Residências Artísticas da Bienal de Arte de Cerveira

No âmbito do projeto Residências Artísticas, que se insere no programa de ação cultural desenvolvido pela Fundação Bienal de Arte de Cerveira, F. P., (FBAC), sob a curadoria da artista Mafalda Santos, estão a decorrer várias ações nas várias freguesias do concelho de Vila Nova de Cerveira.

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O objetivo é trocar “experiências e conhecimento entre os artistas e destes com a comunidade local, fomentando o desenvolvimento social da designada “Vila das Artes” e projetando as artes e a cultura portuguesa”.

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No dia 30 de julho de 2022, na freguesia de Covas, foi apresentada uma publicação de uma residência artística, no contexto da XXII Bienal Internacional de Arte de Cerveira, intitulada Prospeção, a cargo das designers Susana Gaudêncio, da Universidade do Minho e de Sofia Gonçalves, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

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Esta publicação decorreu de uma prospeção local e de partilha com as gentes da freguesia de Covas, através do contacto com o património desta freguesia e com alguns testemunhos locais, nomeadamente através da prospeção do trilho interpretativo de Ribeira de Covas, da antiga central Hidroelétrica de Covas, das antigas ruínas e vestígios das minas e das últimas sondagens de lítio, bem como do contacto com alguns dos agentes que encabeçaram as recentes lutas cívicas contra a extração de lítio na zona de Arga, alguns elementos do grupo Mulheres à Serra!, João Nunes, designer que colabora com este grupo e com a COREMA (Associação de Defesa do Ambiente e Património do Alto Minho), e Teresa Fontão, geóloga do Movimento SOS Serra d’Arga, que que também colaborou com a COREMA, sendo todos estes elementos ativos na luta contra a exploração de lítio em todo o território nacional. Esta residência artística culminou com a fase de exploração, como as suas autoras designaram, a fase de tratamento dos dados obtidos, da produção e edição de conteúdos, finalizada com a apresentação pública na Junta de Freguesia de Covas.

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Com a plateia cheia e as presenças do presidente da Junta de Freguesia, André Araújo, da curadora do projeto, Mafalda Santos, de vários elementos do grupo Mulheres à Serra!, entre artistas e gentes locais,  as autoras apresentaram a publicação desta residência artística, organizada em quatro temáticas – Prospeção # 0, Extração de De Re Metallica, Georgius Agrícola, século XVI; Prospeção # I, Método de expropriação das palavras malditas; Prospeção # II, Tentativa para encontrar o sítio onde está a luz – a mina e Prospeção # III, Análise de um erro de cálculo político: arruaceiras ignorantes vs ativistas informadas.

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Na temática º 3, intitulada Prospeção # III, Análise de um erro de cálculo político: arruaceiras ignorantes vs ativistas informadas, as autoras realçaram a ação de um conjunto de mulheres, minhotas e minhotas por adoção, que unidas pelo amor à Serra d’Arga, perante a ameaça de exploração mineira do lítio nesta zona, foram agentes poderosos de luta e mobilização contra esta ameaça, até ao desfecho final que se afigurou vitorioso para a região alto minhota, com a exclusão desta zona do concurso para prospeção e pesquisa de lítio. Em Covas, antigo couto mineiro de volfrâmio aparentemente já não corre perigo, mas restam as restantes zonas (Castelo Branco, Fafe, Celorico de Basto, Guimarães, Felgueiras, Amarante, Mondim de Basto, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Trancoso, Meda, Belmonte, Covilhã, Fundão, Guarda, Sabugal, Mangualde, Gouveia, Seia, Penalva do castelo, Fornos de Algodres, Celorico da Beira, Viseu, Satão, Nelas, Barroso e Argemela), com Montalegre à cabeça, em que o perigo do extrativismo mineiro de lítio ainda persiste, com os graves perigos de destruição e contaminação associados, sobretudo num país de pequenas dimensões geográficas como Portugal.

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Desta forma este projeto da Bienal Internacional de Arte de Cerveira, mais concretamente o das Residências Artísticas, cumpriu não só os seus desígnios e objetivos culturais e artísticos, trocando experiências e conhecimento entre os artistas e a comunidade local, como também contribuiu para a chamada de atenção sobre um problema que afeta a todos, a nível nacional, se o programa extractivista de lítio avançar em Portugal.

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O projeto das Residências Artísticas da Bienal Internacional de Arte de Cerveira prosseguirá a sua importante ação em todas as freguesias do concelho de Cerveira, fazendo eco da sua ação a nível regional e nacional, como ficou provado nesta ação local, em linha com o tema da bienal de 2022 “We must take action!/Devemos agir!”, num apelo à reflexão sobre as emergências globais. 

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