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«Ser Solidário ao alcance de um simples clique»

Margarida

A Associação de Paralisia Cerebral de Viana do Castelo (APCVC) e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos da Pessoa com Deficiência Mental de Viana do Castelo (APPACDM) no seu atendimento diário com familiares de deficientes, e concretamente deficientes profundos, confrontaram-se com uma realidade confrangedora: muitos desses familiares ou cuidadores tiveram que, ao longo da vida, abdicar de uma atividade profissional ou trabalho remunerado, em favor do atendimento das pessoas a seu cargo. Ora não tendo auferido salários e efetuado os respetivos descontos, não podem usufruir de uma reforma. Por isso, lançaram na internet a subscrição de uma Petição a entregar na Assembleia da República. Fomos falar com Margarida Borges, a principal impulsionadora desta iniciativa.

O que motivou a sua Petição?

Vamos abordar um tema que sempre que falo nele me deprime, porque não consegui concretizar nenhum dos projectos a que me propus. O primeiro bem simples, dependendo da boa vontade da sociedade civil: angariar 4 000 mil assinaturas para levar à Assembleia da República uma petição que se encontra no site das petições públicas, abordando o tema da legalização do direito à  reforma dos familiares/cuidadores a tempo inteiro de deficientes . A Associação de Paralisia Cerebral de Viana do Castelo (APCVC) e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos da Pessoa com Deficiência Mental de Viana do Castelo (APPACDM), no seu atendimento diário com familiares de deficientes, e concretamente deficientes profundos, confrontaram-se com uma realidade confrangedora. Isto porque muitos desses familiares ou cuidadores tiveram que, ao longo da vida, abdicar de uma atividade profissional ou trabalho remunerado em prol da ajuda a pessoas que precisavam de especiais cuidados e, como tal, não podem usufruir de uma reforma.

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Que passos deram?

Na sequencia da reflexão sobre este problema, querem os subscritores levar á Assembleia da República um alerta sobre esta desigualdade, no sentido de a mesma ser levada a análise e discussão para posterior criação de um normativo legal que proporcione a estas pessoas o direito à contagem de tempo de efetivo serviço prestado à pessoa ao seu cuidado, em exclusividade comprovada, para o efeito de reforma. Daí aproveitar esta oportunidade que o Minho Digital nos oferece para lançar um apelo:

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Por favor ajude esta causa assinando:

http://www.peticaopublica.com/pview.aspx?pi=20120814

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Acham que é suficiente ou têm algo mais em vista?

Não, infelizmente há que ir mais além. Daí termos uma outro desejo – bem mais ambicioso – e que  mexe com muitos números: trata-se da criação de um Centro de Alojamento Temporário para pessoas com incapacidades. Isso permitiria proporcionar aos seus utentes um período de descanso, num ambiente educativo e de lazer, durante um período de ausência dos seus familiares/cuidadores. Está idealizado poder ser um “respiro” para a familia dos mesmos.

Funcionaria em que termos?

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Este Centro viria ao encontro de uma necessidade sentida por todos aqueles que ao longo dos anos se dedicam a tempo inteiro ao acompanhamento dos seus dependentes. Pessoas sem outra opção de vida, que em detrimento da sua própria vida zelam pelos outros, em detrimento do acompanhamento dos seus filhos, de uma carreia profissional. O amanhã é mesmo o dia seguinte porque o amanhã mais longinquo é indicifrável. Há sempre dificuldades imprevisiveis que só se ultrapassam à medida que vão surgindo, que a obra vai crescendo. Estes bébés grandes que nos remetem para uma espécie de clausura, de condicionamento, que nos priva de uma ida a um cinema , uma manhã de praia, em que um fim- de -semana romantico é uma miragem ou mesmo uma simples ida ao super mercado sem pressa. Esta segunda casa seria o ambicionado local para todos se poderem recompor, ganhar novo alento para continuar a luta do dia a dia, onde poderiamos respirar de vez em quando o cheirinho da liberdade.

«O deficiente não deve ser visto como um coitadinho»

No fundo, com esta Petição, está a fazer um apelo à cidadania assente em Valores …

Estaremos todos nesta luta se conseguirmos que a pessoa com deficiência tenha direito a um estatuto social, não somente o de deficiente , mas, um estatuto de cidadão do mundo de plenos direitos e não visto como ‘um coitadinho’. Agregados a eles estão então os seus cuidadores, familiares ou não, sem direitos ao fim de uma vida de dedicação. Sem direito a uma velhice digna, sem direito a ver o seu trabalho reconhecido, sem alternativas de escolha. Quando a pessoa ao cuidadado de terceiros desaparece, o seu cuidador fica nu. Perde o seu objectivo de vida, perde o seu grande amor, perde a sua sombra, perde a sua alma, e, por fim fica jogado no esquecimento pelas entidades estatais. Perdeu tudo, ganhou um coração aberto para o mundo, uma suscetibilidade diferente de ver o que o rodeia, mas isto não lhe põe o pão na mesa nem lhe paga as contas. Porém, ele trabalhou por ventura bem mais que o comum cidadão e em condições excepcionais. Temos que reverter esta situação. Há que alertar e sensibilizar para estes casos de desigualdade social. Quem trabalha sempre teve direitos e, como tal, há que os fazer valer divulgando, despertando consciências, esclarecendo a sociedade civil que somos todos nós.

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Sei que perdeu o seu irmão de quem cuidava. Quer comentar o que foram esses anos de ‘entrega’?

Estaremos melhor se o nosso vizinho puder sorrir. Não quero terminar sem antes dizer que apesar das dificuldades, apesar das vidas desfeitas, voltaria a fazer o mesmo, se continuasse sem alternativas. Jamais eu iria deixar o meu dependente na rua porque, apesar de tantas contrariedades, o meu deficiente profundo foi o ‘mel’ do meu dia á dia. Quando o meu irmão ‘partiu’, deixou- me sem chão, perdio-o e passei mais de 20 anos da minha vida em casa a cuidar dele de forma a garantir-lhe uma vida com mais carinho e qualidade, mesmo sabendo eu que ele nunca iria saber quem eu era. Nem essa compreensão ele tinha! Durante todo este período de tempo não me apercebi das consequências que este acto me traria a longo prazo. Hoje encontro-me com 58 anos e muito perto da idade da reforma que nunca terei!…

Acredita que as pessoas vão corresponder?

Continuo a acreditar que há gente boa. Esta Petição destina-se à criação de normativo legal para proporcionar a igualdade de direitos a pessoas que, tal como eu, abdicaram dos seus sonhos por uma causa. E como diria o Girão ‘o sonho comanda a vida’. Enquanto se sonha existe sempre a esperança que algum dia estes dois objectivos sejam atingidos. Cabe-nos a todos ajudar quem precisa, e eu e muitos portugueses precisam de apoio. Existem pessoas com dinheiro, pessoas com terrenos abandonados, casas devolutas, e seria muito bonito que, num gesto altruista dessem utilidade a esses bens, doando às instituições. Juntem-se, criemos algo em prol de todos. Aqueles que vivem estas situações – e não só – agradecer-vos –ão. Todos temos o dever cívico e ético de ajudar. É hora de provarmos os nossos afectos e, mesmo para quem não tenha posses, eles estão ao alcande de um simples clique ao subscreverem a Petição.

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1 comentário

  1. Margarida borges Pois conheço essa Senhora e conhecia o falecido marido e o pai e o irmão essa Senhora é das melhores coisas que eu já conheci tem sofrido como ninguém queria lhe agradecer por tudo que tem feito MUITO OBRIGADA DONA MARGARIDA BORGES

Os comentários encerraram.

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