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Dina Matos Ferreira
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A debandada de juventude a que temos assistido, como assistimos no passado a outras debandadas, reflete a perceção de que lá por fora consegue-se ir mais longe do que cá dentro.w
Esta perceção, que tem acompanhado muitíssimas gerações de portugueses ao longo dos séculos, já poderia ter-nos ensinado a fazer do nosso país um país melhor, mas essa tarefa tem-se mostrado verdadeiramente difícil.
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Esta semana foram divulgados uns dados, pela recentíssima Fundação José Neves, esclarecendo as razões práticas da debandada e apontando algumas pistas para o imbróglio da produtividade em Portugal.
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Um dos dados mais chocantes tem a ver com os ganhos reais da qualificação. Há doze países da Europa em que uma pessoa com o secundário tem maior rendimento médio do que os licenciados em Portugal. Descendo um pouco, a lupa mostra um pouco mais: em quatro países da Europa, o rendimento médio de uma pessoa com o ensino básico é superior ao de um licenciado em Portugal.
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A sangria da juventude para outros países está justificada: num mundo globalizado de viagens para cá e para lá, apesar do sol e das praias, os jovens ficam a perceber imediatamente que isso não basta para cumprir as possibilidades deste nosso século XXI. Ou então fica a trabalhar para um patrão não português, a reportar a uma empresa não portuguesa, com salários não portugueses.
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A justificação da improdutividade
Isto porque o segundo dado que aqui trago tem a ver com os níveis de qualificações dos empregadores: 47,5% dos empregadores não terminou o secundário, no que é o valor mais alto da Europa, situando-se no triplo da União Europeia. Líderes não qualificados são incapazes de acrescentar valor, de ser inovadores e disruptivos e de aproveitar o potencial humano das suas empresas.
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Como resultado, Portugal é o 20º país com menor produtividade da União Europeia, e em constante divergência. “Em 2019, antes do início da crise pandémica, cada trabalhador português produzia o equivalente a 66% do trabalhador médio da União Europeia”, refere o estudo.
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Em resultado, Portugal persiste entre os países da Europa com menores salários e estes só têm aumentado nas profissões menos qualificadas, empurrados pelos imperativos do ordenado mínimo.
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As quadraturas dos círculos não são possíveis, como não é possível subir os salários por decreto. Enquanto as lideranças em Portugal continuarem a ser não qualificadas e incapazes de acrescentar valor aos seus negócios, os salários não podem crescer.
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E continuaremos a assistir a debandadas de todos os que procuram crescer à medida dos seus sonhos e encontram lá fora quem lhes abra as portas de par em par, porque merecem.
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O estudo pode ser lido na íntegra aqui.