Naturalmente que a vida humana não se circunscreve ao trabalho, ainda que este constitua a condição “sine qua non” para uma existência de qualidade, que proporciona os recursos materiais para satisfação das necessidades básicas e, se possível, de todas as outras que se desejam.
Considera-se, por isso, que: «O trabalho é importante para a felicidade, mas não é tudo. Não é possível viver só para trabalhar. Acho o sucesso o máximo, mas muitas pessoas estão perdendo a referência do que seja viver. » (SHINYASHIKI, 2000:179).
O que acima foi citado, significa que as relações no local de trabalho, constituem, apenas, uma parte da vida de cada pessoa, eventualmente, um terço dessa mesma vida, por isso mesmo, as relações profissionais devem ser exercidas nesse mesmo contexto, sem o recurso aos valores da relação pessoal, que caracterizam a amizade privada e, em certas circunstâncias, íntima, se se preferir, uma amizade consolidada no verdadeiro “Amor-de-Amigo”.
Em qualquer das dimensões, as amizades, quando verdadeiras, desinteressadas de objetivos inconfessáveis, são necessárias, isto mesmo se apadrinha nesta reflexão, mas, o que se pretende separar muito bem, é a amizade meramente profissional, funcional e cooperante entre os colegas, e a amizade no plano privado, na intimidade e na cumplicidade.
Para que assim aconteça, uma seleção dos amigos é essencial porque: «O discernimento de um amigo vale mais do que a boa-vontade de muitos outros. Portanto, que a escolha domine, não o acaso. Os amigos sábios afugentam os dissabores, enquanto os tolos os acumulam. » (GRACIÁN, 2006:25).
Pretende-se, naturalmente, neste trabalho, demonstrar que a importância da lealdade, da amizade, esta no seu sentido mais íntimo, ou seja, amizade no plano de autêntico “Amor-de-Amigo”, e de outros valores e sentimentos, entre amigos verdadeiros, não deverão ser transportados para/e utilizados no local de trabalho, porque, inevitavelmente, conduzirá a situações desconfortáveis, por exemplo, para dois amigos que realmente o são. Quantas vezes, por via do trabalho, se geram conflitos que depois afetam a relação de amizade privada.
GOSTA DESTE CONTEÚDO?
- Não se esqueça de subscrever a nossa newsletter!
A regra da imparcialidade entre colegas, num mesmo local de trabalho, deverá ser outro princípio a considerar. A equipa funciona tanto melhor, quanto maior for a neutralidade dos respetivos elementos, uns em correlação aos outros. Não pode haver relações profissionais elogiosas para alguns e a indiferença para com outros. O elogio é importante, quando feito pelo superior hierárquico, de tal forma que sirva de motivação para todos os membros da equipa, e não para os inferiorizar.
A colaboração, a interajuda, a compreensão e tolerância dos mais habilidosos, dos mais experientes e dos mais atualizados, deve estar ao serviço daqueles que mais carecem de auxílio. Este comportamento de apoio deve ser exercido com humildade, sem atitudes de omnisciência petulante, do autoelogio e da inferiorização da/os colegas, que necessitam de auxílio.
O profissionalismo, e as relações que ele implica, não podem ignorar os objetivos da instituição, a imagem e a defesa dos valores que ela defende e deseja ver propagados. Neste domínio, as relações profissionais são importantes para que todos os colaboradores falem a uma só voz, em benefício da empresa, que é o mesmo que dizer, para bem de todos.
As relações profissionais, no local de trabalho, devem, portanto, atender à colaboração entre os membros da instituição, de forma competente e cordial, respeitando os princípios e valores de cada trabalhador, e da empresa, mas exigindo igual procedimento, que se verifique reciprocidade nas palavras, atitudes e comportamentos.
Entende-se que as relações profissionais, no local de trabalho (e não só) podem ser substancialmente melhoradas, no plano do exercício das respetivas funções de cada trabalhador, se este tiver a preocupação de permanente aprendizagem, por sua própria iniciativa, na medida em que: «O autodesenvolvimento é a pessoa cuidar da sua própria evolução educacional, cultural, técnica e atitudinal por conta própria. » (RESENDE, 2000:122).
Bibliografia
GRACIÁN, Baltasar. (2006). A Arte da Prudência. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret
RESENDE, Enio, (2000). O Livro das Competências. Desenvolvimento das Competências: A melhor Autoajuda para Pessoas, Organizações e Sociedade. Rio de Janeiro: Qualitymark
PUBSHINYASHIKI, Roberto T., (2000). Os Donos do Futuro. 31ª Edição. S. Paulo: Editora Infinito.