Os nossos governos tĂȘm arranjado processos, por tudo e por nada, para entregar a consultoria das decisĂ”es Ă s sociedades de advogados.
Bem sabemos que para se concluĂrem determinadas legislaçÔes, os governantes tĂȘm que estar devidamente informados. Pensamos que para isso se protegem com um exĂ©rcito de assessores, secretĂĄrios e consultores que os vĂŁo guiando na sua governação.
Agora pergunta-se:
– Porque razĂŁo temos ainda a consulta Ă s sociedades de advogados?
– SerĂĄ que todo esse exĂ©rcito de acompanhantes nĂŁo sĂŁo suficientemente competentes para procurarem na lei as soluçÔes mais corretas e adequadas para cada situação?
– SerĂĄ que existem interesses, desconhecidos do vulgar cidadĂŁo, que conduzem todos os Ășltimos governos para esta solução?
A verdade Ă© que este tipo de atitudes desprestigia cada vez mais os polĂticos e os partidos originando uma abstenção crescente em cada ato eleitoral.
Isto vem a propĂłsito da consulta para resolver o problema da carreira dos enfermeiros especialistas.
NĂłs gostĂĄvamos de ver os senhores mĂ©dicos especialistas a serem tratados como generalistas, onde Ă© que nĂłs Ăamos parar! Ou a Senhora Ministra da SaĂșde passar a receber o ordenado dos secretĂĄrios que a apoiam!
Em todas as instituiçÔes foi inventado um termo que se chama, carreira profissional, mas que por acaso estĂĄ a ser esquecido pelos Ășltimos governos, dĂĄ-lhes jeito econĂłmico.
No governo de SĂłcrates atĂ© entendemos a atitude pois era composto por elementos com habilitaçÔes forjadas: doutores que nĂŁo o eram, engenheiros com formação no fim de semana, nĂŁo Ă© para esquecer⊠Mas nos seguintes, embora tambĂ©m acontecessem algumas barracas com as habilitaçÔes dos elementos dos Governos, pelo menos tinham a experiĂȘncia anterior que queimou por completo a seriedade dos nossos polĂticos. Ou serĂĄ que defendem a apologia da ignorĂąncia?
Propositadamente ou nĂŁo, tĂȘm-se esquecido que a qualidade dos serviços depende da qualidade dos trabalhadores e estes sĂł podem ser mais competentes se para isso se especializarem e atualizarem nas instituiçÔes preparadas pedagogicamente para esse fim.
Os cursinhos e as formaçÔes apressadas nĂŁo formam profissionais, quando muito, podem dar-lhes alguma atualização ou complementaridade; mas vulgarmente inferior a qualquer âConferĂȘnciaâ promovida por uma instituição do ensino superior.
Depois acontece esta fuga permanente de profissionais competentes para outros paĂses onde sĂŁo bem tratados, com ordenados muito superiores, respeitados e com uma carreira profissional resultante da sua competĂȘncia.
Bem dizia o nosso Eça de Queirós:
– âEm Portugal a emigração nĂŁo Ă©, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre.â