Qual será o preço do silêncio em Vila Praia de Âncora?

Quando em 1999, os políticos agendaram nas suas propostas políticas a encomenda portuária do Portinho para Vila Praia de Âncora, toda a comunidade do Vale do Âncora ficou satisfeita.

Com a apresentação do projecto começaram a surgir dúvidas por parte dos técnicos competentes e de alguns autarcas (um ou dois). Os jornais começaram a referir “Âncora quer o portinho mas não à custa da praia”.

A associação ambientalista Quercus, conjuntamente com Joaquim Vasconcelos, apresentaram um relatório sobre as razões de não serem a favor da localização da construção e da realização dessa obra no local apontado pelos seus promotores.

A Comissão Europeia ainda pediu ao governo português explicações sobre a obra em questão, mas também demonstraram a sua ignorância e insensibilidade, não alertando que seria um disparate a obra em causa no local pretendido.

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Em 2001 é apresentado um parecer da Comissão de Avaliação sobre o relatório de Conformidade Ambiental do Portinho de pesca de Vila Praia de Âncora, em que era referido uma série de lacunas que não iriam ser colmatadas.

Os técnicos do sistema, coadjuvados por quase toda a “tribo de políticos”, desdobravam-se  em eventos e palestras para explicar aos pescadores as razões sem fundamento da sua concepção, os quais acreditavam nas explicações de quem sabe gastar mal o dinheiro  dos contribuintes, enganando, neste caso, os pescadores.

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Os técnicos ligados ao ambiente apresentavam todas as consequências do que iria suceder, mas segundo veio a parecer não seriam os pescadores que iriam ter postos de trabalho, mas antes alguém encheria os bolsos

Conforme o parecer da Comissão de Avaliação do relatório de conformidades ambiental (1999 anexo) onde se lia “é que a principal dificuldade prende-se com escassos dados de base para implantação, calibre e avaliação dos modelos”.

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A ignorância sobrepôs-se á realidade do trabalho apresentado. Os políticos mostram total ignorância bem como certas associações. Olham-nas de soslaio, são uns ‘chatos’…

Os técnicos do sistema analisaram e deviam ter sido responsabilizados como acontece nos países civilizados. Mas aqui parece que a culpa morreu solteira, embora se tenham gasto milhões de euros, e a comunidade piscatória ficou  com um porto de mar que tem de ser quase todos os anos dragado, a maioria das vezes sem lá poderem entrar. É certo que foi criada uma praia para colocar a secar os barcos de recreio que por lá aparecem!…

No entanto, passados estes anos, parece que ninguém se queixa, mesmo  que o relatório de conformidade ambiental referisse a existência de uma série de lacunas que nunca serão colmatáveis. Aqueles que se diziam amigos de vila Praia de Âncora ou da Comunidade Piscatória, nunca lhes pediram desculpa.

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Responsável nem vê-los! O silêncio sobre a redução do número de pescadores, é sepulcral! Por que será?! Até parece que estamos numa ditadura!… É tudo orgânicamente aprovado no segredo dos gabinetes e assessorias… para justificar os chorudos salários ao fim do mês, os cartões de crédito, o carro com direito a motorista, enfim!

 

 

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Na realidade os técnicos que alertaram a comunidade europeia e apresentaram trabalhos referindo o que se iria passar, foram apontados como maus profissionais e como inimigos do progresso da terra.  Infelizmente ainda existem técnicos e associações que não se vendem, nem com ameaças nem com as falsas declarações que alguns colocam sorrateiramente em alguma comunicação social. Estes técnicos tinham alguém que não “se venderia”-  que era a Mãe Natureza. Pode verificar-se a dificuldade que há em trabalhar com a incompetência de quem tem o poder na mão!

 

Mas os disparates continuam, com certeza, agora com a colaboração do silêncio de associações ambientais que parecem não ver  que o  porto de recreio e a doca de pesca, devido à dragagem mandada realizar em 2015-2016, não permitiu que os pescadores fizessem a merecida homenagem à Senhora da Ínsua. Nem a dragagem realizada durante meio ano em 2015, resolveu a situação!

 

São estes projectos que põem em causa a credibilidade dos técnicos dos sistema,  porque depois de ter sido questionada a sua realização, os responsáveis pelo projecto limitaram-se a garantir aos pescadores que tudo estava controlado, avançando para a execução de um porto de mar que está a colocar em risco a vida de pescadores.

                

  

Quem contestava a realização do portinho, referia-se à localização da obra e não à sua execução. Mas isso não foi entendido assim. No entanto, se seguirmos o “circuito do dinheiro”, compreendemos quem está por detrás de certos projectos. Para isso, devemos ver quem é que ganha com esta ou aquela obra. Depressa encontraremos os responsáveis da criação dos diversos “elefantes brancos” que têm surgido no litoral português.

 

 

Haja alguém que tenha vergonha e ponha cobro a isto, pois estas situações somente denigrem os técnicos que não se vendem e que sempre alertaram para as consequências desta obra. Deram cabo do portinho e continuam a dar cabo da praia que está constantemente a reduzir! A impunidade … campeia! Essa é a triste realidade!

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