Editorial

SEM REDUZIR O ABSTENCIONISMO O REGIME NÃO SE REGENERA
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Manso Preto

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Apesar de um apelo generalizado para os portugueses irem votar, feito pelo Presidente da República, líderes partidários e na comunicação social através de colunistas, as respostas têm sido catastróficas!

Este facto merece uma reflexão séria, profunda e, principalmente, pensar como contrariar este preocupante fenómeno.

 

Independentemente de a muitas pessoas que vivem fora de Portugal não lhes terem possibilitado votar, pese embora terem seguido as directrizes – espante-se! – da Comissão Nacional de Eleições (CNE), casos houve no território nacional em que os eleitores se apresentaram nos locais para votar e foram informados que nos cadernos eleitorais constava como já terem exercido os seus direitos/deveres! Ignoramos se, perante estes factos graves, foram instaurados inquéritos por parte da CNE ou Ministério Público, deixando sob suspeita os membros das mesas eleitorais porque é inadmissível, num Estado de Direito, esta ‘venezuelização’…

Mas, em meu entender, há outras razões, por ventura mais, profundas, para este galopante abstencionismo.

 

É um facto indesmentível que os jovens se alhearam da política. Isso mesmo se pode concluir de estudos insuspeitos e, se dúvidas houvesse, nas imagens que nos vão chegando nas sucessivas campanhas eleitorais em que se notam as suas ausências – antes com as suas irreverências e entusiasmo contagiantes. E não me refiro apenas a jovens que não são militantes ou apoiantes, mas principalmente das jotas dos partidos.

 

As idas dos políticos a instituições de solidariedade social, a feiras ou arruadas, já não funcionam. Comícios já ninguém os organiza e pode um ou outro jantar servir para juntar gente, mas que normalmente fazem parte das fidelidades e não trazem um acréscimo na perspectiva de arregimentar desiludidos de quadrantes políticos próximos e/ou indecisos. Isto para já nem aprofundar as divisões internas que criam facções com os desalinhados dos líderes a alhearem-se intencionalmente, numa luta fratricida, na inexistência de Concelhias ou se existem são apenas formais…

Simultâneamente, os partidos pequenos ou recém-criados – esses, coitados, não têm estruturas distritais organizadas a seu tempo e, como consequência Comissões Concelhias.

Pensarão esses dirigentes partidários que basta meter uma ou outra iniciativa nas redes sociais e ‘rezar’ por muitos ‘likes’ que interpretam como votos assegurados e transferidos de outras áreas políticas?!!!

 

O povo não é parvo! Pode não agir do melhor modo (participar), mas a culpa é de quem não os convence, cativa e transmite seriedade.

 

Creio que chegou a altura de inverter esta situação!

 

Mas, há que reconhecer, tão pouco os líderes conseguem ter tempo de se afirmarem, muitas vezes rodeados de ‘Yes men’, bajuladores, que ao primeiro sinal de crise interna, em vez de contribuírem para apaziguar as hostes e serem parte de uma solução, fogem como os ratos para um esgoto…

Quiçá vejam aí a sua oportunidade e anunciem publicamente a disponibilidade para, aproveitando o clima emocional do desalento, com ‘sacrifício’, modéstia e ambição questionáveis, sonhem ser os novos profetas…

 

Uns dirão que estamos perante uma falta  de sentido cívico, de cidadania. Também isso é verdade mas, para mim, o que se assiste é à falta de ideologia que deu lugar a interesses pessoais, familiares ou de clã, quase sempre com negócios por trás. Ou vaidades doentias.

 

O que há é falta de Estadistas, que façam com que neles se acredite e levem à mobilização!

E isto não invalida que a classe dirigente actual tente encontrar, noutra dimensão mais importante, estudar o modo de inverter a abstenção como acontece por exemplo no Brasil, em que quem não votar, é penalizado com a retirada temporária de direitos como apoios e subsídios, proibição de se candidatarem a empregos públicos ou pedirem créditos bancários.

Porque se se demitiram dos direitos/deveres como cidadãos, não têm que ser os contribuintes a aguentarem com o ónus dos seus erros e a hipotecar o futuro dos nossos filhos e netos!

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