SOS Litoral Norte

Joaquim Vasconcelos

Engenheiro e Ambientalista

 

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Enquanto ia tomando conhecimento da obra da ciclovia “ Moledo-Sto. Isidoro”, tive oportunidade de passar pela antiga estrada Real que segundo referem , trata-se de um dos antigos caminhos de Santiago, por onde passavam os peregrinos que para lá se dirigiam.

Com a utilização das vias existentes por onde passava, fui-me apercebendo de uma série de disparates que se estão a fazer no litoral de Moledo.

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 Após o incico da construção da ciclovia, tudo parece ter-se animado nas suas imediações!…

– A ciclovia, que referem ser uma via ecológica, representa aquilo que nada tem de verdadeiro.

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 Não consigo perceber como é que podem denominar de ecológica quando destrói parte da rede Natura em que estão inseridos diversos habitats; além disso, referirem que é uma homenagem ao sargaceiro, é confundir as coisas, é desconhecerem a história de um actor com séculos de existência que sempre protegeu e modelou a natureza e que ainda hoje nos documenta a imagem de uma agricultura  biológica.

Compreendo qual o objectivo dos destruidores de ecossistemas, mas não aceito que se sirvam de uma actividade que embora já exista há muitas centenas de anos, nunca destrui o seu mundo, antes pelo contrário tenha servido para manter uma flora autóctene que é adubada por essas algas quando lá são depositadas temporariamente.

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Esta classe não merece qualquer conotação com obras que destroem a rede Natura.

Sendo uma falta de respeito referirem que “é uma homenagem ao sargaceiro” pessoas que sempre trabalharam para bem da natureza.

Como dizia um responsável do ICN, há uns anos atrás, como estávamos perante uma área integrada na rede Natura e na REN, referia que o limite de construção era a partir de uma construção circular que existe no topo Sul de Moledo.

 

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No entanto esse limite, já foi ultrapassado há uns anos; além de construções em locais da zona marítima (sabe-se lá como é que conseguiram esses deferimentos) a situação continua, pois no topo Norte da rua da Estrada Real já existe uma quantidade considerável de brita, tudo leva a crer ser para a pavimentar a parte da rua frontal a uma nova construção que lá estão a construir.

De acordo com os dados visíveis a rua da estrada real, sendo um arruamento de acesso a propriedades rurais vê o seu pavimento a ser renovado, possivelmente para transformar áreas da REN em zona de construção.

            Para proteger a corda litoral, é necessário compreender o ambiente natural em que esta se integra e as suas tendências evolutivas.

           A consequência da degradação realizada em toda a cobertura vegetal,  vai originar a destruição do património genético natural, herdado. Agora começa a ficar ameaçado pela situação de rotura originada pela alteração dos diversos habitats continuando a provocar a redução ou mesmo destruição de locais onde existiam espécies endémicas.

Além do já referido, aparecem portões a delimitar a entrada das propriedades bem como a desmatação de áreas que podem vir a dar origem a possíveis estradões perpendiculares à ciclovia, etc.

 

Sabendo que  a zona litoral constitui um recurso insubstituivel finito e não renovável á escala humana, tem de ser encarado na globalidade e entendê-lo como zona dinâmica complexa e interdependente.

Seria bom que os responsáveis por esta faixa costeira se sensibilizem a fim de reduzir as acções degradativas de  que está  a ser alvo e as diversas que se estão a cozinhar nos bastidores dos diversos sectores responsáveis desta  área.

A melhor politica ambiental é definida pelas condições que permitam evitar as perturbações do ambiente, em vez de se limitar a combater posteriormente os seus efeitos, como está acontecer em toda a corda litoral norte, Fão, Ofir, Marinhas, S. Bartolomeu, Castelo do Neiva, Amorosa etc..

Nenhuma razão de natureza económica pode servir de justificação  a soluções  técnicas que contrariem aqueles principios.

            A responsabilidade pelo estado de degradação que a nossa costa atingiu não é, em geral, directamente imputável a qualquer organismo governamental singular. Há uma diluição de responsabilidade de tutelas, de conflitos e objectivos e de poderes de interesses políticos e económicos, por vezes de vácuos legislativos e de indefinições no plano executivo.

            Consideramos  que o desenvolvimento destas áreas de recreio só deve ir até onde os recursos permitam, traduzindo-se – na nossa perspectiva futura – na continuação e no bem estar para as gerações vindouras. Há pois que abandonar a loucura de superioridade do ser racional que é o homem perante o seu sistema de suporte – o meio natural – e abraçar uma relação de bem estar mútuo.

 

geral@minhodigital.pt
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