Esta é apenas a primeira parte (de várias) que vamos dedicar ao problema que atinge o Agrupamento de Escolas de Monção e que, para infelicidade dos alunos, pais, encarregados de educação, professores e funcionários, parece longe de terminar. Bem ao contrário, para gáudio mas falta de vergonha e carácter de uns pseudos ‘iluminados’ que não olham a meios para defender as suas pretendidas coutadas e, numa atitude delirante e demente, pensam que deste modo conseguem fazer passar uma ‘mensagem’ de estadistas que, nunca podendo ser recompensados pela mediocridade, alcançam esse estatuto com chorudas reformas propostas pelos partidos de que são subservientes e financeiro-dependentes. Vamos a factos …
Os muitos documentos que temos em nossa posse, surpreendem até os mais experientes jornalistas pela leviandade, ingenuidade ou outra coisa que piedosamente prefiro omitir, pois impunha-se um certo recato nas exposições! A teia de influências políticas que envolve as Escolas de Monção, passa por cartas ao Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho, por campanhas para as legislativas que entraram na Escola enquanto instituição, por reuniões secretas, por listas autárquicas do CDS feitas na escola e ingerência pessoal de deputados nas designações de elementos para a Comissão Administrativa Provisória (CAP). Mais: como é possível deputados, sejam de que partido forem, ultrapassarem os seus limites a ponto de elaborarem documentos entregues a um Director Regional, provavelmente com desconhecimento dos superiores hierárquicos no Ministério, a sugerir isto e aquilo, nome e directrizes «sem prejuízo da estratégia do PSD local»?
Os exemplos são mais que evidentes e as fotos e os documentos não deixam outros ‘sinais’ do quanto é ténue a fronteira entre uns e outros, mesmo em patamares diferentes da administração pública.
A presente foto (em cima) refere-se à campanha para as Eleições Legislativas de 2011 e foi tirada na Escola Secundária de Monção. Neste encontro estão presentes à esquerda dois elementos do CDS/PP, Abel Baptista (deputado, presidente da Comissão Parlamentar de Educação mas já conhecida a sua decisão de se candidatar brevemente à presidência da Câmara Municipal de Monção), Aristides Sousa (Ex-Delegado Regional Norte do Ministério da Educação e membro do Conselho Nacional do CDS e ex-verador da Câmara Municipal de Viana) e, à direita, Amélia Novo e Joaquim Lobo (ambos candidatos a diretores das escolas de Monção).
PUBComeçava aqui uma ligação política com desenvolvimento e empenhos posteriores naquela área, presume-se que com alguns objectivos dado que não se eram reconhecidas no círculo de amizades ou profissionais qualquer aproximação ao deputado Abel Baptista que a levariam a apoiar publicamente a candidatura autárquica do limiano à autarquia de Monção. Não deixou de causar estranheza, na altura, o posicionamente de Amélia Novo que até foi vereadora do PSD e quadro local. Abel Baptista também não terá ficado indiferente ao apoio, mesmo que dissimulado a quem tinha à sua frente às candidaturas para diretores do Agrupamento de Escolas de Monção. Tudo os unia, provavelmente. Coincidências, dirão alguns; outros sorrirão!
Nas fotografias, em baixo, vê-se Amélia Novo a discursar no jantar de mulheres da candidatura de Abel Baptista às autarquicas de 2013 onde reuniram cerca de 200 mulheres segundo notícia publicada no jornal ‘Terra Minhota’ de 15/08/2013. «Apoio o Dr. Abel Baptista e consigo Monção vai estar muito bem entregue», disse a ex-dirigente do PSD.
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Jantar com 200 mulheres de apoio a Abel Baptista (de lado) e Aristides de Sousa (de costas)
PUBPedro Passos Coelho também é visado.

Amélia Novo, agora na qualidade de professora da Escola Secundária de Monção, dirige uma carta pessoal ao líder do PSD (versão integral no anexo), que começa assim: “Ilustre Companheiro, perante tantas atrocidades que se estão a fazer no sistema educativo português e por acreditar piamente na liderança, abertura e capacidade de V. Exª tomei a liberdade de o sensibilizar para algumas questões que, como é facilmente compreensível, pode desconhecer”.
Mais à frente refere: “Era quase ponto assente no concelho que o Agrupamento do Vale do Mouro iria encerrar, uma vez que já tinha encerrado o da Escola de Pias com mais turmas e alunos. Traria inconvenientes, é certo, porque a deslocação para os alunos era bastante maior. Os sensatos apontavam que apenas se deslocassem as turmas do 5º e 6º para o Agrupamento Deuladeu Martins e o 7º, 8º e 9º anos para a Secundária com 3º ciclo, acontece que aquilo que parecia sensato deixou de o ser, porque em termos partidários pensa o P.S local que lhe seria prejudicial. Então qual o acordo forjado com a DREN? Fazer um mega agrupamento com toda esta dispersão de Escolas, ficando a Direcção na Escola Secundária com 3º Ciclo (note-se que eu sou professora da ESC. SEC) e não encerrar o Agrupamento de Escolas do Vale do Mouro. É certo que isto só pode parecer brincadeira… “.
A carta não poderia terminar de forma mais clara: “Pretendo com esta mensagem, digníssimo Presidente do P.S.D, solicitar o vosso empenho para que não se façam revisões na educação sem estarem devidamente avalizadas as suas vantagens e demonstrar a minha disponibilidade de colaboração, sem pedir qualquer contrapartida, nem que para isso tenha de me deslocar a Lisboa”. E a terminar e para evitar que a missiva caísse numa gaveta do esquecimento, lança um apelo antes de enviar as «amistosos saudações social-democratas»: «Aguardo feedback desta minha exposição».
Carlos Abreu Amorim (cabeça de lista)
Seguiram-se depois as muitas mensagens entre deputados da coligação e elementos da escola e eis que os deputados por Viana do Castelo fizeram chegar ao Diretor Geral de Educação do Norte, os nomes que deveriam fazer parte da futura CAP. A um deles, Carlos Abreu Amorim, o único que se recandidata, o MINHO DIGITAL enviou a referida carta para dois dos seus endereços de e-mail, solicitando que se pronunciasse até ao fecho desta edição, mas até ao momento só se pautou pelo silêncio. Também o poderia ter feito telefonicamente, mas a postura em nada mudou. Mas sobre isso, voltaremos a falar numa próxima edição até porque há muita mais informação.
Entretanto, um dos personagens envolvidos neste imbróglio e que até há pouco tempo ainda era «militante do Partido Socialista e com quotas em dia», conforme nos assegurou um responsável local, enviou uma mensagem (11:31 horas de 26 de Abril de 2012) via BlackBerry a uma pessoa Deputada em que, de forma surpreendente, diz o seguinte:
“Tive conhecimento(of record) que o P.S. encabeçado pelo Solheiro e com os restantes presidentes da camara do PS, vão criar um canal TV regional e tamém com o apoio da Escola profissional EPRAMI (Que é PS e que se estende, ela EPRAMI, por todos os concelhos de Viana). Ela EPRAMI Compete com as Escolas publicas, por isso,nunca o ME corte as candidaturas das escolas publicas aos cursos profissinais. A instalação do canal está previsto ser em Cerveira e o responsável vai ser o dono da EPRAMI, o Senhor Miranda.
Guarda segredo , senão perco fontes de informação.
A proposito do MEGA tive conhecimento que o Conselho Geral da EB2,3 Deu-La- Deu vai reunir e propor para a CAP:
– 3 elementos PS da EB2,3 Deu-La-Deu ( os atuais)
– A Paula PS de Tangil
– Lobo de Monção, para o estrangularem
Dizem que isto é uma forma de pressão, para conseguirem o que querem.”
A resposta (12:59 horas) vinda de um endereço da Assembleia da República – e que temos em nossa posse – foi a seguinte:
“Ola! Obg, quanto a cap deixa andar não comentem nada! Qt a TV se tiveres mais informacoes agradeco, nomeadamente saber onde vao buscar fontes de fananciamento…” (reproduções confome)
Abel Baptista (4ºlugar na lista da Coligação)
Entretanto, nos últimos dias, nas redes sociais, surgiu uma página contra o deputado de Ponte de Lima que nas últimas Autárquicas se candidatou a presidente da CM mas o CDS/PP não foi além de 1 vereador. “Abel Batista: PRA FORA de Monção” – pode ler-se no cabeçalho do Facebook. O agora candidato pela coligação “Portugal à Frente” reagiu mal aos seus opositores dizendo que “não será uma mão cheia de indivíduos mal formados e sem o mínimo de espirito e convivência democrática, mas seguramente bem xenófobos e delirantemente mentirosos que me irão incomodar. A democracia existe e tolera até este tipo de gentalha”. Este tipo de epítetos dirigidos aos seus opositores de Monção, não são comuns em políticos nacionais e muito menos em Abel Baptista que se diz um homem muito cerebral, mas revela algum aparente desespero perante a contestação popular de que está a ser alvo.
Aliás, noutros tempos quando o PS era Governo, Paulo Portas apoiou o boicote escolar em Monção, dizendo: “Não são os burocratas do Ministério lá em Lisboa que sabem do destino desta escola e de muitas outras”. (declarações totais, em baixo, no link)
http://www.publico.pt/local-porto/jornal/paulo-portas-da-apoio-a-boicote-escolar-em-moncao-230871
Nuno Crato (Ministro da Educação e Ciência)
Por outro lado, no próximo dia 18, sexta-feira, o Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, vai receber em Lisboa o Presidente da Câmara Municipal de Monção, Augusto de Oliveira Domingues.
Na agenda, estará o pedido de avocação do processo de não homologação da eleição do Diretor do Agrupamento de Escolas de Monção, bem como a decisão, caso tal não aconteça, de corte de relações institucionais entre o Município de Monção e o Ministério da Educação e Ciência.
Recorde-se que aquela decisão, saída da reunião do executivo municipal do dia 29 de agosto com seis votos a favor do PS e do PSD e um voto contra do CDS (Abel Baptista), que aponta para a denúncia unilateral do contrato de delegação de competências nº250/2009 e consequente não exercício das referidas competências em matéria de educação.
A saber: a transferência do pessoal não docente das escolas básicas e da educação pré-escolar novamente para o Ministério da Educação; devolução da gestão do parque escolar no 2º e 3º ciclo do ensino básico e suspensão de atividades de enriquecimento curricular no 1º ciclo do ensino básico.
A deliberação, apoiada maioritariamente pelas cerca de 300 pessoas que naquele dia enchiam o Cine Teatro João Verde, fundamenta-se na grave instabilidade existente no Agrupamento de Escolas de Monção, a qual tem motivado desconforto e mal-estar no corpo docente, incompreensão dos encarregados de educação e enormes dificuldades no normal desenvolvimento do processo de aprendizagem dos alunos.
Refira-se, no entanto (ler outra notícia por baixo do Editorial) que o governante já fez saber, em comunicação com data de 7 de setembro, que rejeita a avocação do processo, argumentando que “o poder funcional de homologação da eleição do diretor é um poder cuja titularidade pertence ao diretor geral da DGAE” sendo “insuscetível de avocação por parte do senhor Ministro da Educação e Ciência”.
Ora, este argumento não acolhe, na medida em que foi o próprio Ministério que ordenou à actual CAP (Comissão Administrativa Provisória) sob a orientação do Prof. Artur Vieira que promovesse o acto eleitoral e que demorou 10 meses a ser organizado e culminou na eleição do Prof. Sérgio Gonçalves, pela terceira vez consecutiva mas agora com um reforço considerável de votantes nele. Não houve ‘casos’ reclamados por qualquer das listas e, quando tudo parecia ter-se chegado ao fim de ‘calvário’ que dura 3 anos, a Directora Regional vem dizer que nunca poderia ter-se realizado aquele acto eleitoral. Que andou a fazer durante estes meses se até o Director actual da CAP disse que tudo correu com lisura?
Na mesma comunicação, o Ministro da Educação e Ciência mantém a disponibilidade para abordar a presente situação vivida no Agrupamento de Escolas de Monção. Na resposta, o município afirmou o interesse na abertura de um ano lectivo tranquilo e atempado e solicitou novamente a marcação urgente de uma audiência, o que acontecerá para a semana.
Muito trabalho jornalístico está ainda por fazer perante o Kafkiano processo de eleição do novo Director que culminou com a terceira não homologação da eleição do Direcção das Escolas de Monção e o adiar de soluções definitivas para a Educação no concelho.
“Estou desiludido, frustrado, indignado e revoltado com o gozo que advém de um grupo destituído de princípios básicos elementares, quase me atreveria a dizer “selvagem”, que deitou a mão a todos os meios e “engenharias habilidosas” para atingir fins prosseguidos e o mais lamentável, lastimável e vergonhoso é conseguirem-no com a conivência de certa camada de “políticos”, alguns dos quais se preparam, novamente, para vir, bonançosos, simpáticos e prazenteiros apelar à continuidade e, consequentemente, à manutenção deste estado anárquico em que o vilão sai sempre premiado”.
Quem escreveu isto não foi um militante qualquer, mas sim Armindo Ponte, ex-Presidente da Câmara Municipal do PSD de Monção e um dos elementos do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Monção. Este antigo autarca escreveu uma ‘Carta Aberta’ a que deu o nome ‘Por imperativo de Consciência’ e que enviou a Marco António Costa (Vice-presidente do PSD), bem como a Carlos Abreu Amorim e Luís Campos Ferreira, respectivamente os dois primeiros nomes da lista ‘Portugal à Frente’, com as Eleições à porta.
Pela relevância política do referido documento que entretanto já foi parar às mãos de outros dirigentes igualmente preocupados com o crescente mal-estar no seio da coligação, documento esse a que tivemos acesso, entendemos publicá-lo na íntegra. Tentámos pedir autorização ao seu signatário mas até ao fecho da presente edição não foi possível mas estamos confiantes que o Dr. Armindo Ponte acreditará que apenas nos move o interesse de informar perante um tema que ganhou uma dimensão invulgar e é de inegável interesse público revelá-lo.
Marco António Costa (Vice-presidente do PSD)
Carlos Abreu Amorim (deputado e cabeça de lista da Coligação)
Luís Campos Ferreira (nº2 da Coligação)
“POR IMPERATIVO DE CONSCIÊNCIA”
Tenho um passado em funções docentes de que muito me orgulho, por consciência do dever cumprido, pelo reconhecimento público e pelos testemunhos de que vou sendo alvo a cada dia que passa. Integrei, entre outros, o quadro docente da Escola Secundária de Monção, desempenhei todas as funções possíveis dentro do sistema de ensino, contribuindo para a grandeza daquela que foi outrora uma escola de sucesso e modelo de ensino, onde os monçanenses se reviam e se orgulhavam.
Tenho um passado de função autárquica ao mais alto nível, doando a esta terra tanto esforço e dedicação como contributo para engrandecimento de Monção e dos monçanenses. Com a vitória na Câmara, em 1990, salvei a honra e a face do Partido no momento em que a autarquia monçanense esteve em queda e em tremendos riscos de ser perdida, a ponto de merecer no mapa autárquico da sede em S. Caetano à Lapa uma tripla estrela laranja (vitória que valeu em triplicado) no entendimento do então Presidente do PSD, Cavaco Silva, e do Secretário-geral, Falcão e Cunha, além do António Martins, Adjunto.
Tenho um passado, continuado no presente, de relevantes serviços comunitários, mormente na área social e no voluntariado, de que a Santa Casa da Misericórdia, prestes a atingir os cinco séculos de existência, representa expoente, contribuindo, na última década, para a sua expansão nas vertentes social, educativa e da saúde, a ponto de ser hoje não só a maior empregadora do Concelho senão também a referência entre as IPSS.
Tenho um passado e um presente projectado em futuro de diversos contributos comunitários e de colaboração assídua, voluntária e totalmente gratuita, quer com colectividades culturais, quer desportivas, quer ainda no domínio da comunicação, que ainda conservo, com relevância para a rádio e imprensa escrita.
Tenho um passado de e no orgulho de ser monçanense, nado, criado e vivido, e apesar de ter servido nas mais altas e nobres funções mantenho uma cara limpa por doses de seriedade, dignidade e honradez, além duma personalidade imaculada e, como tal, reconhecida pela sociedade monçanense. Estes são os aspectos que mais me envaidecem e me deram sempre e em todo o momento a oportunidade de dormir tranquilo e acordar sossegado pois as forças de segurança e justiça não me rondariam a porta. Sempre desprendido dos bens materiais, como foi e continua a ser apanágio, antes prejudicado nos meus próprios, reconhecido por todas as pessoas de sãos princípios, foram o baluarte da minha conduta.
Em síntese, quiçá um mau político, como tantos outros, mas um Professor em toda a dimensão da palavra e um Homem sério, digno e honesto.
Custou-me muito, creiam, escrever os parágrafos antecedentes porque contrariam aquilo que sempre gostei: ser humilde, obediente e prestador de serviço à causa pública, sem qualquer compensação económica extra, salvo o salário que me era devido por direito.
Mas custou-me muito, sobretudo porque desde 29 de Julho p.p. deixei de ser considerado possuidor de tais qualidades, por me sentir ofendido, humilhado, desprezado e, fundamentalmente, gozado por uma certa “camada” de “mandões” ou cidadãos por eles mandatados, politicamente incompetentes e irresponsáveis e essencialmente brincalhões, contraditando-se, em absoluto, com os atributos de que deveriam ser possuidores.
Estou desiludido, frustrado, indignado e revoltado com o gozo que advém dum grupo destituído de princípios básicos elementares, quase me atreveria a dizer “selvagem”, que deitou mão a todos os meios e “engenharias habilidosas” para atingir fins prosseguidos e o mais lamentável, lastimável e vergonhoso é conseguirem-no com a conivência de certa camada de “políticos”, alguns dos quais se preparam, novamente, para vir, bonançosos, simpáticos e prazenteiros apelar à continuidade e, consequentemente, à manutenção deste estado anárquico em que o vilão sai sempre premiado.
É óbvio, senhores, que me refiro ao “estado de sítio”, à VERGONHA DESPUDORADA em que colocaram a educação e ensino – A MINHA PROFISSÃO – cá neste rincão monçanense, terra de Histórica rica, tradições seculares e gente de nobreza de carácter. VERGONHOSO o papel dum departamento ministerial, que se diz da “Educação”, quando goza e brinca com Homens e Instituições merecedoras da mais alta consideração.
Não vou recontar episódios cómico burlescos por demais conhecidos, não pretendo recriar cenas picarescas nem “novelas” cheias de enredos reais quando os mesmos nem fantasiosos são toleráveis. Nada disso me impele a esta missiva, senão a zombaria, a caçoada, a chacota e o trato pueril, acriançado e infantino a que fui e fomos devotados.
Um cidadão individual merece respeito. Uma Instituição secular ou uma empresa de sucesso mereciam esse respeito, além de consideração e apreço. Pelo que tem vindo a suceder, são vítimas do contrário, restando saber se por imposição directa se por omissão de políticos (des) governantes.
Em representação da Santa Casa da Misericórdia de Monção fui designado para integrar o Conselho Geral Transitório do Agrupamento de Escolas de Monção. Fui mal tratado logo na primeira reunião por um grupito de professores – eram poucos, diga-se – que apresentavam deficiências de formação, alguma atitude de malcriadez, a roçar tons de arruaça, que, de forma bacoca, me puseram (também ao representante da Adega Cooperativa de Monção e ao ex- Presidente da Câmara) fora da porta, sem o mínimo de educação. Ocorreram-me, de imediato, estes pensamentos e confirmações: “afinal sempre é verdade o que se diz do ensino em Monção! Pobres das nossas criaturas! Deus me livre de responsáveis destes a lidar com criancinhas de tenra idade! A quem está confiado o ensino na nossa terra! Ai minha rica Escola a quem te entregaram e como te puseram!”
Fui, apesar deste enxovalho, continuando nas sucessivas reuniões do órgão e a minha ideia, felizmente, foi-se modificando. Aliás, depressa se mudou. Afinal, esse grupito por lá foi continuando, sempre em total e sistemático boicote, mas, felizmente, havia outro grupo, bem maior, de professores e pessoas de bem, empenhadas no interesse da causa do ensino e interessados em resolver, duma vez por todas, um imbróglio que se mantinha há anos.
E aqui convém frisar que também mudei a convicção sobre o ME, já que se notava, sob sua orientação, através das suas estruturas, igual interesse em resolver um assunto de extrema importância, até para cessarem consequências gravosas que grassavam. Assim foi até ao penúltimo dos dez dias em espera de homologação, para o culminar dum processo eleitoral digno e seriamente tratado por larga maioria, tão bem tratado que o próprio grupito se desuniu! E tão bem seguido pelo ME que solicitou o envio de todo o processo para se certificar que tudo estaria em ordem e não houve atropelos aos normativos. Como, de facto, não houve!
Intolerável e incompreensível a decisão final. Lá chegou o único veredicto que jamais deveria ter sido proferido. Rezava (utilizo “rezar” porque o Director eleito é docente de Religião e Moral Católicas, dedutivamente: “ A lei foi cumprida, V. as Ex. as fizeram o que deveriam ter feito, mas nós não queremos isso, não nos convém pacificar o Agrupamento e pretendemos dar razão àquele dito grupito, supra catalogados, de modo que o ensino, em Monção, continue pelas ruas da amargura”. Por outras palavras – foi “parido” um DESPACHO POLÍTICO, que serve como gozo aos que levaram o assunto a sério e gáudio aos mal-intencionados, aos destruidores da acalmia e do ensino nesta terra.
“Caspite”, como gostava de expressar o bom e saudoso Padre Zé dos Anhões, essa ímpar figura da segunda metade do século passado! Santo Homem de quem se dizia que “enxotava os diabos”. Resta-me a saudade, amigo padre Zé, pois agora não teria mãos a medir com tanto figurão (políticos incluídos) a precisar que lhe extraiam os demónios!
Caros amigos (e como me zurzia o “velho” Nande, “com amigos destes não precisamos de inimigos”):
Imagino a vossa reacção questionando-me: que temos nós a ver com isso? Fomos nós cúmplices de tais actos?
Pois bem. Serão V. as Ex. as, enquanto responsável pela condução do Partido ou principais candidatos pelo mesmo, os rostos visíveis e aqueles sobre quem recairá o odioso da questão. E é, por isso, que vos pretendo avisar, “pois quem me avisa…” pode vir a ser meu “inimigo”.
A nível individual sinto-me magoado, ofendido, humilhado e gozado com estes “golpes baixos” e esta “política nada translúcida”. Impensável rever-me neles e menos em quem os pratica ou consente.
Como representante da Santa Casa da Misericórdia de Monção não podemos deixar de manifestar o mais vivo repúdio pela forma ortodoxa como foi tratada uma instituição que é “Santa”! Assim, para se manter “Santa” não poderá receber quem pratica ou deixa pactuar com tamanhas maldades.
É óbvio que não poderemos receber quem tanto nos gozou e quem tanto brincou connosco. A não ser por iguais, mas parece que, pelas sondagens, nem os miúdos do Centro Infantil estão interessados em vos receber, pois temem um futuro negro e sombrio em estudar na sua terra. É evidente que os que tenham mínima possibilidade irão para fora da terra, o que jamais vos perdoarão. É que os males de infância ficam sempre em recordação.
Pela Adega Cooperativa falarão seus associados; quando muito apenas valho uma milésima parte. Mas também eles andarão desiludidos, frustrados e revoltados. Como se não bastasse a “mágoa pelo Alvarinho”, também a Instituição, através do seu Presidente, é agora denegrida. E notem que estamos a falar da empresa economicamente mais sólida de Monção, responsável pelo sustento da maioria das famílias, gerida nas duas últimas décadas por pessoas altamente ligadas ao Partido (Antonino Barbosa, pai do actual Presidente da CPC de Monção, António Barbosa, que com esta atitude de agora vê cada vez mais distante a presidência da Câmara, quando ela esteve a três votos, e Armando Fontainhas, que venceu as
últimas autárquicas pelo partido, enquanto candidato à Assembleia Municipal)!
E permitam-me apenas uma questão: que pensam fazer, em Monção, na próxima campanha eleitoral com tanto rancor, ódio e desprezo que se sente e nota em tanta gente, inclusive em tantos sociais-democratas? Para cúmulo, talvez o “grupito” vos acompanhe, como preito e gratidão a quem tanto os apoia e estimula. Sim, pelo menos a alguém de quem se diz ser o seu grande “advogado” e que entra na composição da lista!!! Assim sendo, pelo menos terei oportunidade também para me rir – de raiva, claro – na vossa cara!
Falo apenas por mim, na garantia absoluta que pouco vos importará ou nem vos fará mossa contar menos dois votos! Mas, garantidamente, ireis perder muitos votos cá pela terra. Mas talvez isso nem seja o pior! É que, como bem diz o nosso povo, muito sabido: “quem semeia ventos, colherá tempestades”.
Segunda-feira, dia 31, tudo se conjuga para que haja “declaração de guerra”, cujo teor já é do domínio público! O mais custoso será para nós, Homens de paz, ter que “engolir” a “guerra”.
Resta-me e resta a outros a consciência que tudo fizemos para a evitar. Este será, porventura, o último alerta. Embora tarde, talvez ainda se vá a tempo. E curioso: não estamos a pedir nada que não tenhamos direito. Simplesmente, o cumprimento da lei! Tão estranho estar a pedir que cumpra a lei a quem incumbe essa obrigação!
Mas convenhamos que, se a guerra surgir, que é o mais provável, não poderemos ficar de mãos atadas, continuando a ser os “bobos”.
Quem sabe se teremos que voltar a fechar as portas da muralha a quem tão mal nos tem feito? E do alto dessa muralha, como soldados e guardiões desta nossa terra, seremos melhor ouvidos pelos nossos concidadãos e dar-nos-ão atenção já que é em defesa do nosso burgo, do que nos pertence, daquilo que os antepassados nos legaram com tanta hombridade.
É tempo de dizer “BASTA”. Perdi a “fé” na política e nos políticos. Não consigo tolerar que a minha seriedade, dignidade e honestidade sejam abaladas por “práticas indecentes e contrárias aos elementares princípios do bom senso e da moral” e, obviamente, com a complacência dos que se prezam ou balizam tais autorizações.
Talvez um ou outro termo possam ferir susceptibilidades. Mas entendam que que a revolta é enorme e não encontrei termos mais dóceis. A injustiça sempre me preocupou. A única vez que fui constituído arguido foi, pasme-se, por ter pago uma dívida autárquica quando da chegada à Câmara! Depois até obtive desculpas judiciais. Mas foi suficiente para nunca mais extrair esse “espinho”. Imaginem agora os efeitos que me fará sentir esta monstruosidade!
Termino com o aforisma popular que “a esperança é a última coisa a morrer”. Não lhe poderei dar, como lógico, muitos dias de vida, mas em todo o caso “enquanto há vida, a esperança [ainda que ténue] manter-se-á.”
É, por isso, que ainda me inclino a cumprimentá-los, respeitosamente. Espero não ter que me vir a socorrer do meu “amado” Eça para lhe dizer que nem atenta, nem respeitosa nem impensável seguidor.
Armindo Ponte