Prédio Coutinho: E não passa nada?

Era o que me perguntavam por estes dias uns amigos!

A pergunta tinha, e tem, alguma razão de ser para estes meus amigos, vizinhos de terras próximas, frequentadores habituais e empedernidos cá da paróquia, cidadãos do mundo que vai muito além além do rectangulo, ou da jangada de pedra europeia. Gente que sabe ver, reconhecer, pensar e aplaudir o que tem, ou de bem, é feito. Ah! E leem, veem e ouvem o que se vai despejando na comunicação social, ou coisa parecida, que por aí abunda. Com tantos ‘jornaleiros’ licenciados, todas as cautelas são poucas, para bem e preservação da nossa saúde física e sobretudo mental. Não só as calinadas no ‘pretuguês’, essa língua distinta, que uns pândegos, à falta de melhor meio para mostrarem figura, prostituíram, vestindo-lhe o fato com o facto de que assim era mais fino e moderno. Abandalharam o brasileirismo gracioso que dá graça à desgraça, e malbarataram o português. E, se nem uma coisa nem outra é o resultado, some-se a ‘santa ignorância’ e… viva a iliteracia, mãe amada dos populismos e seus derivados, à Direita e à Esquerda. O que vale é a mansidão dos indígenas, e qualquer ‘palha’ o entretém. Mesmo que a digestão seja depois feita à custa de novos e requentados ingredientes. E o ciclo recomeça.

Mas que raio de coisa tinha levado esses meus queridos amigos a inquirirem se cá pelo burgo a pasmaceira era, continuava a ser, mal epidémico? O silêncio dos partidos? A ‘serenidade’ autofágica da Justiça? O acreditar que todos podem fenecer, e ‘ele’ será um dos eleitos que sobreviverá?

Dentre a selva amazónica de ‘garimpo’ ou garimpeiros em trabalho de campo, um há que faz toldar as cálidas águas de quem tem respeito pelo direito dos outros. E os moradores do Prédio Coutinho, na Princesa do Lima, que para os menos dados a estas coisas do ‘real’ do nosso Portugal, foi mais um dos muitos casos que marcou o cadastro do inefável Sócrates e seus amigos, a começar por aquele que os vianenses elegeram como seu edil, tendo-o como pessoa sensata, correcta e ponderada, e que acabou sendo a carrasco daqueles que honradamente viviam no Prédio mais alto de Viana do Castelo.

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E o processo do Prédio Coutinho, pela acção da serena Justiça que pagamos e suportamos, teve por estes dias mais uma chamada ao palco. “Agora que foi demolido, dizia a TVI e alguns órgãos de Comunicação Social, Tribunal reconhece que os moradores tiveram razão em resistir”. Lindo. Bonito até, não se desse o caso dos dramas que criou, alimentou e de vidas que amargurou, para não dizer, matou.

O ‘caso Prédio Coutinho’, e os incontáveis dramas humanos que consigo criou, deve envergonhar muitos vianenses, socialistas, socais democratas e demais gente sem pudor, valores e principios. A Inveja é uma coisa muito feia, e se a ela juntarmos a estupidez, encontrado está o motivo que levou tantos a covardemente permitirem e aplaudirem que uns poucos fossem executados.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Tantas são os ‘casos’ e os ‘casinhos’ que, por tudo o que é jornal e televisão são alimento para uns tantos candidatos a imitadores do senhor Rupert Murdoch, esquecendo-se que aqui o quintal luso em nada é comparável à ‘velha Albion’, que a ‘anormalidade’ perante a indiferença em cabalmente esclarecer dos poderes instituídos, torna o ambiente de suspeição como aparente normalidade. A agenda mediática está repleta de casos que eram já um perigoso somatório de cargas demolidoras no aparelho de Estado. Todos se puseram a jeito. Ministros, Secretários de Estado, altos cargos da Administração Central, Forças Armadas, Policias, Justiça, Banqueiros, e um infindável rol de figuras e figurinhas, mais ou menos consideradas a ‘fina flor do entulho’ nacional.  Ninguém ficou de fora dos pilares que, dizem, enforma o sistema. Os senhores deputados deram, e dão uma generosa contribuição, que não deixou indiferente, pelo exemplo os ‘nossos autarcas’. É vê-los agora, pressurosos, em rebanho, indiferente da cor partidária, jurarem por tudo o que é comunicação social, e a propósito e a despropósito, que todos estão de ‘consciência tranquila’, e que as autarquias são das ‘coutadas’, mais, e bem fiscalizadas. Só que agora, nem quando afastados já da função, escapam aos ‘convites’ para umas visitas à Polícia Judiciária, e declarações ao Ministério Público. E não é de acreditar que estes ‘convites’ sejam só por desfastio. O mel, mesmo o mais ‘elaborado’ na fabricação que alimenta as abelhas, quando consumido sem moderação, deixa marcas denunciadoras da gulodice. E como o ‘mel’ que tenta esta rapaziada tem de ser pago pelo pagode que é esmifrado nos impostos, como já diz a canção, ‘hà sempre alguém que diz’, e lá temos alguém dos que restam com uma réstia de princípios a pedir contas.

Claro que muitos destes ‘casos’ que dão capa de jornal, e enchem horas de intragáveis comentários televisivos, são ‘casinhos’, que se esta nossa classe dirigente fosse, e tivesse, um pingo de verticalidade, prontamente seria esclarecida e arrumada. Mas como a degradação moral e cívica  dos agentes políticos, judiciais e sociais anda pelas ruas da amargura, somos todos primos e primas, quando não pais, tios e avós, os ‘casinhos’ virão ‘casos’, e o ambiente de desconfiança é assim alimentado em crescendo. Já nem o Presidente dos afectos é poupado. Mas daí a dizer que não se passa nada, como intuíram os meus amigos, é… um grito de alerta, numa aldeia de surdos e cegos junto ao mar.

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PS:- Uma declaração de interesses. Não sou de Viana do Castelo, terras que frequento e gosto muito, onde tenho alguns Amigos, e não tenho familiares ou afins que vivam por estas bandas. Sou do Norte e Português. Para que conste.

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2 comentários

  1. Tanto se falou, tão bem badalado foi, a pura inveja dá no bota abaixo e agora não há nada a fazer…

  2. Tal como outrora, é mesmo bom que continues a falar e a «cantar até que a voz te doa»! . . . E sempre sem olhar para trás . . . Parabéns !

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