Por que é que a Esquerda nada tem a oferecer ao país?

João Cerqueira

 (Escritor)

Desde o 25 de Abril de 74 Portugal tornou-se um país socialista, ora governado pelo PS, ora governado pelo PPD\PSD. Na própria Constituição ficou escrito, para que não houvesse dúvidas ou desvios, que o Rumo ao Socialismo era um objectivo nacional. No presente, apenas países como a Coreia do Norte, Cuba, a Venezuela mantêm nas suas constituições tal preceito totalitário. Ainda assim, em Portugal essa definição de um rumo político que poderá ser contrário à vontade dos eleitores não parece incomodar os partidos políticos.

Regressando ao pós 25 de Abril, a Esquerda nacional (PPD\PSD incluído) decretou que a nacionalização da economia era o caminho a seguir, por trazer prosperidade, justiça social e, obviamente, o fim da exploração capitalista. Rumando em sentido contrário aos países democráticos da Europa – onde os emigrantes portugueses encontravam melhores condições de vida -, a Esquerda portuguesa escolheu o caminho dos países do Leste europeu – para onde ninguém quis ir.

Assim, as principais empresas nacionais foram retiradas aos seus proprietários e entregues à gestão do Estado – entre elas a Empresa de Pesca de Viana. Ao mesmo tempo, esses mesmos empresários, além das nacionalizações, foram presos ou forçados a sair do país. Todos os partidos de Esquerda apoiaram estas medidas, tidas como inquestionáveis na altura, recebendo o labelo de Fascista aqueles que se lhes opusessem.

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Resultado destas políticas de Esquerda: em 1977 o governo liderado por Mário Soares é forçado a chamar o FMI por Portugal se encontrar em bancarrota e, em 1983, o mesmo Mário Soares, agora à frente do Bloco Central, vê-se obrigado a pedir de novo ajuda externa pelos mesmos motivos. Foi por essa altura que o próprio  Soares disse que era necessário ‘’meter o Socialismo na gaveta’’.

 

Falhada a política das nacionalizações, a Esquerda nacional logo descobre outra solução milagrosa para fazer crescer o país: as obras públicas e o incentivo ao consumo.

A política de obras públicas começa com Cavaco Silva – numa altura em que realmente Portugal necessitava de estradas e pontes – e não para até ao governo de José Sócrates – o campeão das PPP. Uma vez mais, a Esquerda em peso veio garantir aos portugueses que as obras públicas iriam desenvolver o país, criar riqueza, etc, etc. Sucederam-se então estradas, pontes, viadutos, centros culturais, expôs, estádios de futebol e até – graças a Sócrates – um aeroporto que está fechado. E o PS só não começou a construir o TGV – que seria a obra mais cara da nossa história – por que perdeu as eleições.

Resultado: Portugal, em vez de se tornar um país próspero, vai pela terceira vez à falência e é obrigado chamar o FMI.

Tendo tudo falhado, o que resta então à Esquerda como solução para desenvolver o país? E a resposta é nada. Nada, por que a Esquerda não mudou a sua velha receita: continuar a intervir na economia, incentivar o consumo interno – levando assim as famílias a se endividarem – e  manter impostos altos que impedem a criação de novas empresas e afugentam o investimento estrangeiro. A Esquerda, em suma, tem de continuar fiel à sua identidade – caso contrário, estaria a adoptar políticas de Direita.

Como já escrevi noutro artigo, convido o leitor a fazer uma pesquisa no Google em busca de rankings de desenvolvimento dos países. Encontrará a Noruega, Austrália, Japão, Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Suíça, Hong-Kong etc. Ou seja, todos os países desenvolvidos – e para onde os portugueses emigram – são economias liberais. O Socialismo não entra nestas contas, nem mesmo na Noruega onde há de facto uma Social-Democracia, mas onde o Estado não gastou as receitas do petróleo em estradas e estádios de futebol.

Conclusão: se Portugal quiser continuar a rumar ao Socialismo, sem se querer adaptar à realidade da globalização, os portugueses podem pois preparar-se para a próxima bancarrota.

 

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