Será um novo respirar para a Ancorensis?

Conferência de imprensa

Existia alguma expectativa quanto à conferência de imprensa do município de Caminha, ocorrida no passado dia 29 de Junho, e que respostas iriam sair em relação ao ensino em Vila Praia de Âncora, nomeadamente à Ancorensis Cooperativa de Ensino.

Nos últimos tempos e em face à posição do Ministério da Educação em efectuar cortes no Ensino Particular e Cooperativo com contrato de associação não permitindo a criação de novas turmas em início de ciclo de estudos, isto é, estas turmas poderiam existir mas não usufruiriam de apoio estatal. Várias foram logo as vozes que se ouviram a favor da Ancorensis e repudiando a medida que consideravam um motivo para este estabelecimento encerrar portas.

Na referida conferência de imprensa o município caminhense assumiu as negociações com a tutela da Educação como uma  «dupla vitória para o concelho» e como «histórico ao ter conseguido manter o ensino secundário em Vila Praia de Âncora». Assim sendo, a autarquia caminhense diz «ter assegurado o ensino Secundário para Vila Praia de Âncora, assim como as condições para a continuação do trabalho da Ancorensis Cooperativa de Ensino».

«Pela primeira vez na história de Vila Praia de Âncora, a oferta da escola pública vai incluir o Ensino Secundário», regozija-se o município caminhense. Tal como foi vinculado isto já acontecerá no próximo ano lectivo, após obras que se vão realizar na Escola Básica 1,2 desta freguesia e que se aponta iniciarem brevemente.

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Miguel Alves, presidente da Câmara Municipal de Caminha, considera que esta decisão «vem dar cumprimento às moções aprovadas em Assembleia Municipal que mandataram a Câmara para lutar pela manutenção do Ensino Secundário em Vila Praia de Âncora, mas também pela continuidade da Ancorensis e designadamente dos postos de trabalho dos professores e funcionários». Por outro lado, o edil assegura que estas negociações foram o «culminar de um trabalho intenso e complexo» e que tal deveu-se «porque o Ministério da Educação reconheceu o esforço do Município na área da Educação e o excelente trabalho do Agrupamento de Escolas Sidónio Pais que, com esta decisão, passará a integrar duas escolas de qualidade com Ensino Secundário».

Previsto está e com o objectivo de melhorar o acolhimento dos alunos que o Ministério da Educação arranque nos próximos dias com um investimento de 185 mil euros para a substituição parcial de coberturas de fibrocimento, arranjos gerais das instalações e remodelação de espaços para montagem de laboratórios de física e biologia. Obras que se aponta estejam concluídas antes do dia 9 de Setembro, altura do início de um novo ano escolar.

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Por outro lado, a Secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, determinou a abertura do 10.º ano no próximo ano lectivo na Escola Básica de Vila Praia de Âncora, iniciando-se, assim, o ciclo de estudos do Ensino Secundário que culminará, nos próximos três anos, com a disponibilização à comunidade servida por esta escola, de uma oferta de ensino regular completa.

 

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O que cabe à Ancorensis?

«Caberá agora à Ancorensis decidir o seu futuro e agarrar, se assim o entender, a oportunidade que vai ser aberta através da adesão do Município ao programa “Qualifica”», assume a autarquia caminhense.

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«Centro Qualifica», para o Vale do Âncora é a aposta, continuando a Câmara Municipal as negociações com o Ministério da Educação para alcançar esse objectivo e que poderá ficar na Ancorensis. Esta medida «aguarda a publicação da respectiva regulamentação para ser contratualizada e que possibilitará à Cooperativa de Ensino Ancorensis, se esta entender aderir a esta possibilidade, diversificar a sua oferta formativa e fontes de financiamento», garante o município caminhense.

‘Qualifica’ é um programa que pretende «difundir a educação e formação de adultos que permitam recuperar gradualmente o défice estrutural de qualificação e certificação da população activa portuguesa e criar instrumentos que potenciem a aprendizagem ao longo da vida».

«A adesão pelo Município a este programa colocará o concelho de Caminha, em especial o Vale do Âncora, na linha da frente da nova geração de políticas que visam corrigir uma das deficiências estruturais da nossa economia e da nossa sociedade», considera o o executivo caminhense.

Mas, a Ancorensis no próximo ano lectivo irá continuar a receber do Estado, assegurando assim este os contractos para os 8º, 9º, 11º e 12º anos, transferindo para a Ancorensis cerca de 900 mil euros.

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APEVA coloca reticências

A Associação de Pais e Encarregados de Educação do Vale do Âncora considera «importante» a permanência do ensino secundário em Vila Praia de Âncora,no entanto não acredita que estejam reunidas as condições para que tal aconteça já no próximo ano lectivo.

Esta associação alerta que uma das suas preocupações é que tal decisão irá provocar «enorme diversidade etária dentro do mesmo estabelecimento de ensino». «Como pais não podemos considerar salutar a junção do 1º, 2º, 3º ciclo  e secundário no mesmo espaço», assume a APEVA.

Mas estes pais e encarregados de Educação consideram, ainda, que a «estrutura física da escola não permite a separação por níveis de ensino, mesmo havendo desfasamento de horários».

A APEVA diz ter conhecimento que se prevê aumentar o número de alunos por turma de forma a reduzir o número de turmas, conseguindo assim ficar com salas disponíveis. «A APEVA critica publicamente esta decisão, uma vez que o número de alunos por turma influencia o rendimento,  a aprendizagem  e o sucesso educativo», salientam.

Pais e encarregados de educação estão indignados porque «nunca foram chamados à discussão do tema, nem ouvidos por quem de direito  no sentido de ter uma voz activa em todo o processo».

«Até lá, a APEVA defende a manutenção das condições atuais para evitar a entropia do sistema de ensino e da qualidade de  vida escolar dos nossos filhos».

 

«Ditatorial», acusa o PSD

«PSD Caminha repudia publicamente a postura ditatorial do presidente da Câmara Municipal de Caminha», foi esta a reacção desta força política perante as informações vinculadas na conferência de imprensa acima referida.

Os sociais-democratas deste concelho «repudiam» a forma como a Câmara lidou com este processo e salientam que mostraram «um total desrespeito pela sua população e revelando que Educação é uma área que nem ele nem o Ministro Tiago Brandão Rodrigues dominam». Acusam ainda o edil socialista de «somente minutos antes da conferência de imprensa que deu hoje, informou a direcção da Ancorensis e o presidente da Junta de freguesia de que vai colocar o ensino secundário na escola Básica de Vila Praia de Âncora». Também, apontam o dedo e lamentam «a ignorância política do dr Miguel Alves na área da Educação, porque só alguém que nunca educou  nenhum filho é que pode considerar normal e um facto histórico colocar crianças de 6 anos de idade ( 1º ciclo) junto de adolescentes de 17 e 18 anos ( ensino secundário) no mesmo espaço».

Este partido considera que esta decisão levará à formação de «Campos de Concentração de jovens, colocando-os em massa no mesmo local sem condições para os albergar e misturando crianças pequenas com pré-adultos». Ainda, evocam a história ao afirmar que «nem o regime salazarista foi tão longe. Nem na altura de Salazar colocavam os alunos de primeiro ciclo junto de alunos do ensino secundário. O novo regime ditatorial da geringonça está a levar-nos a ter condições terceiro-mundistas ao nível da Educação no nosso concelho», acrescenta o PSD.

«Uma mera perseguição política à escola Ancorensis», é este, segundo o PSD, o resultado da conferência de imprensa e assumem que a resolução do processo «não assegura os 67 postos de trabalho atuais podendo inclusivamente, face a estes novos factos,  levar ao encerramento ainda mais precoce desta instituição histórica».

 

 

 

 

 

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