Editorial

Quem tem medo da inteligência artificial?
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Zita Leal

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Quando se falou pela primeira vez desta inteligência, ri, fiz piadolas estúpidas, não acreditei.

“A ignorância é muito atrevida” já os antigos diziam e eu reconheço que fui estupidamente atrevida. Depois apareceu no écran uma cabeça de mulher robot, traços finos, perfeitos de mais, que lhe davam um ar de pãozinho sem sal, de vela apagada, de sonsa sabida no dizer dos mesmos antigos a que me referi já. Continuei a tecer considerações estúpidas… Nada a temer daqueles conjuntos de metais reluzentes.

Há duas ou três semanas o atrevimento perdeu o pio. Como tenho andado ocupadíssima em tentar decifrar os casinhos que entrelaçam  o nosso Governo sem resultado credível, passaram-me ao lado os casos relativos à Inteligência Artificial e de repente leio que tal como o tabaco ela guarda em si “malefícios” terríveis capazes de aterrorizar o humano mais afoito. Substituir trabalhadores em todas as áreas, roubando o ganha pão dos mesmos, escrever poesia, ensaios científicos enquanto o diabo esfrega um olho, não precisar de musas inspiradoras para criar músicas agradáveis, com muita boa vontade conseguimos tentar aceitar. Quem aceitou que um homónimo de filósofo fizesse uma cadeira de faculdade num fim de semana (e uma cadeira de inglês específico não é para qualquer um), está apto a aceitar fenómenos sem explicação. Eu não aceitei mas eu não conto para nada porque refilo e mordo à bruta.

O caso complica-se se a dita Inteligência resolver desenvolver emoções boas, más, comportamentos humanos num complexo emaranhado de fios, placas, com acabamentos de ladiesgentlemans, que nos enganem os olhos. Lembra-se dos “postiços” manuseados pelas alcoviteiras de Gil Vicente e que tornavam soldadeiras em donzelas para frades e cónegos da Sé? Temo que o processo se repita. Medo do que aí vem no que toca à Inteligência Artificial? Tenho, sim senhor e não é pouco.

É urgente esclarecerem o  assunto antes que seja tarde.

 

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1 comentário

  1. Colega,

    Feliz quando brincava com os brinquedos do meu primo que tinha ido para Moçambique.
    Eu, não tinha nenhum.
    Desci a Cerveira e alguns foram aparecendo.
    Desci a Viana e harmónica, e ciclista, e pássaro e camião.
    Foi bom o que passei como privação, agora vou equilibrando.
    Como pai, preocupo-me, até à perfeição.
    Sofro com o passado das filhas.
    Arrependo-me dos momentos em que a minha cara-metade mostrou tristeza.
    No meio…

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