Editorial

Salvador Sobral, polémicas tentativas depreciadoras do seu valor
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Jorge VER de Melo

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Jorge Melo

Consultor de Comunicação

Começaram, logo que ganhou o “Festival da Canção 2017-RTP”, alegando que foi escolhido por ser um menino brasonado e irmão de quem era, “Luísa Sobral”.

Existe um grande número de pessoas que imaginam; para ser famoso basta ter sorte, mandar umas tretas cá para fora e ter alguns conhecimentos. Esquecem que o desenvolvimento do talento e a competência são fundamentais qualidades que só se adquirem depois de muitos anos de trabalho e até de luta pela sobrevivência. É que nada disto se faz sem sustentabilidade.

Depois agarraram-se à doença, o problema cardíaco, afirmando que uma pessoa tão doente seria perigoso representar o país pois em qualquer momento, por motivos de saúde, poderia não conseguir estar presente da forma mais conveniente.

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Mesmo havendo sempre quem invente alguma polémica quando um artista português atinge os picos da fama, Salvador Sobral não deu muitas oportunidades a essas pessoas pela simplicidade e competência com que se apresentou em todas as situações que lhe foram exigidas.

Agora vejamos as razões que precipitaram todos estes acontecimentos.

O seu percurso começou, como ele próprio afirmou, quando aprendeu a falar. Desde pequeno que cantava Stevie Wonder.

Tornou-se notado em 2009, com dezanove anos, no programa “Ídolos”, da SIC. As suas características e o talento demonstrados, conseguiram que fosse selecionado como finalista mas acabou eliminado.

Talvez esse episódio televisivo o tenha alertado para não seguir a linha da espetacularidade televisiva, não seria o melhor caminho. Salvador Sobral tinha que adotar uma estratégia que demonstrasse a expressão artística e o sentimento que são apanágio do seu talento. Ele próprio afirma que nesse programa aprendeu a lidar com o público.

Depois da desilusão, fez uma pausa que só terminou quando em 2011, fazia ele Erasmos em Maiorca, encontrou num bar, um guitarrista de blues que o entusiasmou a regressar á atividade artística.

Então, ao verificar a sustentabilidade que o sucesso lhe dava, resolveu seguir profissionalmente desistindo do Erasmos e prosseguindo estudos em Barcelona na escola Tailler de Músics, uma escola superior de estudos musicais. Entretanto resolve começar a escrever algumas das suas interpretações musicais.

Foi em 2016 que editou o seu primeiro disco “Excuse Me” onde inclui “I Might Just Stay Away”, uma canção da autoria de Luísa Sobral que a escreveu ao estilo de Chet Baker por promessa ao irmão pois o Salvador Sobral era grande fã desta lenda do Cool Jazz desde os seus estudos em Barcelona.

Enriqueceu ainda mais a qualidade da Edição com a preciosa colaboração do virtuoso pianista Júlio Resende. Podemos acrescentar que neste momento está no Top 5 dos discos mais vendidos no iTunes.

Essa experiência deve ter convencido antecipadamente a irmã Luísa quando foi convidada a escrever uma canção para o nosso “Festival da Canção 2017-RTP”. Acontece que ao conhecer as tendências artísticas de Salvador, ela escreve algo, “Amar Pelos Dois” que o próprio interprete classificou como contendo uma harmonia e uma melodia que roça, em simultâneo, o estilo do cancioneiro americano e da bossa nova.

A admiração dele pela irmã é tanta que não abdicou de partilhar com ela a interpretação final, á semelhança de Caetano Veloso e Maria Bethânia, já depois de saber que tinha ganho o Festival Eurovisão da Canção 2017, aliás, tal como fez em Portugal.

Aqui dá para nos apercebermos da aprendizagem que foi necessária para muito mais tarde chegar à competência que originou estes extraordinários resultados.

Como afirmou o nosso Presidente da República:

“Os portugueses quando são muito bons são os melhores”.

 

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