Editorial

Perdoa-lhes, Mário Rocha!
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Manso Preto

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Manso Preto

Jornalista

As autarquias de Caminha, Ponte de Lima e Viana do Castelo, mais as Juntas de Freguesia das Argas, resolveram promover uma reunião algures por uma daquelas serras. O objectivo, traçado nos gabinetes e preparado para ser ‘ordenhado’ nas tetas europeias dos fundos comunitários, visa dar um impulso ambiental/económico para atrair turistas que procuram ar puro, tranquilidade, natureza no seu esplendor.

O que me estranha é que, na ‘foto de família’ que os gabinetes de comunicação fizeram chegar às redacções da comunicação social https://www.cm-caminha.pt/pages/1281?news_id=2064, não apareça um homem que há mais de 20 anos ali investiu uns milhares num projecto ligado à cultura e conhecido além fronteira. Mas com dinheiro do seu bolso!

Refiro-me, obviamente a Mário Rocha, pintor e ceramista nascido  em Perre e que este ano, pela 21ª vez, vai abrir as portas da sua casa para a Arte na Leira. São milhares as pessoas que em Julho e Agosto ali vão propositadamente para ver os quadros, peças cerâmicas, esculturas e fotografias ali expostas, e que não saem sem que o bom do Mário lhes ofereça ‘um copo’, umas rodelas de chouriço caseiro ou daquela broa que só o cheiro é uma tentação…

Mas não é disto que quero falar – e se o fiz foi apenas para o leitor que desconhece o local possa avaliar o ambiente e a fidalguia simples e despretensiosa do dono da casa.

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O que estranhei, entristeceu e me causou revolta, uma enorme indignação, foi não o ver na tal foto de família. Ele que quando recebeu uma Comenda todos a ele se encostaram, elogiaram, chamaram o fotógrafo para perpetuar o momento…

Os mesmos que durante mais de duas décadas, salvo uma ou outra excepção, tantos apoios prometeram e deviam ter vergonha na cara… Ano após ano, só lá vão à abertura da Arte na Leira porque, sendo este um acontecimento notável de um autêntico visionário que trocou um atelier numa rua de uma cidade cosmopolita por um pedaço de terra nos confins da Serra d’ Arga, é tema de reportagem das televisões, rádios, jornais e revistas da especialidade.

Mário Rocha, o maior investidor privado, económico e humano – para além do cultural -, merecia outro tratamento por parte dos políticos e das alegadas ‘forças vivas’.

Perdoa-lhes, Mário! A ambição desses teteiros do erário público não merecem o teu sorriso desprendido…

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