Sobre a noite vianense

Carlos Maciel

 

As recentes queixas dos moradores da Rua do Poço em Viana do Castelo publicadas neste semanário nas duas semanas anteriores vieram mais uma vez expor a patética gestão deste executivo socialista a nível de urbanismo.

O vereador desta pasta mostra um desconhecimento total a nível urbanístico, mas a culpa não é apenas dele, é um problema que se arrasta há mais de 20 anos e que explica a desertificação da cidade. Quando temos um plano de pormenor que não é actualizado há mais de duas décadas, é normal que Viana fique parada no tempo. Se a isso juntarmos a miríade de regulações e burocracia da Câmara, a estagnação económica e social são facilmente explicáveis.

Quando é proibido utilizar caixilharias de vidro duplo no centro histórico, por exemplo, é normal que qualquer investidor fuja e decida ir para outra cidade onde não lhe coloquem entraves. É claro que há sempre dois pesos e duas medidas, e a Câmara ignora o interminável livro regulatório e nas suas instalações utiliza vidros duplos.

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 Na questão das queixas sobre o barulho e a sujeira que acontece durante a noite na Rua do Poço ou na Rua Nova de São Bento, ambas as partes têm razão. Os moradores querem descansar e os empresários querem lucrar e ter os seus estabelecimentos abertos. A culpa, como sempre, é da má planificação urbanística que não contempla uma zona específica para o divertimento nocturno e outra zona residencial. Mas não é de admirar quando temos uma zona industrial à beira mar ou descampados à beira rio.

Para mim a solução passa por refazer e corrigir o plano urbanístico da cidade, eliminar as regulações sem sentido e criar zonas específicas para as diferentes actividades que acontecem numa cidade, para que todos possam conviver pacificamente e sem ver as liberdades individuais limitadas por culpa da nefasta planificação central. No entanto, o senhor vereador prefere inventar planos de requalificação urbanística que seguem a linha de pensamento que tem regido a cidade nas últimas décadas: demolir para depois fazer igual ao que já estava, sempre financiado com fundos comunitários.

Depois acontece o mesmo de sempre. A Câmara constrói infraestruturas desnecessárias (como o Centro Cultural que abre dois dias por mês e que custou uma fortuna aos bolsos dos contribuintes) e os vianense têm que procurar oportunidades fora daqui.

E desta forma, os iluminados dirigentes camarários continuam a fazer o mesmo de sempre e a esperar resultados diferentes.

 

 

 

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