para mim não fazia sentido, apesar de ter nascido do Porto de onde é a minha Mãe… Cresci no Largo das Almas, sou Vianense do “casco histórico” como costumo dizer, vianense puro e duro e onde estou procuro ser sempre um embaixador da minha cidade, às vezes até em demasia (risos).

Há uma necessidade de novos rostos na política, da direita à esquerda, tenho apelado a muitos como eu que têm a vida organizada que participem activamente, sem medo… e sobretudo Viana precisa de caras novas, gente nova, que traga ideias, propostas novas para a cidade… Repito: em todos os partidos!

 As pessoas mais do que criticar e dizer mal dos políticos devem participar activamente onde se sentem melhor e caso entendam que os partidos e os movimentos existentes não chegam, devem criar um. Agora, a crítica pela crítica e a generalização da crítica aos políticos é absurda e mesquinha.

 

«Pode ser que um dia seja candidato à Comissão Política Distrital do CDS»

MD – Quais são as suas ambições políticas dado que em breve deverá haver eleições para a Distrital do partido. É candidato?

PM – As minhas ambições políticas – não lhe vou esconder, nem vou ser hipócrita – existem, naturalmente! Onde me meto é para trabalhar de forma dedicada, honesta e principalmente com sentido de responsabilidade, compromisso e lealdade.

A minha ambição e sobretudo o meu compromisso passam neste momento por ajudar a minha presidente, Dra. Ilda Araujo Novo – por quem tenho muita estima e uma grande amizade e a quem reconheço uma grande capacidade de trabalho e um espírito agregador assinalável – a relançar o partido em Viana e a ela sou 100% leal.

Quanto à Comissão Política Distrital do CDS, pode ser que um dia seja candidato.

Não lhe escondo, no entanto, que se um dia a minha vida pessoal e profissional assim o permitirem, o faça. É uma mera hipótese, até porque o partido precisa de rejuvenescer e de juventude e penso que, modéstia à parte, poderei dar um contributo ao partido e ao CDS no Alto Minho, mas tudo a seu tempo.

Preocupa-me o estado em que está o Partido a nível distrital neste momento e estarei disponível para ajudar numa solução que se apresente. O partido tem bons valores em quem confio. Olhe … a Dra. Ilda Araujo Novo, o próprio Eng.º Victor Mendes,  o Dr. Julio Vasconcelos, qualquer um deles seria e daria um excelente presidente da Distrital do CDS.

Estou convencido que a geração mais velha não vai querer entregar aos mais novos um Partido desestruturado pelo que é preciso apoiá-los, dar-lhes energia, força e ânimo para mais tarde, se assim for necessário, dar continuidade a esse trabalho e fazer-se uma transição geracional pacífica.

MD – O que pensa da candidatura de Abel Baptista em Ponte de Lima?

O Dr. Abel Baptista é um elemento histórico do CDS, com um passado recheado de trabalho em prol do partido e do Distrito, como tal é merecedor de todo o meu respeito bem como o Eng. Vitor Mendes pessoa por quem tenho grande estima e apreço.

Quanto às Autárquicas em Ponte de Lima é uma situação relativamente à qual não devo, nem quero tecer qualquer tipo de comentário. O meu foco é Viana e a afirmação interna no Partido de Viana como capital do Distrito.

Ao Dr. Abel Baptista desejo-lhe que tudo lhe corra bem nos desafios que abraçar e espero que se mantenha no partido porque é um activo importante do mesmo.

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