Editorial

Silêncios cúmplices
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Manso Preto

Há cerca de um ano, a Direcção Nacional da QUERCUS fez-nos chegar  um comunicado que é revelador do que, eventualmente, acontecerá com outras associações que, anualmente, recebem ‘pipas’ de dinheiro (entenda-se centenas de milhares de euros) em subsídios do Estado e das Câmaras Municipais.

Os seus dirigentes de então participaram ao Ministério Público e solicitaram uma auditoria financeira aos últimos 5 anos. «Sérios indícios de uso abusivo e ilegal, actas que não correspondem à verdade, indícios graves de irregularidades, ilegalidades e práticas de crime público», justificam.

Alguém ouviu falar mais do assunto? A que se deve o silêncio dos então contestatários? Sentir-se-ão acomodados  e resignados por eventualmente saberem que se fez um estranho silêncio e o processo caiu para dentro de alguma gaveta bolorenta?

Aparentemente, isto pode ser, apenas, uma ponta do iceberg dos rumores que pairam sobre Polis, associações, comissões de festas e fabriqueiras que, no seu todo, movimentam milhões de euros num país endividado. Mais: nunca divulgam publicamente onde os dinheiros são gastos e, não menos importante, a proveniência e circuito financeiro. Estamos a falar do dinheiro de todos nós – atenção! Dos que cá vivem, mas também dos nossos emigrantes que tantas vezes são chamados a contribuir para uma obra nas freguesia de onde são oriundos!

Quem fiscaliza? O caso da Igreja de Lavradas, em Ponte da Barca, por exemplo, tem provocado enorme alarme social, até porque implica a Igreja enquanto Instituição! E se há chagas que já não têm tempo de ser tratadas, outras há que só nas urnas os eleitores poderão concluir que o que está em causa não é apenas sobre pedra, mas sim o carácter de falsos profetas…

Por estas e por outras assistimos, não raramente, a silêncios e dependências destas instituições perante autênticos atentados ambientais, patrimoniais, da defesa dos animais aos mais elementares Direitos do Homem, prestando-se conscientemente esta gente a ser manipulada pelo poder político local e nacional.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

E qual é o papel do Ministério Público perante isto? Não haverá ‘alarme social’?

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