Poesia e pensamentos.
A MORTE À SOLTA
Malditos sejam os que ao tirano servem
C’o a senha das bestas mais ferozes
Sejam quais forem as armas com que ferem
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As formas como o fazem são atrozes.
Espanta-se o mundo perante a malvadez
Que vai deixando marcas onde passam
Os cruéis invasores, que agora ‘à vez’
Fogem, covardes, dos que ora os acossam.
Espanta-se o mundo que índa nesta era
Subsista nos homens tal crueza
PUBQue os fazem lacerar como uma fera.
E enquanto a guerra segue com dureza
A violência cresce e prolifera
Produzindo mais morte e mais tristeza
MENTE E ALMA, O DIÁLOGO IMPOSSIVEL
Vivemos numa cultura masoquista, isto é: será que precisamos mesmo de sofrer para nos sentirmos preenchidos e preparados para prosseguir vivendo? – Esta auto-inquirição justifica-se porque é comum ouvirmos as pessoas dizerem frases como esta: “o sofrimento é-nos necessário”, “o sofrimento faz-nos acordar para a vida”.
No fundo, as pessoas não conseguem sentir a alegria em toda a sua plenitude, a alegria de ser quem são porque têm dificuldade em sentir o lado positivo da vida. Sentem-se presas a padrões que parecem repetir-se na história, muitas vezes estão focadas, ou melhor; quase fascinadas por sintomas como a obsessão ou a ansiedade, mesmo sem que elas próprias encontrem razões para tal.
Na mitologia grega, o sábio Quíron, é representado por um ser parte cavalo – mas um centauro de linhagem – e parte humano. Segundo a lenda, o centauro Quiron exerceu a arte de curar a “psique” e de ensinar essas técnicas numa caverna. Daí, que, à semelhança de Quiron os modernos psicoterapeutas usem a palavra “Psicoterapia”. Esta palavra é composta por dois termos gregos: psique (alma) e terapia (tratar).
“Psicoterapia” significa, portanto, “tratar a alma”, considerando que a Psique não é a Mente, que é definida como o pensamento e o consequente comportamento consciente do individuo.
Pensar a alma como o sopro da vida em nós, ela que é imensuravelmemte profunda,
e à qual se atribui uma origem transcendente, e até divina.
Às vezes, é como se fosse o prenúncio de uma Primavera florida, ou a própria fonte da existência, o que nos faz sentir vivos e nos dá algo como uma direcção e identidade. Até certo ponto, é autónoma, tendo seus próprios objectivos, desejos e intenções.
Numa análise mais profunda, encontramos temas e padrões humanos básicos, o que Platão, além de outros, chamou “arquétipos.”
A necessidade de amor, o desejo de criar, o alivio do conforto do lar, a exaltante expectativa de uma viagem, essas não são as características de uma pessoa particular. Elas são, no mínimo, formas pelas quais todas as pessoas podem sentir em si o palpitar da vida. E quando esses padrões de arquétipos se manifestam na vida de uma pessoa, geralmente exercem uma significativa força e fascínio.
Uma pessoa está mais feliz por estar apaixonada e não pensa noutra coisa. Mas simultaneamente tem mais receio de ficar doente e pensa repetidamente no medo da morte. Essas emoções são-nos comuns tal com os pensamentos que lhe estão associados. Tal como quando alguém vislumbra uma carreira profissional e persegue esse objectivo com paixão…
A alma é-nos íntima, plena de vida e energia, e parece querer a todo o tempo reforçar-se com mais vida e vitalidade, mas parece ser impensável que a mente estabeleça diálogo com ela.
O diálogo impossível
Quando pensamos cuidar da nossa alma, podemos tentar sentir o que ela mais precisa e deseja e ambiciona, e daí que talvez consigamos descobrir convergências com os nossos próprios e conscientes desejos. Mas mesmo sem recorrer a interpretações de base teológica, reconheçamos que esse outro “ser” que coexiste em nós, a alma, é mais vasto que aquilo que nossas limitadas mentes podem explicar.
A alma é, portanto, um “ser” com vontade própria, um “ser” misterioso, e pode por vezes pode constituir-se num adversário real da mente consciente. Também por isso, é mister de cada individuo tentar conhecer a sua própria alma de molde a cooperar com ela, e entender que a felicidade e a paz no coração dependem de uma resposta positiva e criativa à sua alma. E assim, a psicoterapia poderá ajudar-nos a viver de uma maneira convergente com esse outro “ser” que nos habita, e nos oculta os seus propósitos.
Conclusão
A alma oferece um sentido profundo e poderoso de identidade, que contraria qualquer tendência que leve à compreensão de valores limitados à família ou à cultura. « Ela deverá esperar que cada um de nós nos tornemos indivíduos com escolhas próprias, não forçosamente identificadas com as estruturas que nos cercam e os padrões que nos limitam.
Essa percepção é tão forte que a imaginamos no cenário do próprio renascimento: nascemos integrados numa vida e cultura biológicas e, então, temos que nascer novamente em nossa própria individualidade e exclusividade ».
Segundo Sócrates, todos temos de ser auxiliados no nascimento da alma para a vida, o que implica na chegada a uma única pessoa; à união da mente com a alma.
O filósofo escreveu: “Minha preocupação não é com o corpo, mas com a alma que está no fruto do nascimento”.
(Fontes: Internet)
Baseando-se certamente nos seus vários e assumidos heterónimos,
o “mestre” escreveu estes versos considerando que cada um deles teria alma própria:
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.
Fernando Pessoa ( Primeira estrofe do seu poema “Não sei quantas almas tenho” ).