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REPORTAGEM: Novo presidente do Brasil será conhecido apenas na segunda volta

Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) vão disputar a presidência da República do Brasil na segunda volta, marcada para dia 28 de outubro. No último domingo, dia 7, os brasileiros votaram para eleger deputados federais e estaduais, senadores, governadores e presidente. Alguns estados terão também segunda volta para o cargo de governador. Bolsonaro teve grande número de votos. A campanha promete ser intensa nas próximas semanas.

A primeira volta das eleições brasileiras ficou marcada pela grande afluência de eleitores nos principais locais de votação. Em pauta estava a escolha de um novo presidente, após a hegemonia do Partido dos Trabalhadores nos últimos anos. E o recado do eleitorado foi forte. Bolsonaro recebeu 46% dos votos, enquanto Haddad acumulou 29,3%. Segundo especialistas políticos consultados pela nossa reportagem, a ampla vantagem de Bolsonaro mostra “um País decidido a fazer mudanças e a combater a velha forma de fazer política, retirando do campo político nomes tradicionais e colocando no centro das atenções novos nomes, que prometem resolver problemas como o da segurança pública e combater a corrupção institucionalizada”.

Bolsonaro venceu em 17 estados, já Haddad ficou em primeiro lugar em nove. O partido de Bolsonaro obteve grande número de assentos na Câmara dos Deputados. Com todo esse resultado positivo, a bolsa de valores de São Paulo, Ibovespa, chegou a subir 6% no primeiro dia útil após as eleições.

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Na noite de segunda-feira, dia 8, Bolsonaro e Haddad deram uma rápida entrevista ao principal telejornal da maior emissora de TV do Brasil. Haddad recuou e disse “ter desistido de propor uma constituinte se eleito”, conforme previa inicialmente o seu programa de governo. O petista afirmou ainda que pretende “fazer reformas, como a bancária e a tributária, por meio de propostas de emenda constitucional enviadas ao Congresso”. Defendeu a necessidade de revogar a Emenda Constitucional 95, proposta pelo presidente Michel Temer e aprovada pelo Congresso Nacional, segundo a qual os gastos da União não podem crescer acima da inflação registada no ano anterior.

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Por sua vez, Bolsonaro aproveitou a entrevista para desautorizar o general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na sua chapa que, recentemente, afirmou que a elaboração de uma nova Constituição não precisaria passar por eleitos, sugeriu uma constituinte de notáveis e cogitou, em caso de anarquia, um “autogolpe” por parte do presidente com o apoio das Forças Armadas. O candidato pelo PSL ressaltou que Mourão foi “infeliz” ao dar essas declarações e que, apesar de o colega de chapa ser general e ele capitão, quem mandará no governo será o presidente, ou seja, ele, se eleito.

“Ele é general, eu sou capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova constituinte, até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe. Estamos disputando as eleições porque nós acreditamos no voto popular, e seremos escravos da nossa Constituição. Repito: o presidente será o senhor Jair Bolsonaro. E nos auxiliará, sim, o general Hamilton Mourão. E ele sabe muito bem da responsabilidade que tem por ocasião da sua escolha para ser vice”, complementou Bolsonaro, que sublinhou ainda que a nomeação de Mourão para a chapa aconteceu devido à necessidade de se “demonstrar autoridade, mas sem autoritarismo”.

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Os dois candidatos já iniciaram campanha política com vistas à segunda volta e estão a estudar possíveis apoios.

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Resposta nas urnas

Os eleitores brasileiros premiaram nomes que ficaram conhecidos por defender a operação Lava-Jacto e puniram políticos investigados. Integrantes de movimentos que defendem a operação e ajudaram a organizar manifestações contra o PT nos últimos anos, como o Brasil Livre (MBL) e o NasRuas, elegeram representantes para o Congresso e para as Assembleias Legislativas. Por outro lado, dos nove senadores citados na Lava-Jacto que tentaram a reeleição, só três conseguiram a vaga.

A ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo, concorreu a uma vaga de deputada federal pelo estado de Minas Gerais. Nas pesquisas, Dilma mantinha a primeira colocação, mas, nas urnas, teve uma grande derrota ao ficar em quarto lugar com 2,6 milhões de votos, somando apenas 15,32% dos votos válidos.

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Segurança durante o pleito

Cerca de 30 mil homens da Marinha, do Exército e da Força Aérea do Brasil atuaram no apoio à realização da primeira volta das eleições 2018. Para assegurar o direito ao voto a todo cidadão brasileiro, as Forças Armadas utilizaram 26 aeronaves, 2.142 viaturas e 211 embarcações. A quantidade de meios empregados foi alterada conforme a conclusão das atividades, como o transporte de urnas eletrónicas e de pessoal da Justiça Eleitoral. As eleições no Brasil aconteceram sem incidentes.

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