Editorial

QUEREM BLINDAR O JORNALISMO
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Manso Preto

O Poder, mesmo que os seus agentes sejam transitórios, protege-se, blinda-se e blinda. Propagandeia “a vitalidade e enriquecimento da divergência de opiniões” com o mesmo entusiasmo e necessidade com que tenta ‘barricar‘ todo aquele que o questiona.

Monta o cerco e faz a cama a quem o perturba, a quem o põe em causa e desafia mesmo quando estamos perante o interesse público e o direito/dever dos jornalistas informarem e serem informados. A Censura persiste, em meu entender hoje mais hipócrita, sob o manto da alegada liberdade de expressão e informação. É a nova Censura: económica, política, jurídica.

O mais recente episódio passou-se esta semana quando se soube que uma Procuradora Adjunta do Ministério Público, à sucapa do Juíz de Instrução, ordenou à PSP que fizesse vigilâncias a dois jornalistas, na altura ao serviço da revista Sábado e do jornal Correio da Manhã, em suma que investigassem os ‘perigosos’ repórteres, mas também um Inspector Superior da Polícia Judiciária por suspeitas de divulgação de pormenores de um  processo judicial que estava em curso. Curiosamente, não foi constituído qualquer arguido funcionário judicial que, naturalmente, lida com o processo. Foram apreendidos telemóveis, computadores, caixas de correio electrónico e contas bancárias. Ignora-se se houve escutas telefónicas e/ou buscas domiciliárias ou nos locais de trabalho.

Será que tais medidas tiveram a aprovação da Procuradora Geral da República, a sua chefe hierárquica?

Em causa estava um processo que envolvia um caso de … futebol!

O modo como tudo foi feito e os meios utilizados levam-nos a não pôr de parte que, em cima da hora e para evitar novas fugas de informação, logo novos processos judiciais, tivessem sido alertados os Serviços de Informações de vários países, o Pentágono, a Nato, a Mossad, FBI, Scotland Yard, FSB (sucessor do KGB) e outras reputadas polícias com larga experiência no mundo do crime, já que podiam estar em causa males maiores para a pretendida paz mundial!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

A meu ver, tudo isto apenas pecou por não terem mandado os suspeitos para Guantánamo, onde o isolamento era convidativo à reflexão e reinserção social…

Caso isso fosse feito, poderiam os portugueses e outros cidadãos do mundo, pelo menos desta vez, ficarem descansados e não serem retirados compulsivamente do confinamento, pois certamente seriam tomadas medidas mais apropriadas que limitarem-se ao puxar de orelhas e uns pontapés nas canelas, perante o perigo latente que seria aqueles supostos maldados e meliantes manterem-se em liberdade.

Assim, quantos e quantos mais escândalos serão desvendados por jornalistas, bisbilhoteiros para uns, de investigação para outros, dado haver continuidade de actividade delituosa e servir de incentivo a outras incompreendidas ‘ovelhas negras’?!!!

Afinal – penso eu agora! – o cerco à liberdade de imprensa não se limita à entrega altruísta de milhões de euros em ‘ajustes directos’ por parte de autarquias e outras instituições de Estado por meia dúzia de jornalistas e órgãos de comunicação social escolhidos a dedo e que, certamente, saberão compreender o que lhes é pedido em troca…

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