Compre já a nova edição do livro MINHO CONNECTION

Secretária de Estado quer “sociedade mais vigilante para combater desigualdades de género”

A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, que foi convidada pela EPRALIMA (delegação de Arcos de Valdevez), no passado dia 19 de janeiro, para dinamizar a palestra “Igualdade de Género: perspetivas”, incitou cada cidadão/organização a “construir pontes” e a “esbater barreiras de diferença” para “promover valores de igualdade e justiça social”.

A mensagem difundida por Rosa Monteiro centrou-se, de início ao fim, na necessidade de reforçar a informação como doutrina para derrubar “estereótipos”.

“A área da cidadania e igualdade não é pensar só que todos somos iguais. Não! Todos somos diferentes e, portanto, temos de desenvolver medidas que combatam a desigualdade que resulta de assimetrias”, disse Rosa Monteiro.

Esta desigualdade “vem dos estereótipos, isto é, da forma como desde pequeninos somos socializados e do modo como aprendemos a ser e a pensar”. Por exemplo, “não devia ser assim, mas quem nasce sem deficiência tem uma vantagem relativamente a quem nasce com uma deficiência, […] também não devia ser, mas quem nasce mulher está em desvantagem”, constatou.

PUB

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

PUB

Segundo a governante, analogamente à ‘Teoria do Iceberg’, “há dois pontos a considerar na desigualdade, uma parte visível, que é a mais pequena, e, depois, existe a parte (gigantesca) que ninguém vê do iceberg, mas é a que afundou o Titanic. […] Na desigualdade de género, é a mesma coisa. Há partes visíveis, às quais somos todos sensíveis, caso da violência contra as mulheres, e há tudo o resto, e temos de atuar também na parte invisível”, defendeu Rosa Monteiro.

Efetivamente, apesar do caminho percorrido, há ainda muitas questões por resolver para libertar as mulheres das burcas que as amordaçam e reprimem: da “agressão no namoro” à “violência conjugal”; do “trabalho doméstico (quase) exclusivo” à “restrita lógica do cuidar no feminino”; do “controlo nas redes sociais” ao ciberbullying [assédio virtual]; da “mutilação genital” aos “preconceitos relativamente a certos grupos/etnias”; das “opções de estudo/profissão” às “disparidades salariais”

Para desconstruir algumas das representações associadas ao meio escolar e social em geral, a tutela lançou, no ano transato, o projeto-piloto “Engenheiras por um dia”, com o intuito de prevenir e combater a “segregação das ocupações profissionais em razão do sexo”, revelando, “com exemplos de mulheres jovens e menos jovens, […] que a engenharia também é uma área profissional para as raparigas”.

PUB

Tanto hoje como ontem, a distribuição de alunos pelos cursos “reflete a maneira como a sociedade pensa que há profissões que são mais para rapazes/homens e outras que são mais para raparigas/mulheres”, contudo, “nada na natureza (nem nas capacidades cognitivas) pode impedir uma jovem de optar por áreas que a sociedade considera, muitas vezes, mais masculinas, rebateu Rosa Monteiro.

Paralelamente, no âmbito da estratégia desenhada pelo Governo, está a ser concedida uma “atenção especial à intersecionalidade” [interseção entre diversas opressões de género], que consiste em dar “voz às múltiplas vozes e aos múltiplos tipos de pessoas”, tendo como fim “a definição de respostas para grupos específicos”.

No término, sobrou um alerta e uma palavra de esperança. “Há muito trabalho por fazer nesta problemática, […] mas a igualdade de género não é uma utopia. É cada vez mais uma prática e uma conquista”, vincou Rosa Monteiro no auditório da EPRALIMA e na entrevista que concedeu a este jornal.

PUB

 

Desigualdades de género e “injustiças muito visíveis”

. Mulheres ganham menos 16,7% (em média) do que os homens. O diferencial dispara para 30% nos cargos de mais elevada qualificação.

. Apenas 19% dos homens inquiridos, segundo estudo do Eurostat [Gabinete de Estatísticas da União Europeia], assumem a realização de tarefas domésticas diariamente (quarto pior registo da UE).

 

 

Duas perguntas a Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade

“EPRALIMA tem feito um trabalho notável junto da comunidade educativa”

Minho Digital (MD) – Que trabalho deve a Escola protagonizar nas áreas da cidadania e da igualdade?

Temos de levar os alunos a perceber o que é isto de promover a igualdade e combater as desigualdades, essencialmente, em áreas que são muito críticas para eles e que têm que ver com saídas académicas e profissionais, assim como com questões de violência no namoro e relações de intimidade, que é um drama que temos de vencer. Importa que os jovens estejam conscientes deste problema e da dimensão que ele assume, bem como onde podem procurar apoio e informação para evitarem esses comportamentos, sejam vítimas ou agressores. A EPRALIMA tem feito um trabalho notável junto da sua comunidade educativa nestes domínios.

MD – Que conquistas a sua secretaria de Estado pretende concretizar na atual Legislatura?

Queremos reforçar a educação para a cidadania, combater a violência, reduzir as discriminações salariais e diminuir a segregação das profissões para termos equipas mistas nos locais de trabalho. Queremos uma sociedade mais consciente, mais vigilante e mais pró-ativa na promoção de valores de igualdade, liberdade e justiça social. Para esse efeito, temos de reforçar a informação e os instrumentos que as várias organizações (educação, saúde, autarquias) vão tendo para que os próprios media nos ajudem a promover cada vez mais o combate às desigualdades de género.

 

 

 

 

PUB
  Partilhar este artigo
geral@minhodigital.pt
  Partilhar este artigo
PUB
📌 Mais dos Arcos
PUB

Junte-se a nós todas as semanas